Tornar-se um microempreendedor individual (MEI) é um processo acessível, fácil e rápido, tanto que no ano passado o Brasil bateu um recorde e chegou a 11,5 milhões de MEIs, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A entidade também aponta que 2,8 milhões de pequenas empresas foram criadas em 2024. Contudo, mesmo que cada MEI ou pequena empresa tenha um tempo particular de maturação para crescer, muitos empreendedores, independentemente de seu segmento, têm dúvidas de qual é o momento certo para que o seu empreendimento se transforme em uma grande empresa.

Vantagens

Davi Jeronimo, consultor de negócios do Sebrae-SP, elenca algumas vantagens em expandir o empreendimento: “O crescimento auxilia na redução dos custos com volume de produção, melhora a eficiência operacional, expande a marca, gera a contratação de novos talentos e novas tecnologias, além de criar uma presença mais forte no mercado, aumentando a receita, a diversificação de produtos, diminuindo riscos e fortalecendo a marca, aumentando canais de vendas e novos públicos, e criando novas oportunidades”.

Desvantagens

No entanto, para Moritz Neto, CEO do grupo Unfair Advantage, plataforma de automação de vendas com IA, a principal desvantagem é crescer de forma desorganizada. “Muita gente escala antes de entender o que realmente funciona e acaba ampliando o problema. Por isso, é necessário perceber qual o momento certo para a expansão, que é quando o negócio já tem uma base saudável, com margem positiva, produto validado e demanda constante. O crescimento não deve ser um ‘escape’ do caos, mas deve ser o próximo passo natural de um sistema que já funciona pequeno”, sentencia.

Neto afirma que é necessário ter cautela antes de tomar qualquer atitude e verificar três coisas: “primeiro, se o modelo já é lucrativo em pequena escala; segundo, se há demanda reprimida ou oportunidade clara de mercado; e, terceiro, se você tem estrutura mínima (gente, processo, caixa) para aguentar o tranco”, observa.

Planejamento organizado

Jeronimo avalia que, assim como o processo de abertura de empresa deve ser planejado, a expansão também. “Com o planejamento bem executado, crescer não será uma surpresa desagradável e com isso a chance de sucesso é enorme. Para planejar o crescimento, o empresário deve definir metas claras, elaborar um plano de negócios detalhado, considerar a infraestrutura necessária e avaliar o impacto financeiro”, diz.

Produto definido

Por isso, Neto recomenda que o empreendedor conheça a sua empresa antes de dar o passo seguinte. “A empresa é uma extensão da maturidade do dono. Se você não entende suas margens, seus gargalos, seu funil de vendas e o comportamento do cliente, vai crescer cego e isso costuma custar caro. Outro detalhe é ter produtos ou serviços definidos. Não adianta vender DVD em época de streaming. Produto bom é um pré-requisito. Expandir um produto que não tem retenção ou recomendação é jogar dinheiro fora”, assegura.

Papel do empreendedor

Em todo o processo, Jeronimo destaca o papel fundamental do empreendedor para avaliar as etapas da expansão. “O empresário deve avaliar as etapas de expansão e garantir que o crescimento esteja acontecendo conforme o planejado, tomando ações corretivas quando necessário e mantendo o controle de qualidade durante o processo”, salienta.

Não se iluda

Neto ainda aconselha cautela a quem queira iniciar a expansão de seu negócio da maneira mais equilibrada possível. “Tenha caixa de segurança. Coloque gente certa antes de precisar desesperadamente. E não se iluda: crescer não é glamouroso, é resolver problemas maiores e mais rápido”, conclui.

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