Alzheimer: como lidar com a doença que afeta a mente?

Embora muitos pacientes tendam ao isolamento, manter uma vida ativa é uma das melhores maneiras de retardar o avanço dos sintomas

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Muita gente considera o esquecimento como algo natural do envelhecimento. No entanto, quando ele se torna frequente e começa a comprometer as atividades do dia a dia, pode ser um sinal de alerta para problemas mais graves, como a perda cognitiva.

A cognição é a capacidade do cérebro de adquirir, processar, armazenar e utilizar informações para interagir com o mundo. Esse processo envolve funções como memória, linguagem e raciocínio. Alterações nessas habilidades exigem atenção e acompanhamento.

Desmistificando a demência 

O declínio progressivo das habilidades cognitivas recebe o nome de demência – um termo que ainda causa impacto e desperta muitas dúvidas. Ele não se refere a uma doença específica, mas a um conjunto de sintomas que comprometem funções mentais essenciais, como memória, linguagem, atenção, orientação e raciocínio.

Atualmente, estima-se que 57 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com algum tipo de demência. No Brasil, aproximadamente 1,8 milhão de pessoas têm o diagnóstico. O cenário é preocupante e tende a se agravar: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença pode atingir 152 milhões de pessoas até 2050, impulsionada, principalmente, pelo envelhecimento populacional e pelo aumento da expectativa de vida.

Existem diferentes tipos de demência, sendo a mais prevalente o Alzheimer, que responde por cerca de 60% a 70% dos casos.

As fases do Alzheimer 

A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo que provoca deterioração progressiva da mente. Ele ocorre por causa do acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro e leva à morte de neurônios em áreas ligadas à cognição.

Os primeiros sinais incluem perda de memória recente, dificuldade para realizar tarefas simples, alterações de linguagem, desorientação e mudanças de comportamento. A doença evolui lentamente, passando por estágios que vão do esquecimento à dependência. O diagnóstico é clínico, realizado por especialistas, com exames para descartar outras condições.

“Quando o diagnóstico acontece cedo, conseguimos começar tratamentos que, mesmo sem curar, ajudam a frear a progressão da doença. Isso significa mais tempo de qualidade para o paciente”, explica o médico neurologista Willian Rezende.

Inclusão: a melhor terapia 

Diferentemente do que muitos imaginam, o diagnóstico de Alzheimer não deve significar estagnação. Manter uma vida ativa é essencial para estimular o cérebro e contribuir para o tratamento. “O isolamento é um veneno. É necessário manter a pessoa envolvida em atividades, seja uma roda de conversa, seja um grupo de música ou até mesmo tarefas simples de que ela goste. O contato social ajuda a manter a cabeça ativa, melhora o humor e desacelera o declínio cognitivo. A inclusão é uma das melhores terapias que existem”, afirma o médico.

Segundo Rezende, um dos erros cometidos nesse processo é infantilizar o paciente. “A pessoa com Alzheimer não vira criança. Ela continua sendo um ser humano, com toda a sua história e dignidade. É preciso adaptar a forma de se comunicar e a rotina, mas sempre com respeito. Infantilizar é a pior coisa a fazer. É como apagar a pessoa que ela é”, diz.

Sempre em movimento

Uma das iniciativas que podem ajudar a pessoa idosa a se manter ativa é o projeto social Calebe Universal, que rompe a barreira do isolamento e oferece aos idosos um ambiente de acolhimento, amizade e valorização. “Por meio de atividades físicas, culturais, espirituais e sociais, ajudamos a resgatar a alegria de viver, a fortalecer vínculos e a incentivar a participação ativa na comunidade”, explica o responsável pela iniciativa, Bispo Valter Pereira.

O projeto promove o NutriAção, que fornece orientações sobre alimentação, exercícios e prevenção de doenças. Há também grupos dedicados ao artesanato, à música e ao aprendizado. O Calebe Universal oferece aulas de alfabetização para adultos e palestras sobre educação digital. “Muitos participantes chegam mais tímidos e, com o passar do tempo, desenvolvem autonomia, confiança e senso de pertencimento”, cita o Bispo. Todas as ações do grupo são gratuitas. Para saber mais, procure a Universal mais perto de você.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: Gettyimage