Aumenta incidência de rinite e sinusite no inverno

O que saber sobre as duas doenças para não confundi-las com os sintomas da Covid-19?

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O inverno chegou e muitos gostam desta estação porque curtem as baixas temperaturas. Mas, além do frio, esse período também pode ocasionar ou agravar doenças como a rinite e a sinusite. A primeira afeta de 15% a 42% da população global. Somente no Brasil, cerca de 26% das crianças e 30% dos adolescentes são portadores do problema. Já a sinusite chega a atingir uma a cada cinco pessoas, de acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico- Facial (ABORL-CCF).

Para o médico otorrinolaringologista Ricardo Dolci, professor-assistente da Santa Casa de São Paulo e membro da ABORL-CCF, a combinação entre frio e tempo seco agrava o quadro clínico dessas doenças. “No Sul e no Sudeste do Brasil é pior do que em regiões mais quentes, mas há diversos fatores associados às duas doenças, como aglomerações e ambientes menos ventilados que facilitam a ocorrência delas, além de poeira e outros agentes externos”, avalia.

Dolci afirma que o paciente leigo pode até confundir as duas, mas há diferenças: “não se pode ter sinusite e rinite ao mesmo tempo. Ouvir o relato do paciente ajuda bastante a fazer o diagnóstico. A rinite, por exemplo, é um processo inflamatório na mucosa do nariz. As principais queixas são a obstrução nasal, ora em uma narina, ora em outra, ou em ambas, espirros, coceira e a rinorreia hialina ou catarro transparente”.

Ele esclarece que a rinite pode ter origem genética. “O que se sabe é que, quando pai e mãe têm a doença, as chances do filho tê-la são de 80%. Quando apenas um deles tem, elas caem para 50%, mas é preciso que haja um fator ambiental (poeira, pólen, pelos de gato ou de cachorro, mofo, roupas guardadas há muito no armário com pó) ao qual o paciente seja exposto para que ela se desenvolva”, esclarece.

Se o paciente tem rinite de difícil controle e asma, o quadro asmático pode piorar. “As duas (rinite e asma) atingem a mesma mucosa e isso se reflete na questão da asma. É importante tratar as duas paralelamente. Se o paciente tem rinite alérgica e coça os olhos, ele também pode desenvolver algumas alterações oculares, como uma rinoconjuntivite”, alerta.

Dolci enumera quais são as características que mostram evolução no caso da sinusite: “ela se arrasta por cinco a dez dias, há cefaleia e dor quando se abaixa a cabeça e sensação de que ela está sendo empurrada. A secreção é amarela ou esverdeada, o que pode evidenciar origem bacteriana. Ela é decorrente de uma infecção da via aérea superior e o nariz fica obstruído”.

Outro problema é confundir as duas doenças com a Covid-19. “No começo dos sintomas da Covid-19 até pode ocorrer confusão, em razão da perda de paladar e olfato, que também acontece com a sinusite, mas, ao piorar, o novo coronavírus causa falta de ar. É importante proceder a testagem e o ideal é já fazer isolamento e continuar mantendo todos os protocolos, como uso de máscara e de álcool em gel. Se tiver dúvida, procure um médico”, recomenda Dolci.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson