ABADS encerra o primeiro semestre de 2025 com exposição “Releitura de Obras de Artes”
Iniciativa mobilizou a comunidade, transformando o aprendizado em uma verdadeira experiência lúdica e sensorial
A ABADS (Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social) — que há mais de 70 anos cuida de pessoas com Deficiência Intelectual (DI), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e síndrome de Down (SD) — realizou um inspirador projeto de releitura de obras de artes, de grandes nomes nacionais e internacionais, para encerrar as atividades do primeiro semestre de 2025.
“Reler” uma obra não é copiar, mas recriar uma obra já existente, adicionando ou retirando elementos e explorando diversos materiais.
A iniciativa mobilizou presidência e direção, professores e auxiliares, alunos e pais transformando o aprendizado em uma verdadeira experiência lúdica e sensorial. Mais do que recriar as obras de artistas plásticos, pintores, escultores, muralistas entre outros, de diversas épocas da História, especialmente contemporânea, o projeto estimulou a criatividade de cada um dos alunos.
“Acreditamos no talento que cada um tem”:
O objetivo principal desse processo foi ir além da recriação, estimulando, por exemplo, a capacidade de interpretação e a expressão artística. Bem como ampliar o repertório cultural dos alunos da ABADS de forma lúdica e envolvente.
- “Estamos muito felizes com esse resultado. Porque, hoje, a criança pega o celular e tem a rede social onde vê tudo isso (as obras, as histórias dos artistas). E aqui é uma coisa manual, que envolve o tempo desse aluno e desse professor. Não está na inteligência artificial, não está na internet. Lá é só uma foto. Aqui é, de fato, a arte. Então, a nossa intenção é esse desenvolvimento. Não é só cumprir um cronograma, que é necessário, mas mostrar que todos eles têm essa sensibilidade, esse olhar, essa capacidade. Fica claro o quanto a gente investe em pessoas, o quanto acreditamos no talento que cada um tem, e a participação dos alunos é fundamental. É muito emocionante vê-los se reconhecendo, apontando o trabalho exposto para mostrar que foram eles que fizeram. E validando, obviamente, o trabalho dos professores que, cada um deles, com a sua sala, conseguiu extrair o máximo de cada aluno”, destacou a presidente da ABADS, Rose Amorim.
A exposição “Releitura de Obras de Artes”:
E para celebrar o talento e a dedicação dos alunos com deficiência intelectual e autismo de nível de suporte 2 e 3, o projeto culminou na exposição “Releitura de Obras de Artes”, aberta aos familiares e à comunidade escolar.
- “É muito importante quando a gente dá essa referência para a criança. Vimos o quanto eles se dedicaram, se empenharam, com a ajuda dos professores, porque necessitam desse apoio, mas todos tiveram a sua participação. E a gente vê o quanto isso é importante para esses jovens, para essas crianças, no seu desenvolvimento. Quando é colocado diante de nós o desafio, a possibilidade, e conseguimos realmente fazer aquilo acontecer, traz uma satisfação pessoal muito grande. Então, vê-los aqui visitando a sua obra de arte, isso é maravilhoso. Todos os envolvidos estão maravilhados com o resultado final da exposição”, pontuou Marcia Rocha, relações institucionais da ABADS.
Experiência lúdica e sensorial:
Para este projeto, cada sala de aula mergulhou na biografia e no universo criativo de um grande artista, explorando estilos e técnicas únicas. A seleção incluiu uma diversidade de nomes brasileiros e internacionais: Candido Portinari, Romero Britto, Vincent van Gogh, Tarsila do Amaral, Eduardo Lima, Ivan Cruz, Claude Monet, J Borges, Gustavo Rosa, Waldomiro de Deus, Antônio Carlos Nicolielo, Takashi Murakami, Eduardo Kobra e Criola.
O professor Everton Dias contou como foi desenvolver este trabalho tendo como referência obras do brasileiro Ivan Cruz. A saber, nascido no Rio de Janeiro, o pintor, escultor, artista plástico e advogado retrata, na maioria de suas obras, brincadeiras de infância, entre outras temáticas infantis.
