Doação de órgãos: um ato de solidariedade e de amor ao próximo
O Brasil é referência no tema, mas ainda sofre com obstáculos relacionados ao treinamento de equipe e à recusa familiar
O Brasil tem se destacado mundialmente quando o assunto é transplante de órgãos. Em 2024, o País bateu o recorde de realização de 30,3 mil procedimentos. A maioria das cirurgias, 85%, foi realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que investiu cerca de R$ 1,4 bilhão no setor no último ano.
Neste ano, o Brasil segue obtendo bons resultados. Até o dia 25 de agosto, foram realizados 6.232 transplantes de órgãos, com destaque para o Estado de São Paulo, que lidera o ranking com o maior número absoluto de procedimentos no País. Neste ano, os transplantes de rins (4.160), fígado (1.638) e coração (274) foram os mais realizados.
A fila segue crescendo
Apesar dos bons resultados, a demanda pelo transplante de órgãos não é suprida. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente 46,8 mil pacientes estão aguardando pelo transplante. Desses, 43,4 mil esperam por um rim, 2.297 aguardam um fígado e 429, um coração. Há ainda lista de espera para transplantes de pâncreas e pulmão, entre outros.
Para Rafael Paim, presidente da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), um dos grandes desafios para a redução da fila é a agilidade para completar o processo, tendo em vista a fragilidade dos órgãos.
“Há pouca capacidade do que chamo de coordenação multifatorial: a doação, a captação e a distribuição de órgãos exigem rapidez e coordenação entre hospitais, centrais de transplantes, equipes captadoras e transplantadoras e, ainda, com as famílias dos doadores e dos receptores. Este é um desafio de informação, de recursos e de tempo”, afirma.
Decisão familiar
Outro fator que impacta diretamente na elevação do número de transplantes realizados é a recusa familiar. Estima-se que apenas 55% das famílias autorizem a doação de órgãos. Para Paim, a falta de capacitação dos profissionais responsáveis por conversar com as famílias é um dos fatores que têm influenciado esse índice. “Equipes bem treinadas no Brasil e na Espanha têm taxas de oferta-consentimento superiores a 90%”, pontua.
A decisão sobre a doação de órgãos cabe à família e, no momento da dor pela perda, muitas vezes não há tempo para refletir com calma. Por isso, é fundamental que a pessoa manifeste o desejo de ser doadora ainda em vida.
Esperança
Assim como falar da morte ainda gera temor em muitas pessoas, a doação de órgãos também enfrenta problemas de desinformação e preconceito. Na prática, porém, doar é um ato de amor e solidariedade, capaz de salvar vidas e oferecer esperança a quem espera por um transplante. É participar do recomeço de alguém e deixar um legado de cuidado e humanidade que pode transformar a vida de famílias inteiras.
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