Como aquecer a casa no inverno sem correr riscos

A morte de um casal no Rio de Janeiro acendeu um alerta para casos de asfixia por monóxido de carbono. Saiba como se proteger

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O inverno começou oficialmente no dia 21 de junho e todos os Estados brasileiros viram a temperatura cair por alguns dias. No Nordeste, o clima ficou ameno, mas nas regiões Sudeste e Sul do Brasil ocorreram temperaturas negativas e até mesmo neve.

Com o frio, muitas pessoas foram atrás dos aquecedores para manter a casa quentinha ou esquentar a água do chuveiro. No caso de equipamentos a gás, vale lembrar que a manutenção correta e periódica desses sistemas é de extrema importância. Isso porque a queima de gás pode produzir monóxido de carbono (CO), uma substância que pode levar à intoxicação e à morte.

No final do mês de junho um casal foi encontrado sem vida dentro do banheiro de um apartamento no Leblon, bairro do Rio de Janeiro.

No local havia um aquecedor a gás usado para aquecer a água. O laudo revelou que os dois foram asfixiados. A suspeita é que tenha ocorrido um vazamento de monóxido de carbono no local e a polícia inclusive solicitou a interrupção do fornecimento de gás no apartamento.

O que é o monóxido de carbono?
O gás conhecido pela fórmula molecular “CO” geralmente é resultado da queima ineficiente de um combustível, seja ele lenha, gasolina, carvão ou mesmo gás. “Ele tem uma afinidade muito grande com a hemoglobina, que é a proteína do nosso sangue que carrega o oxigênio e é bem mais potente na ligação com a hemoglobina do que o oxigênio”, explica o médico pneumologista João Carlos de Jesus.

Uma vez dentro do organismo, o monóxido de carbono preenche a hemoglobina e não deixa que o oxigênio cumpra o seu papel. “O problema desse gás é que a presença dele é imperceptível: ele não tem cheiro, não tem cor e também não causa gosto e, por isso, não é possível percebê-lo na boca. A pessoa percebe os sinais indiretos da inalação dele, como dor de cabeça, mal-estar, sonolência e na sequência podem já ocorrer os sinais da baixa oxigenação, como uma crise convulsiva, perda de consciência e até uma parada cardíaca”, comenta o médico.

É importante ressaltar que os aparelhos de aquecimento a gás normalmente utilizam dois tipos de produtos: o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o gás natural (GN). Esses gases também são muito prejudiciais em caso de vazamento e podem inclusive levar a explosões do ambiente. Contudo a esses gases são adicionados cheiros que facilitam a identificação do problema. Já o monóxido de carbono é um elemento gerado a partir da queima desses gases ou outros combustíveis. Os aparelhos de aquecimento são projetados com uma estrutura que possibilita a sua saída de um ambiente. Quando esse sistema falha, danos maiores podem acontecer.

Primeiros Socorros
Se você entrar em um ambiente e verificar um possível vazamento de gás com alguém desacordado no local, remova a pessoa do ambiente e abra portas e janelas para que o ar circule. O pneumologista faz outras recomendações: “é importante reconhecer se a pessoa está respirando ou não. Se ela não estiver respirando, é preciso pedir ajuda imediatamente para que cheguem os socorristas para fazer um atendimento porque é caso de parada respiratória. O tempo, nesse caso, é muito importante. Na sequência serão realizadas medidas de primeiros socorros, como a tentativa de desobstruir as vias aéreas e fazer algumas manobras de assistência.”

Ambiente quentinho
Além dos equipamentos, é possível ter um ambiente mais quentinho com a ajuda de itens como cortinas e tapetes. Outra ideia é aproveitar a luz do sol para esquentar a casa e ao anoitecer fechar bem as frestas de portas e janelas. Há ainda opções de equipamentos elétricos, como aquecedores e chuveiros, cuja instalação deve ser cuidadosa. No caso dos itens a gás, é preciso ter muita atenção, conforme explica o médico: “muitas vezes, esses equipamentos estão dentro da residência e aí temos que adotar uma série de normas que ajudam a evitar intoxicações, como, por exemplo, o cálculo da altura da chaminé e a verificação das conexões. Quando esses critérios não são levados em conta, os riscos desse tipo de acidente aumentam”, finaliza.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: Getty images