- “Trabalhamos com as obras do artista plástico Ivan Cruz que retratam brincadeiras da infância como pião, barquinho de papel, pular corda, bambolê, cabo de guerra e empinar pipa. Então, fizemos as releituras e também alguns projetos de brincadeiras no pátio da escola, um ambiente externo da sala de aula, que envolveram artefatos que o artista coloca na obra dele. Trabalhamos com tintas, pincéis, tampinhas e botões, por exemplo. Adaptamos as atividades para eles porque tem que ser uma coisa mais lúdica e sensorial. Tudo foi escolhido a dedo, para que conseguissem ter um desenvolvimento pedagógico e motor com as obras que foram apresentadas a eles”, explicou o professor.
“A gente observa todos esses trabalhos e os olhos brilham”:
Magali Pereira é mãe de Rafaela, de 20 anos, uma das jovens com síndrome de Down atendidas em sala pelo professor Everton. Ela contou que atividades como esta são muito importantes para a filha, que já vai completar 11 anos na ABADS.
- “Logo que entrou aqui, a Rafaela já começou a participar da dança e das apresentações. Ela também sempre fez as atividades de artes. E eu gosto desse tipo de trabalho, porque minha filha adora pintura. Depois, em casa, quando chegam os trabalhos que ela faz aqui, eu coloco tudo na parede do quarto dela e, estando ali, ela sabe que foi ela quem os fez (…) Diante de tanta dificuldade, sabemos que eles são capazes. A gente observa todos esses trabalhos e os olhos brilham. Você vê o jogo de cores, a colocação dos detalhes, a distribuição das cores. A Rafaela em relação à pintura é excelente. Ela faz do jeito dela e você capta o que ela realmente quis dizer com aquela pintura. Eu acho isso muito bom. Não é um trabalho só de artes, é tudo integrado. Eles aprendem a ter foco, acompanham as orientações, se desenvolvem”, disse.
Cada obra contou a história de um olhar dedicado:
O auditório da ABADS se transformou em uma grande galeria, onde cada obra contou a história de um olhar dedicado de um aluno. Mas também, do empenho de cada professor, como o de Renata Sayuri. Pedagoga, especializada em deficiência intelectual, psicopedagogia, atendimento educacional especializado e autismo, ela contou detalhes sobre o processo de criação e produção.
- “Procuro trazer o máximo de elementos para eles terem experiências diferentes e criarem novas memórias. E a seleção do artista brasileiro Gustavo Rosa foi uma surpresa, já que além de quadros ele também fez bastante esculturas. Fiz uma pesquisa grande e, conversando com as auxiliares, a gente procurou ver qual obra se encaixava melhor de acordo com cada aluno e necessidade. Procuramos adaptar materiais e trazer textura para eles conseguirem tocar na obra e sentir. Fizemos bastante coisa com materiais recicláveis como papelão e rolinho de papel higiênico. Porque aí não tinha perigo do aluno se machucar, de quebrar e ainda conseguia ficar livre para pintar”, relatou.
E concluiu:
- “Foi a primeira vez que a gente fez releitura de obras artísticas. Acho que o maior desafio não foi só a questão da participação deles, mas procurar o que eles conseguissem fazer com maior autonomia. Procuramos dar essa liberdade. Sobretudo porque não buscamos a perfeição, mas buscamos o trabalho deles, essa participação que é fundamental. E foi gratificante, tanto para nós quanto para eles. Os pais também vieram aqui para conhecer a exposição e já queriam levar o trabalho dos filhos para casa. Tem pais que guardam os trabalhos, sentem orgulho de ver a evolução que eles apresentam”.
Conheça mais a ABADS:
A ABADS atende cerca de 1200 famílias na área da educação, da saúde, de atendimentos terapêuticos, na assistência social, inclusão no mercado de trabalho, fazendo avaliações diagnósticas e dando orientações aos pais.
Há mais de 70 anos, a associação cuida de pessoas com Deficiência Intelectual (DI), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e síndrome de Down (SD).
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Abaixo, veja imagens do processo de criação e da exposição: