Como influenciar seu filho para o bem?

A mudança de atitude dos pais diante dos desafios pode transformar o relacionamento familiar e os aproximar dos filhos

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A morte de MC Kevin, de 23 anos, chamou a atenção de todo o Brasil. Mesmo aqueles que não conheciam sua trajetória acompanharam o desenrolar da história que envolveu o falecimento do jovem no dia 16 de maio, ao cair do quinto andar de um hotel de luxo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

E um personagem que tem chamado atenção pelas declarações que faz é mãe do cantor, Valquiria Nascimento. Ela, que já tinha afirmado durante entrevistas que se o filho a tivesse escutado ainda estaria vivo, publicou em uma rede social que alertava Kevin a respeito de suas amizades: “a única coisa certa nessa história é que perdi meu filho. Sempre falei ‘olha essas amizades, filho’. E hoje eu choro, só isso, sem chão. E faço a pergunta ‘por que, o que aconteceu?’ Só sei que você me deixou meu filho”.

De acordo com relatos, Kevin vivia cercado por amigos. As festas e shows dos quais participava eram marcados pelo uso de álcool e outras drogas. E a vida, que parecia nunca ter fim, acabou de forma trágica. “A grande dor de muitos pais é ter avisado seus filhos, mostrado o caminho certo e ter visto o filho se dar mal simplesmente por não terem escutado os seus conselhos”, afirmou o Bispo Renato Cardoso durante uma reunião no Templo de Salomão, em São Paulo.

Onde a rebeldia começa?
Normalmente, as crianças costumam imitar os pais, copiar ações e reações e os têm como suas referências, mas, à medida que têm contato com pessoas e experiências fora de seu círculo familiar, o que acontece cada vez mais cedo, elas passam a experimentar as mais diversas situações e começam a acreditar que sabem julgar o que é bom ou não.

A psicóloga Elisângela Paes Leme esclarece o que ocorre na vida dos filhos nesse período: “as crianças têm a percepção que os pais são heróis e perfeitos. Na adolescência, esse encantamento termina”, explica. Segundo ela, essa espécie de afastamento caracteriza o desenvolvimento emocional. Contudo essa transição pode ser perigosa, principalmente quando o comportamento passa a ser marcado pela desobediência e pela rebeldia.

Há adolescentes que, em busca de se sentirem incluídos em determinado grupo, não dão ouvidos aos pais por acharem que são antiquados e “caretas”. Uma situação ainda pior é quando os filhos deixam de obedecer como forma de punir ou provocar os pais por alguma situação mal resolvida na família.

O Bispo Renato faz um alerta aos filhos: “há muitas coisas antigas que nunca ficam velhas e uma delas são os conselhos sábios de quem já errou, de quem já viveu, de quem sabe o caminho por onde passou e pode, portanto, falar para você ‘não vá por aí porque não é o melhor caminho’”, afirmou. Já sua esposa, Cristiane Cardoso, falou das consequências da desobediência dos filhos: “você desobedece e fica com as amizades que não convêm. De repente você está envolvido em coisas que não deveria estar e já não sabe mais o que fazer nem consegue mais sair daquela situação. A desobediência abre uma porta que, às vezes, leva você para muito longe e sempre para o mal”.

Como ser um bom exemplo?
O primeiro ponto que precisa estar claro para todos os pais é que o filho não vai passar a ouvir os conselhos por meio de gritos e de autoritarismo, o que muitas vezes impõe inúmeras regras que mais afastam do que aproximam a família. O que fazer para que os filhos ouçam os pais? Em vídeos publicados no YouTube, o Bispo Renato e sua esposa transmitem algumas dicas: por exemplo, aprender a ouvir e a escolher bem as palavras (veja as dicas no boxe ao lado).

“Minha filha não me ouvia e tinha raiva de mim”
Sonia Damas Cristino, (foto abaixo) de 55 anos, ensinou sua filha Leticia Cristino Rodrigues dos Santos, de 24 anos, desde a infância a importância da fé. Ainda criança ela já participava das reuniões na Universal com a mãe, mas aos 16 anos começou a mudar. “Ela conheceu uma amiga e decidiu que queria conhecer o mundo. Como ela sofria bullying na escola por ser obesa, ela queria mostrar para as meninas que tinha capacidade de ter vários namorados. Assim, ela começou a conhecer vários rapazes pela internet”, relembra Sonia, que comenta que em um mês a filha se relacionava com 15 rapazes. No entanto o pior momento ainda estava por vir: Leticia se apaixonou e começou a namorar um homem violento.

Os erros cometidos por Leticia não foram por falta de conselhos, pois sua mãe tentava de todas as forma abrir os olhos dela. “Eu a aconselhava a largar aquela vida. Eu falava para ela que não queria que ela tivesse a vida que eu tive e que ela passasse pelo mesmo problema que eu passei. Eu a aconselhava, mas ela não me ouvia e tinha raiva de mim.” Ela conta que tinha até medo que a filha a matasse.

Durante seis anos, Sonia insistiu na mudança da filha. Participando das reuniões na Universal e aplicando os ensinamentos, ela deixou de agir pela própria força, passou a ser uma boa influência para Leticia e colocou o futuro da filha no Altar de Deus. “Hoje ela é completamente diferente. Somos amigas, ela pede minha opinião e segue os meus conselhos. Valeu muito a pena ter lutado por ela. Eu aconselho as mães a não desistirem”, finaliza.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Getty images e cedida