Gabriela Santos Nogueira, hoje uma empresária de 26 anos, teve a infância marcada por dificuldades. Ela conta que vivenciar “cortes de energia, esgotamento de gás e escassez de comida eram ocorrências comuns. Recorrer à ajuda de parentes para garantir o básico para comer tornou-se constante”.

Para fugir dessas dificuldades, seus pais passaram a frequentar uma casa de práticas esotéricas quando a menina tinha oito anos. Ali eles faziam oferendas, pois lhes prometiam retorno financeiro que nunca chegou.

Tudo piorou quando, aos dez anos, ela passou a frequentar o lugar na companhia apenas de seu irmão. Um funcionário desse local passou a violentar Gabriela, como ela revela: “esse homem praticava abusos contra mim e fazia ameaças. Caso eu revelasse algo, sofreria graves consequências, já que meu pai tinha um temperamento explosivo. Com o tempo, as sextas-feiras se tornaram um martírio, mergulhadas em pânico. (…) Eu suplicava pela chuva, pois sabia que isso nos impediria de passar pelo matagal que nos levava àquela silenciosa casa”.

O sofrimento de Gabriela era imensurável. Sua infância foi roubada e sua esperança parecia frágil, de acordo com ela. Após três anos de abusos, ela encontrou coragem para revelar tudo a seu pai. “Tendo apenas dois cômodos em nossa casa, meu pai me acompanhou até o banheiro, onde me abraçou e teve uma profunda conversa comigo. Ele afirmou que aquela situação jamais se repetiria e que estaria ali para zelar por mim”. Sua família rompeu com aquele ambiente e, com medo que o abusador a perseguisse, vendeu a casa e mudou-se para um local seguro.

Caminho perigoso
As dificuldades financeiras persistiam, mas agora havia determinação para enfrentá-las. Gabriela emergiu desse período de trevas com força redobrada. Aos 14 anos, ela começou a trabalhar para sustentar seus dois irmãos menores e ajudar a pagar o aluguel.

O trabalho levou a novas amizades e a um caminho perigoso: as drogas e a prostituição. Essas duas práticas ofereceram uma fuga temporária da dor que ainda assombrava a adolescente.

“Quando eu tinha 16 anos encontrei alguém que me fez promessas inimagináveis ​​e supriu todas as carências que eu sentia. Deixei minha casa seduzida por essas promessas, porém, mais tarde, descobri que essa pessoa era casada. Isso me deprimiu profundamente, levando-me a intensificar ainda mais o uso de substâncias”, conta ela. “Minhas roupas, que costumavam ser tamanho 44, passaram a ser 38 devido ao impacto dessas drogas. Minha existência acabou se tornando essa triste realidade.”

Após esse relacionamento fracassado, Gabriela conheceu outro rapaz, com quem logo foi morar. “O consumo de drogas era excessivo entre nós. Esse relacionamento estava repleto de conflitos e desacordos constantes. Sua influência não foi benéfica para mim, mas quando cheguei ao ponto de me enforcar, em um gesto de desespero, ele interveio, impedindo o ato e preservando minha vida”.

A juventude de Gabriela se tornou uma coleção de relacionamentos tumultuados e momentos sombrios.

Caminho de amor e fé
Trabalhando em frente a uma Universal, Gabriela era sempre convidada a entrar ali. Ela resistia, envergonhada, mas uma semente de esperança começou a crescer dentro dela. “Minha dor era silenciosa e eu resistia toda vez que alguém mencionava o Senhor Jesus. Diariamente eu recebia a Folha Universal, mas a escondia para não ser vista. Entretanto chegou o momento em que decidi interiormente oferecer uma oportunidade para minha alma”.

Frequentando as reuniões, gradualmente suas feridas emocionais começaram a cicatrizar. Ela encerrou o relacionamento que lhe fazia mal, retornou para sua família e descobriu que sua mãe já frequentava a Universal. “Eu mal sabia que Jesus já cuidava de mim muito antes de conhecê-Lo”.

Aos poucos, Gabriela entendeu que a verdadeira transformação vinha de dentro e não de drogas ou prazeres passageiros.

Um ponto marcante para Gabriela foi a participação na Fogueira Santa de Israel. Ali ela teve um ato de fé que simbolizou sua determinação em superar o passado. À medida em que subia ao Altar, uma profunda conclusão a envolvia: sua vida estava prestes a mudar definitivamente. “O Espírito Santo me deu a certeza de que eu nunca mais seria a mesma pessoa. Jesus me curou de todas as feridas e traumas. A vontade que eu tinha de tirar minha vida deu vazão ao ânimo e ao amor por mim mesma. Recebi o meu maior tesouro: a presença do Criador em meu interior”.

Com novas força e alegria, Gabriela escolheu trilhar um caminho de amor, fé e superação. Ela se tornou obreira, ajudando os que enfrentam situações semelhantes, formou uma família e construiu um negócio bem-sucedido ao lado de seu marido. Finalmente encontrou a paz que tanto ansiava.

Hoje, Gabriela não mede suas conquistas em bens materiais, mas sim no profundo sentido de plenitude e na certeza de que superou as adversidades. Sua jornada é uma história inspiradora de transformação e renovação, uma prova viva de que a esperança pode surgir mesmo nos momentos mais sombrios da vida.