Cavalheiro ou controlador?

Muitos deturpam o verdadeiro cavalheirismo e o usam como máscara para serem controladores e sufocarem as pessoas à sua volta

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Muitas mulheres gostam de um homem com um perfil de cavalheiro, mas essa palavra permite muitas interpretações – várias vezes equivocadas tanto pelo público feminino quanto pelo masculino.

À primeira vista, o homem cavalheiro é cortês, educado, cuida da mulher e está atento às suas necessidades e aos seus sonhos – e não há absolutamente nada de errado nisso, ao contrário, é algo que faz bem ao casal.

Mas é preciso entender que, infelizmente, alguns homens têm gestos que resultam em um falso cavalheirismo e os usam para serem controladores de suas esposas, de seus familiares, de colegas de trabalho, de amigos, etc. Em tempo: ninguém está dizendo aqui para o leitor ou leitora ficarem paranoicos quando presenciarem um ato de cavalheirismo, pois, se ele for genuíno, o tornarão inválido. Afinal, existem os gentis de verdade.

O controlador quer cercear a liberdade da esposa, dos filhos, dos colegas, dos amigos. Mesmo sem ter má intenção, ele tem um desejo secreto – ou nada secreto, se a má intenção for explícita – de ser como aqueles chefões mafiosos de tradicionais filmes: gostam de dar sempre a última palavra sobre uma questão, não aceitam ser questionados e ditam os destinos dos que os cercam para determinar seus movimentos, como se essas pessoas fossem suas marionetes.

Detalhe: esses chefões da ficção se tornaram famosos como exemplos de líderes masculinos – só que na realidade não são, pois um mafioso é, antes de tudo, um criminoso. Mas, seja nos filmes, seja na vida – na máfia real ou na figurada –, o que eles têm em comum é um bom grupo de bajuladores.

Em seu blog, o Bispo Renato Cardoso faz um alerta sobre a atitude de controlar o tempo todo a outra pessoa, como um cônjuge, e suas reais consequências. “Se você tentar ser o pai de sua esposa no sentido de controlar sua liberdade, receberá em troca uma parceira que agirá como uma adolescente rebelde. Essa revolta poderá ser agressiva ou passiva e, sim, poderá ser muito errada também, mas o primeiro erro veio de sua atitude controladora.”

Portanto, segundo o Bispo Renato, não tente ser guardião de sua parceira. Ele orienta: “todo controle excessivo eventualmente gera rebelião. O certo é: dê liberdade, mas exija o uso dela com responsabilidade e respeito à relação”.

Ele lembra ainda em uma das edições do programa Escola do Amor Responde, exibido pela Record TV e pelas redes sociais, que o homem deve ser o líder de uma família – que, às vezes, também lidera empresas e outros grupos sociais – e que, para ser respeitado, não pode ser temido pelos outros. “Ninguém pode ser um líder isolado. Ele precisa de auxiliares, então, tem que tomar conta deles.”

O fato é que é mais prazeroso seguir alguém que se respeita, mas também é ruim seguir alguém do qual se tem medo – e é incrível como um sujeito medíocre gosta de ser temido, já que não tem a capacidade real de ser líder.

Segundo o Bispo Renato, ser cavalheiro é diferente de ser machista, quando o homem considera que é superior à mulher. E as mulheres sabem muito bem que não precisam estar abaixo de um homem, mas ao lado dele, auxiliando-o. Elas confiam e se dedicam mais quando sentem respeito e não medo dele. “A mulher não é uma extensão do próprio corpo do homem. Não basta o marido pagar as contas e não deixar faltar nada. Ele deve prestar atenção às necessidades afetivas da mulher, inclusive as intelectuais. O final de um machista controlador é ficar sozinho ou ter uma mulher anulada ao seu lado, que não vai fazer a menor diferença.” E isso se estende também na relação com os filhos, os colegas de trabalho, os amigos, entre outros.

Dizem por aí que o cavalheirismo morreu, mas, não é verdade. Iniciativas como o projeto IntelliMen existem para preservá-lo e combater as atitudes do controlador.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty images