Chega de empatia!

A frase pareceu curiosa para você? Apesar de a palavra empatia estar na moda e fazer referência a se colocar no lugar do outro, a Bíblia nos ensina algo diferente

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Muitas palavras floreiam discursos e redes sociais e “empatia” é uma delas. Afinal de contas, o que ela significa? “A empatia é a capacidade que a pessoa tem de se imaginar no lugar do outro, de se pensar no lugar do outro, de entender o outro”, diz a psicóloga Daiane Bessa. Realmente, na teoria, parece que ter empatia é a solução para muitos dos problemas que presenciamos na sociedade. Todavia a atitude de se projetar com o sentimento do outro e tentar compreender seu comportamento não basta.

Recentemente, no True Podcast, foi falado que muitos agentes públicos demonstram empatia desde que o outro cumpra alguns pré-requisitos, como residir na mesma cidade, compartilhar a mesma fé ou ter a mesma ideologia política. Isso acontece, por exemplo, quando uma pessoa encontra alguém com fome e, por saber da necessidade dela, pretende ajuda-la. Mas por quanto tempo essa atitude realmente vai ajudar aquela pessoa? Será que aquela pessoa que está passando fome precisa só de alimento ou ela está precisando também de políticas públicas, por exemplo?

O Instituto Fome Zero mostrou que no quarto trimestre de 2023 o Brasil tinha 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave. Mas, além da fome, 8,1 milhões de brasileiros estão desempregados e 2,3 milhões de crianças até 3 anos não estão matriculadas na creche por falta de vaga ou por residir longe de uma escola, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); 220 mil brasileiros estão em situação de rua (dado do CadÚnico), quase 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto no País (estimativa do Trata Brasil) e a lista de necessidades básicas não satisfeitas para milhões de pessoas é longa.

A Bíblia diz outra coisa
Ao analisarmos a Sagrada Escritura, o termo “empatia” não é citado. O que o Espírito Santo inspirou os autores a registrarem e o que o Próprio Senhor Jesus demonstrou em cada ação e reação foi outro tipo de atributo. “A Bíblia nos ensina a ter compaixão. O que é compaixão? Compaixão é muito mais do que a empatia: é fazer algo a respeito da pessoa que está sofrendo. Jesus tinha compaixão das pessoas. O que Ele fazia? Ele ia lá e fazia alguma coisa: curava, libertava e pregava a verdade para elas. Por isso, a Bíblia menciona a frase ‘movido de compaixão’. A compaixão move você”, disse o Bispo Renato Cardoso no programa Inteligência e Fé.

A psicóloga Daiane Bessa reforça que a compaixão envolve o agir: “quando a pessoa tem compaixão é detectada a participação dos neurônios espelhos, que são neurônios que nos fazem ‘imitar’ o outro para que possamos fazer algo em prol dele. O neurônio espelho é ativado quando bocejamos, sorrimos, damos uma gargalhada ou choramos. Quando eu choro, por exemplo, uma pessoa movida pela compaixão se comoverá por aquilo e vai querer me ajudar (…). A empatia é o sentir, mas a compaixão é a ação que resulta do que se sentiu”.

A compaixão genuína é muito mais do que a identificação ou a comiseração pela situação que o outro está enfrentando e ela move a pessoa a tomar uma atitude para ajudar o próximo em todas as áreas e não somente em um problema pontual. Voltemos ao exemplo do Senhor: Ele saciava a fome, mas também curava, perdoava e ensinava sobre a Verdade, a Salvação da alma e a Fé.

Semelhante à fé
Podemos fazer o seguinte paralelo: a empatia é a ação daqueles que apenas conhecem a Letra e não passam de religiosos, ao passo que a compaixão se assemelha à atitude daqueles que conhecem os Mandamentos e agem conforme descrito no Texto Sagrado, como o Bispo Renato explicou: “a Salvação é pela graça, mas a Fé que a obtém de graça tem um custo (…). A Fé precisa de atitude, tem que pagar o preço. O povo que se convertia de verdade na Igreja Primitiva sabia o preço que tinha que pagar e pagava”.

Muitos se converteram ao presenciar os sinais e prodígios que o Espírito Santo realizava por meio dos apóstolos, mas uma parte do povo não “… ousava ajuntar-se a eles; mas o povo tinha-os em grande estima” (Atos 5.13). Em outras palavras, mesmo com o crescimento da Igreja, muitos temiam ter os religiosos e os romanos como inimigos se assumissem a Fé no Senhor Jesus. O que ocorreu no passado, porém, se repete atualmente de formas diferentes: é fácil ter empatia por quem sofre ou ter grande estima por quem age em prol das necessidades do outro, mas ter coragem é imprescindível para assumir a Fé e se permitir ser movido pela compaixão e agir, amar o próximo, perdoar os ofensores, orar pelos inimigos e fazer o que deve ser feito para ajudar as pessoas sem nenhum tipo de acepção. E você? Se enquadra dentre os que demonstram empatia ou se move pela genuína compaixão?

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Colaborador

Laís Klaiber/Foto: Getty Images