É golpe. Cuidado!

Criminosos usam redes telefônicas falsas e até inteligência artificial para enganar usuários de celulares e lesam mais de 40 milhões de brasileiros

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Quem ainda não recebeu ligações telefônicas em que supostos funcionários de banco falam de transações suspeitas com o cartão de débito ou de crédito precisa ficar atento. Trata-se de golpe. E o pior é que as técnicas dos criminosos evoluíram e conseguem enganar os usuários. O mais novo modelo é o seguinte: eles ligam para a vítima, se apresentam como técnicos do banco e pedem para instalar aplicativos como Anydesk e Teamviewer, entre outros, que permitem acesso remoto ao celular. Se a pessoa cair, já era. Nem a segurança dos aplicativos bancários nem o antivírus conseguem prevenir os prejuízos.

Criminosos cordiais

Ao ligar para um usuário, os estelionatários costumam ser educados e cordiais, o que pressupõe até treinamento para que possam parecer funcionários de instituições financeiras reais. Muitos deles possuem até dados sensíveis das possíveis vítimas, como CPF e RG, endereços residencial e de trabalho, o que contribui ainda mais para enganar os incautos. Só no ano passado, 40,8 milhões de pessoas, o equivalente a 24% dos brasileiros, foram vítimas de crimes cibernéticos como fraudes na internet, invasão de contas bancárias e clonagem de cartão, de acordo com dados do Instituto DataSenado.

Falso 0800

Segundo Edgard Dolata, advogado e especialista em privacidade de dados, o falso 0800 é um dos principais golpes aplicados: “É quando os golpistas enviam mensagens ou até fazem ligações com gravação, dizendo que uma transação suspeita foi feita em nome da vítima”. Para combater essa prática na raiz, Dolata é enfático: “Banco nenhum liga para você pedindo qualquer tipo de informação ou senha ou para falar de transferência bancária. Toda e qualquer comunicação com o banco normalmente é feita através do próprio aplicativo bancário”, esclarece.

Crimes cibernéticos

Os criminosos também usam a inteligência artificial para gerar imagens de pessoas famosas para enganar as vítimas. “A deepfake é uma técnica que usa a inteligência artificial para criar vídeos falsos que parecem muito reais, o que gera uma confiança maior no usuário. Geralmente, os vídeos sugerem links maliciosos e ao clicar neles o usuário entrega seus dados ao criminoso. Por isso, não clique nem em códigos enviados pelo WhatsApp, pois pode ser problemático”, explica Dolata.

Transação não autorizada

A forma de agir dos criminosos pode incluir pedidos de verificação biométrica. “Normalmente, ela é feita somente nos aplicativos oficiais dos bancos e, uma vez cadastrada, já vai reconhecer o seu rosto ou a sua digital. Precisamos tomar cuidado para não sair oferecendo a nossa biometria para qualquer pessoa porque isso, além de ser um dado pessoal de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), permite aos criminosos acessar contas bancárias e fazer transações financeiras não autorizadas”, diz Dolata.

Renda extra

Outro golpe muito comum é o da renda extra. “Nesse caso, a vítima recebe uma proposta oferecendo dinheiro rápido, caso realize uma tarefa simples como curtir ou seguir uma foto na rede social. Quando aceita, é incluída num grupo de mensagens para realizar tarefas e receber pequenas quantias em dinheiro. Dessa forma, os criminosos ganham a sua confiança e costumam dizer que somente é possível continuar fazendo os pagamentos caso seja feita uma transferência mais alta para determinada conta, com a promessa de que o dinheiro retornará no mesmo dia. Uma vez concluído o depósito, o golpista pega esse dinheiro e some”, detalha Dolata.

Vazamento de dados

Ele afirma também que o vazamento de dados contribui para a realização de golpes contra usuários de celular e internet. “Infelizmente, cada vez mais existem muitos fraudadores internos dentro do banco que transmitem essas informações. Caso seja enganado, o primeiro passo é entrar em contato com a instituição financeira para tentar desfazer a transferência bancária não autorizada. O próprio banco, a depender, por exemplo, da engenharia que é feita, trava a operação até a confirmação de fato.”

Ações judiciais

Outro ponto é fazer imediatamente o boletim de ocorrência para resguardar seus direitos.
“Se não conseguir resolver, você pode procurar o poder judiciário, seja por meio do juizado especial, da Justiça comum, seja por intermédio de órgãos de defesa do consumidor, como, por exemplo, o Procon ou o Banco Central que, às vezes, podem ajudar a resolver alguma questão”, finaliza.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edison