Bispos católicos franceses admitem responsabilidade da Igreja em casos de pedofilia

Relatório mostrou que mais de 216 mil menores foram vítimas de abuso por religiosos na França entre 1950 e 2020

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Em reunião realizada nessa sexta-feira (5) em Lourdes, no sul da França, os bispos franceses decidiram admitir a responsabilidade institucional da igreja Católica nos abusos sexuais de menores de idade, que de acordo com um relatório levantado ultrapassam mais de 216 mil o número de vítimas, entre 1950 e 2020.

Segundo reportagem realizada pela Agence France-Presse (AFP), o anúncio foi feito pelo presidente da Conferência Episcopal, Éric de Moulins-Beaufort. “Essa responsabilidade implica um dever de justiça e de reparação”, afirmou.

No entanto, embora o relatório da Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja (Ciase) tenha calculado o número de 216 mil menores que foram abusados por religiosos na França, se considerados os trabalhadores de instituições religiosas, o número de vítima aumenta para 330 mil.

O relatório, de 2.500 páginas, indica ainda que nessas sete décadas entre os 115 mil padres  podem ter havido até 3.200 pedófilos, sendo que 80% de suas vítimas eram meninos de 10 a 13 anos.

A matéria afirma ainda que  a revelação deste relatório abalou a França e que o presidente da Conferência Episcopal pediu “perdão” às vítimas. Além disso, até o Papa Francisco manifestou sua “imensa dor” e “vergonha” diante de tamanho escândalo.

Entretanto as declarações controversas do episcopado causaram ainda mais polêmica. Pois eles afirmaram que o sigilo da confissão está acima da lei, mesmo tratando-se de abusos contra menores.

A comissão responsável pela elaboração do relatório – que faz parte da reunião anual de bispos franceses e que está prevista para ser finalizada na próxima semana – , é presidida pelo ex-alto funcionário Jean-Marc Sauvé.

Uma das recomendações da Ciase à Igreja é que reconheça sua responsabilidade “sistêmica”, social e civil nos fatos e que realize cerimônias públicas, missas ou memoriais como reconhecimento das vítimas.

Ademais, para financiar as indenizações às vítimas, a comissão sugeriu que fosse usado “o patrimônio dos agressores e da Igreja da França”.

Confira abaixo a matéria do Jornal da Record:

(*) Com informação da Agência de Notícias AFP

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Colaborador

Redação (*) / Fotos: Istock e Reprodução