Alta performance: quando ela é perigosa?

A preocupação excessiva com a produtividade tem levado muitas pessoas a adoecer fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Veja como mudar esse cenário

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A cobrança e a autocobrança por produtividade são cada vez maiores entre as pessoas. E isso acontece seja pela comparação excessiva, impulsionada pelas redes sociais, seja pelo receio de não acompanhar todas as revoluções tecnológicas ou pela ânsia de sempre fazer mais e mais. A questão é que a preocupação demasiada com a alta performance expõe um problema que vai além da insatisfação e pode trazer muitos malefícios.

“Jeitinho” nocivo

Há quem dê um “jeitinho” para conseguir superar seus limites. As ações vão desde usar bebidas energéticas ou medicamentos para aumentar o foco e ficar mais tempo desperto até negligenciar a saúde ou a família. Assim, o que era para ser um degrau para avançar acaba se tornando um obstáculo e, em alguns casos, uma cratera no caminho que leva ao fundo de um poço profundo.

A obsessão com a performance pode gerar efeitos negativos. “Os riscos são os mais variados como, por exemplo, ter esgotamento físico e/ou mental, burnout, insônia, fadiga crônica, irritabilidade, mudanças bruscas de humor, ansiedade, depressão, isolamento e, com isso, dificuldade de manter os vínculos afetivos com as pessoas e perder a qualidade de vida”, diz a psicóloga cognitivo-comportamental Rejane Sbrissa.

Não é um check da agenda

O pior de tudo nesse cenário é que nessa busca muitos acabam deixando as prioridades de lado, principalmente no que se refere ao relacionamento com Deus. E não estamos falando de ter um horário na agenda para ler a Bíblia e orar, mas de manter a sua comunhão com constância, intencionalidade e verdade.

Na Bíblia, Marta buscava a alta performance enquanto Jesus estava em seu lar. Enquanto corria de um lado para o outro atolada em seus afazeres, ela deve ter ouvido os ensinamentos de Jesus sem prestar atenção neles. Até que, sobrecarregada, pediu para que Jesus solicitasse à sua irmã, Maria, que estava aos pés dEle, que a ajudasse a servir as visitas. Como resposta, Ele alertou: “Marta, Marta, estás ansiosa e preocupada com muitas coisas, mas uma só é necessária” (Lucas 10:38-42). O que Marta precisava naquele momento não era de ajuda para fazer mais, mas, sim, parar um pouco e aproveitar a companhia que ela tinha ali.

Quantas pessoas ocupam a agenda com uma série de afazeres e deixam o Senhor de lado? Essa busca insaciável pela alta performance gera ansiedade, sensação de que se está atrasado, sobrecarga e cansaço que mascaram um problema maior: o vazio.

Entre prioridade e equilíbrio

Ser produtivo não é ocupar cada minuto do seu tempo com tarefas e mais tarefas, mas, sim, ter disciplina para administrar sua vida espiritual (oração, leitura da Bíblia, jejum, igreja, etc.), seus afazeres diários (cuidar da saúde e da família, trabalho, estudo, entre outros) e suas ambições pessoais (projetos, sonhos). Buscar a alta performance pode ser saudável se houver esse equilíbrio entre o
bem-estar pessoal e as metas preestabelecidas.

Você, leitor ou leitora, conhece a frase “não dê um passo maior do que a própria perna”? Perceba que ela mostra que é necessário reconhecer seus limites para não se sobrecarregar. Mas, atenção: isso obviamente não significa que você deve se acomodar e deixar de buscar ser alguém melhor ou de conquistar seus objetivos pessoais, pelo contrário. O autoconhecimento é um passo importante para que você reconheça seus limites e aprenda a avançar num ritmo constante e saudável e, assim, estabeleça suas prioridades e encontre equilíbrio entre elas e as demais atividades necessárias no dia a dia, sempre priorizando a sua comunhão com Deus.

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Orla/getty images