Cada brasileiro produz anualmente o equivalente a 343 quilos de lixo e, em 12 meses, a população do País gera 80 milhões de toneladas, mas apenas 4% desse total é reciclado, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O índice está muito abaixo do registrado em países com o mesmo grau de desenvolvimento econômico que o brasileiro, como Argentina, Chile, Turquia e África do Sul, que atingem, em média, 16% de reciclagem, segundo a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa, na sigla em inglês).

Para Auri Marçon, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), entidade que representa a cadeia produtiva do setor, a reciclagem desempenha um papel essencial na redução do desperdício e da poluição do solo, da água e do ar: “ao reciclar, destinamos adequadamente os resíduos sólidos urbanos e diminuímos a quantidade do que vai parar em aterros sanitários e incineradores. Além disso, a reciclagem evita a emissão de gases de efeito estufa resultantes da produção de novos materiais a partir de matérias-primas virgens”.

Diversos setores industriais e associações de classe, principalmente de alimentos e bebidas, têm tomado iniciativas para promover a coleta de materiais visando à reciclagem. “As embalagens são o grande destaque nesse sentido.

Lamentavelmente, as prefeituras, que têm a responsabilidade constitucional de cuidar da coleta de lixo, não têm implantado sistemas de coleta seletiva, o que atrasa todo o processo de melhoria para a correta destinação dos resíduos sólidos urbanos e, consequentemente, o desenvolvimento da reciclagem”, diz Marçon.

A reciclagem também tem impactos econômicos e sociais positivos. “Atualmente, o Brasil recicla por ano mais de 360 mil toneladas de garrafas PET, por exemplo, e gera cerca de R$ 1,4 bilhão de renda na criação de empregos a catadores, cooperativas e sucateiros e mais R$ 1 bilhão de faturamento para fabricantes de produtos reciclados. Ao adotar hábitos de reciclagem, as pessoas se tornam mais conscientes das suas escolhas de consumo e reduzem o desperdício, além de se envolverem em ações que têm um impacto positivo no meio ambiente, ou seja, evitam a destruição ambiental e preservam recursos para as gerações futuras”, conclui.

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson