Diabete deve atingir mais de 21 milhões de pessoas em 2030

Saiba mais sobre esse mal que afeta tanto crianças quanto adultos

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Desde a década de 1990, o dia 14 de novembro ficou instituído como o Dia Mundial do Combate à Diabete. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a gravidade da doença, que deve atingir 21,3 milhões de pessoas em 2030, de acordo com estimativa da Federação Internacional de Diabete. Atualmente, 250 milhões de pessoas em todo o mundo, em diversas faixas etárias desde a infância, têm a enfermidade. O Brasil possui mais de 16 milhões de doentes e é o quinto país com maior incidência, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.

O doutor Malebranche Carneiro, supervisor da unidade de neuroendocrinologia e de neurocirurgia do Hospital das Clínicas e médico do Hospital Moriah, em São Paulo, explica que existem, basicamente, três tipos dessa doença que causa o aumento do açúcar no sangue: “no tipo 1, você tem um fenômeno autoimune com geração de anticorpos contra as células beta do pâncreas que passa a não produzir mais insulina. Por isso, em geral, acontece em pessoas muito jovens e crianças. Na diabete tipo 2 você não tem tanta falta de insulina, pelo menos no início, mas tem resistência à insulina”. Neste caso, o receptor de cada célula do corpo tem dificuldade de que a insulina aja nele próprio. “Isso gera uma glicose elevada por falta de ação da insulina que faz com que a glicose entre dentro da célula.” O médico diz ainda que há a diabete secundária, que é causada por outra doença que faz com que o nível de glicose no sangue seja elevado: “um exemplo é um tumor produtor de adrenalina que chamamos de feocromocitoma que pode alterar a glicose”.

Durante a pandemia, a incidência da diabete cresceu entre crianças e adolescentes, em grande parte, em decorrência do aumento dos fatores de risco, como níveis crescentes de obesidade, dietas não saudáveis e falta de atividade física, que podem ser agravados com o descontrole glicêmico. “A variação grande da glicemia, especialmente pós-alimentar, vai gerar radicais que são nocivos aos nossos vasos e nervos, à microvasculatura e aos nervos pequeninos que nós temos no corpo. Isso pode levar a danos, especialmente no endotélio desse vaso, e levar a complicações crônicas, muito relacionadas a essas alterações de glicemia”, esclarece Carneiro.

Por isso, é preciso ficar atento aos sinais que o corpo mostra: “a hipoglicemia, por exemplo, é um mal-estar, em geral, súbito e rapidamente progressivo. Alguns têm sono, outros têm irritabilidade, sudorese fria, uma sensação de fome, etc. Em geral, ela é revertida com a reposição de açúcar. Já a hiperglicemia é um aumento do açúcar no sangue” (leia mais no infográfico ao lado).

Carneiro salienta que o tratamento da diabete não é passivo: “não se pode esperar que o médico faça tudo. O melhor paciente portador de diabete é aquele que vem com ideias, com ânimo, com humor, com criatividade no que ele pode fazer em sua dieta e com exercícios. Claro que, em relação aos remédios, o médico entende muito mais, mas as ideias são muito bem-vindas e, se não estiverem certas, as corrigimos. É muito importante que as rédeas estejam nas mãos
do paciente”.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson