Água potável: você a valoriza?

A água é essencial para a vida humana e o desperdício tem aumentado. Entenda o impacto que essa atitude irresponsável pode gerar

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A água potável é essencial para a vida do ser humano, mas não tem sido tratada com o zelo que merece e o desperdício desse recurso natural tem aumentado assustadoramente. Somente no Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil, em 2015, 36,7% da água tratada no País foi desperdiçada. Já em 2021, período com dados mais recentes, o índice foi de 40,03%. Isso significa que a cada 100 litros de água captada da natureza e tratada para se tornar própria para consumo mais de 40 litros se perderam. Foram perdidos mais de 7 bilhões de metros cúbicos de água, volume equivalente a quase 8 mil piscinas olímpicas não aproveitadas diariamente ou mais de sete vezes a capacidade do Sistema Cantareira, que é o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo.

O ano de 2021 foi o sexto seguido com aumento do desperdício de água no Brasil. Somente por vazamento, cerca de 3 bilhões de litros foram jogados fora, quantidade suficiente para abastecer 67 milhões de brasileiros em um ano e que supriria o dobro do número de pessoas que ainda não possuem acesso à água potável no Brasil.

Quais são as causas?
André Rossi Machado, coordenador de relações institucionais e comunicação do Instituto Trata Brasil, diz que esse desperdício acontece por razões como a falta de priorização da discussão do tema nas cidades, a ausência de investimentos no combate às perdas e até mesmo por ineficiência técnica. “Em um país ainda com tantas demandas sociais urgentes, talvez a baixa disponibilidade de recursos acabe gerando competição entre as várias demandas de onde esses recursos serão alocados. Por isso, é importante encarar o saneamento básico como prioridade absoluta nos municípios, visto que ainda existem 33 milhões de brasileiros sem acesso à água limpa.”

A água pode acabar?

Apesar de muitos pensarem que a água nunca acabará, o uso incorreto e desenfreado pode resultar na falta de água doce. De acordo com dados de 2021 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 1 bilhão de pessoas, sendo que 450 milhões são crianças, vivem em locais de elevada ou extremamente elevada vulnerabilidade hídrica. “A água doce representa apenas 1% de toda a água. Por isso, corremos o risco de a água potável disponível e acessível acabar. A escassez em diversas regiões do planeta já é, infelizmente, uma realidade”, explica Machado.

Embora o ciclo da água seja natural, a interferência humana é capaz de fazer com que ela se torne indisponível por conta dos altos custos exigidos para a sua reutilização. Por causa dessa realidade, Machado acrescenta que o Estado tem um grande poder e precisa investir em campanhas para o uso racional da água e de incentivo para que toda a população a utilize de forma consciente. Ele lembra ainda qual é o maior desafio para o aproveitamento adequado desse recurso: “são os sistemas ineficientes ou mesmo inexistentes de distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto. Para evitar o desperdício de água, o Estado deve investir e viabilizar alternativas para que seja alcançada a melhoria desses números”, conclui.

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Colaborador

Camila Teodoro / Arte: Edi Edson