Facebook suspende Trump até 2023

Mídia social acusa ex-presidente de incitar a violência, mas não publica provas

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O Facebook decidiu, na última sexta-feira (04), suspender a conta do ex-presidente Donald Trump por dois anos. A decisão vale também para o Instagram, mídia social que pertence ao Facebook.

A decisão foi publicada cinco meses após Trump ser suspenso por tempo indeterminado das duas mídias sociais. Na ocasião, ele foi acusado, sem provas, de incitar a invasão do Capitólio Americano, prédio que serve como centro legislativo do país.

Naquele dia, 06 de janeiro de 2021, a eleição do atual presidente Joe Biden estava sendo analisada pelos legisladores americanos. Trump fez discurso afirmando que não aceitaria o “roubo nas eleições” e convidando seus apoiadores a realizarem uma marcha até o Capitólio.

Em momento algum Trump sugeriu que os apoiadores utilizassem violência ou invadissem o prédio. Mesmo assim, ele foi acusado desses atos pelo Facebook e seu discurso foi enquadrado na política de “discurso de ódio”.

Além do Facebook e do Instagram, Trump também foi suspenso do Twitter.

A decisão publicada no último dia quatro afirma que reabilitar as contas do ex-presidente nas mídias sociais pode dar vazão à publicação de novos discursos de ódio. Portanto, Trump está suspenso até 07 de janeiro de 2023, quando se completam dois anos da suspensão original.

Nesta data, a empresa reavaliará se a suspensão deve permanecer ou se o ex-presidente pode voltar a utilizar as mídias sociais.

Risco para toda a democracia

Janeiro de 2023 é um mês importante na política dos EUA e, consequentemente, do mundo. Isso porque é quando começam as movimentações para a campanha presidencial visando as eleições presidenciais de 2024. Donald Trump já anunciou que concorrerá novamente ao cargo.

Dessa maneira, a suspensão de Trump pode ser aumentada justamente em um momento decisivo politicamente. Esse é um risco não apenas para a candidatura do ex-presidente, como a toda a democracia.

Além de duas grandes mídias sociais terem essa decisão em mãos, agora elas também têm outro poder importante: o de silenciar, em suas plataformas, qualquer político.

Desde 2016, o Facebook concedia aos políticos uma exceção de análise de conteúdo. Dessa maneira, as opiniões poderiam ser postadas sem passar por diversos filtros da empresa. Discursos políticos eram considerados “relevantes e noticiosos”, o que impulsionava suas publicações e permitia a liberdade de expressão.

Nesta semana, porém, a empresa decidiu revogar essa excepcionalidade. Agora, todos os usuários, inclusive políticos, respondem da mesma maneira aos filtros do Facebook.

A empresa defende que essa moderação evitará a publicação de discursos de ódio ou polêmicas.

Entretanto, a decisão poda mais uma vez a liberdade de expressão. Já que o Facebook pode classificar qualquer opinião como “discurso de ódio” ou desculpa equivalente para bloquear o usuário, mesmo sem apresentar provas disso, como fez com o ex-presidente Donald Trump.

A partir de agora, qualquer opositor político do Facebook se torna, publicamente, alvo das moderações do Facebook e do Instagram.

Decisões como essa fazem com que a empresa perca valor de mercado. Quando Trump foi suspenso pela primeira vez, por exemplo, tanto o Facebook quanto o Twitter se desvalorizaram. Clique aqui e saiba mais sobre o assunto.

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Colaborador

Redação / Foto: Reprodução Instagram @realdonaldtrump