Cuidado com a automedicação
Veja quais os riscos de adotar esta prática e como proceder se tiver algum problema de saúde
A automedicação é uma das práticas mais comuns no Brasil. Uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), divulgada em 2019, apurou que 77% dos brasileiros têm esse hábito e que quase a metade da população brasileira (47%) se automedica ao menos uma vez por mês. Muitos motivos levam as pessoas a usarem medicamentos sem antes passar por uma consulta médica. As propagandas com promessas de remédios milagrosos pela internet é um deles. Contudo o péssimo hábito de se automedicar, somado ao fato de que muitos nem sequer leem a bula dos remédios e desobedecem a posologia correta, pode trazer sérios riscos à saúde.
Por exemplo, o uso indiscriminado e frequente do paracetamol, um dos medicamentos mais consumidos no mundo e disponível livremente nas farmácias brasileiras, pode ser o responsável pelos casos de falência do fígado. Nos Estados Unidos, as vendas do remédio chegam a 49 mil toneladas por ano, o que significa uma média de 298 comprimidos para cada norte-americano. Para agravar a situação, apesar de ser um medicamento que está no mercado há mais de 100 anos, ainda há desconfianças sobre ele. Segundo especialistas, a eficácia do paracetamol para a dor lombar, entre outras indicações do produto, já foi posta em xeque, pois seria a mesma do placebo (substância sem efeito terapêutico).

Para Ricardo Contesini, cardiologista, médico do esporte e clínico geral, o uso indiscriminado do paracetamol pode causar intoxicação no organismo. “A principal e mais grave é a insuficiência hepática, que pode levar, em alguns casos, até a necessidade de fazer um transplante hepático. Por ser um antitérmico, ele também mascara infecções, doenças reumatológicas e autoimunes e câncer”, alerta.
Contesini também adverte para outros remédios comumente utilizados sem consulta médica prévia: “o ácido acetilsalicílico (AAS) usado por muito tempo, em algumas pessoas, pode causar úlcera. A dipirona (que serve para combater a dor e a febre) quando utilizada indiscriminadamente pode levar à anemia plástica, que é uma anemia grave”.
O uso de anti-inflamatórios e xaropes também pode ser perigoso. “O grande problema do anti-inflamatório inicialmente é mascarar alguma outra doença. Se você está com algum órgão ou músculo inflamado, é porque existe algum problema naquela região e ao tomá-lo você trata só os sintomas e, muitas vezes, a doença pode progredir. Xaropes podem mascarar uma pneumonia. Alguns são broncodilatadores, podem melhorar a respiração, mas não tratam a pneumonia, que é uma infecção”, explica.
Os riscos também se estendem às vitaminas sem prescrição médica cuja compra é motivada por propagandas. “Quando você abusa do consumo de certas vitaminas, você pode acumulá-las no corpo de forma muito exacerbada, o que leva a problemas em alguns órgãos. A vitamina C ou o uso de várias outras vitaminas de forma indiscriminada, principalmente sem a correta posologia, podem causar gastrite”, alerta.
Contesini avalia que o fato de muitos remédios não precisarem de receita médica também contribui para que a pessoa se automedique. “Ela é muito difundida, principalmente por uma questão cultural. Existe essa tradição enraizada nas famílias brasileiras e alguns motivos levam a isso, como o tempo de demora e os valores praticados para passar por uma consulta médica. Por isso, as pessoas têm a tendência de ouvir o vizinho ou alguém da família que podem ou não ter um problema parecido e que indicam alguma medicação. Elas acabam tomando e achando que terão resultados satisfatórios”, diz.
Segundo Contesini, as pessoas não devem acreditar que há um limite seguro para a automedicação. “A automedicação é totalmente inaceitável.Muitas vezes, o indivíduo toma uma medicação por apresentar algum sintoma como febre, por exemplo, mas não sabe as causas dela. No entanto inúmeras doenças podem causar febre, desde infecção, dores de dente, inflamações até insolação, e a pessoa se automedica e, muitas vezes, não trata a doença, só os sintomas, o que pode mascarar uma enfermidade potencialmente grave e trazer consequências sérias”, diz.
Ele acrescenta que a consulta médica é primordial para diagnosticar doenças que levam a determinados sintomas. “O médico é especializado e treinado para fazer o diagnóstico e descobrir o que há de errado no corpo do indivíduo, identificar qual é o problema que está ocorrendo com ele e tratá-lo da forma correta, aliviando os sintomas e trazendo de volta o bem-estar. Ele sabe exatamente qual é a dose que deve ser utilizada para não causar algum problema ao paciente e por quanto tempo ele deve tomar a medicação para não acontecer nenhuma falha de tratamento, quando se toma por um período insuficiente; ou uma intoxicação, quando ele é usado por um tempo prolongado”, conclui.
Exercite sua fé
Se você está com algum problema de saúde procure um médico, mas não deixe também de exercitar a sua fé em Deus. Para isso, visite a Universal mais próxima de sua casa.
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