A paz que o mundo não conhece

Diante de tudo o que estamos vivenciando nos últimos tempos, cresce a busca por algo que não tem preço: a verdadeira paz. Mas, afinal, onde ela se encontra?

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Nos últimos cem anos, o mundo atravessou duas guerras mundiais, conflitos regionais e crises que reacenderam o temor de uma nova catástrofe global. Após a Segunda Guerra, surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), com o lema implícito de “nunca mais”, uma tentativa ambiciosa de criar canais permanentes de diplomacia e cooperação entre os países.

Tratados foram assinados, acordos de paz celebrados e até o Prêmio Nobel da Paz foi criado para reconhecer quem tenta promover a harmonia entre os povos. Mesmo assim, alianças se desfazem, novos conflitos surgem e tensões entre os países continuam sendo uma ameaça constante. Por que, diante de tanto avanço tecnológico e diplomático, a humanidade continua incapaz de viver em paz?

A resposta está dentro de cada um de nós. A violência em larga escala é, muitas vezes, apenas o reflexo ampliado de tensões individuais, sentimentos não resolvidos e mentes inquietas que carregam conflitos internos tão antigos quanto a própria História.

BARRIL DE PÓLVORA

O mundo se tornou insuportável e, muitos, uma espécie de barril de pólvora à espera de uma faísca. Pequenos atritos rapidamente se transformam em grandes explosões. Reações inesperadas, palavras duras e gestos violentos são respostas imediatas a qualquer frustração. A agressividade virou parte do cotidiano e o convívio, que antes dependia de paciência e diálogo, agora se fragiliza diante de impulsos descontrolados.

Essa tensão não está apenas em noticiários, guerras e atentados que abalam o planeta. Ela aparece também nas filas, onde a impaciência faz as pessoas se atacarem por minutos de espera; no trânsito, onde discussões viram tragédias; e nas redes sociais, onde opiniões divergentes viram motivo para ataques coletivos e cancelamentos.

EM UM MUNDO IMPIEDOSO

A ausência de paz começa no coração humano. Desde a queda no Jardim do Éden, o ser humano carrega uma inclinação ao egoísmo, à dúvida e às paixões. Essa tendência ajuda a explicar por que, mesmo com os avanços da civilização, continuamos repetindo velhos padrões.

A humanidade perdeu a paz quando escolheu andar sem Deus. As Escrituras resumem esse estado com clareza: “Os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” (Isaías 48:22). O termo “ímpio” vai além da imagem comum de alguém perverso – descreve quem, por ação ou omissão, decide viver distante dos princípios divinos. A impiedade revela um coração insubmisso, que troca a voz de Deus pela voz dos próprios desejos. E não é preciso uma guerra para destruir alguém por dentro: bastam culpas e ressentimentos que sufocam a alma.

PAZ DE VITRINE

Hoje, as distrações funcionam como anestesia: o consumo desenfreado, o entretenimento exagerado e o excesso de informação oferecem uma espécie de paz em doses pequenas. Mas essa paz de aparência, frágil como vidro, se quebra diante de qualquer crise: uma doença inesperada, uma perda irreparável, uma instabilidade financeira.

No fundo, estamos desesperadamente sedentos por paz. Olhe à sua volta: certamente há pessoas que lotam a agenda, como se isso fosse prova de algum valor, e que busca consolo em conquistas e sucesso profissional, tentando preencher um buraco que sempre existiu.

A falta de paz aparece na insônia, na ansiedade, na raiva pronta para explodir e na sensação de vazio mesmo depois de vencer. Enquanto a distância entre a criatura e o Criador não for superada, a paz continuará faltando, por mais que se tente esconder isso.

NOVO RUMO

A palavra hebraica para paz, shalom, significa mais do que ausência de conflitos. Ela transmite a ideia de estar inteiro – consigo mesmo, com o próximo e com Deus.

Nem toda calma é paz. A paz que vem de Deus não depende de situações favoráveis, mas protege a mente e o coração dos justos mesmo em tempos difíceis.

O Próprio Senhor Jesus falou sobre isso: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Ele é chamado de “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6) e, como diz Romanos 5:1, só quem é justificado pela fé pode experimentar essa paz que vem dEle.

A Bíblia está repleta de relatos de transformação pela paz divina:

  •  Jacó (Gênesis 35:10) vivia fugindo e enganando, mas encontrou descanso após se encontrar com Deus e receber um novo nome: Israel
  •  Ana, mãe de Samuel, chegou ao templo amargurada, mas ao derramar o coração a Deus, saiu diferente “e o seu semblante já não era triste” (1 Samuel 1:18)
  •  A mulher hemorrágica (Marcos 5:24-34, Lucas 8:43-48), depois de 12 anos de dor e exclusão, ouviu de Jesus: “Vai em paz” e foi curada e restaurada
  • O gadareno endemoninhado (Marcos 5:1-20, Lucas 8:26-39) foi liberto e ficou “vestido, em perfeito juízo e assentado aos pés de Jesus”
  • A mulher adúltera (João 8:3-11), humilhada e desprezada, ouviu de Jesus: “Eu também não te condeno” e recebeu perdão e a chance de recomeçar em paz

Em cada caso, a paz não apenas mudou o ambiente, mas redefiniu a história, a identidade e a vida de quem a experimentou.

PASSO A PASSO

Durante o programa Inteligência e Fé, da Rede Aleluia, o Bispo Renato Cardoso destacou três passos necessários para receber a paz: o arrependimento, que proporciona perdão e alívio na consciência; a decisão de abandonar o pecado, vivendo com integridade; e, por fim, o recebimento do Espírito Santo. “Quando o Espírito da paz habita dentro da gente, o fruto natural em nós é a paz”, afirmou.

Quando a pessoa reconhece que a vida que tem levado a afasta de Deus e decide abrir mão da própria vontade, ela se aproxima da paz que vem dEle. Independentemente de quem ela tenha sido ou do que tenha feito, Deus lhe oferece a paz que excede todo o entendimento (Filipenses 4:6-7).

HERANÇA DISPONÍVEL

“Só queria um pouquinho de paz.” Essa frase, tão comum nos desabafos, mostra mais do que o desejo de descansar – expõe como muita gente se contenta com migalhas, sem perceber que existe uma fonte inesgotável de paz. A maior tragédia é que o mundo aprendeu a se conformar com pedaços de paz porque não conhece quem Deus realmente é. Repetem esse pedido sem perceber que a resposta já foi dada por Deus através de Seu Filho: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (João 14:27). Essa falta de entendimento mantém multidões correndo atrás de soluções que não resolvem, presas a alívios temporários que só
adiam a angústia.

Enquanto muitos buscam momentos de calmaria que logo passam, acabam ignorando que a verdadeira fonte de paz está ao alcance de todos. E o mais importante: quem decide beber dessa fonte nunca mais precisará de pequenas doses, pois a paz que vem de Deus preenche e sacia toda a alma.

DO INFERNO INTERIOR À PAZ VERDADEIRA

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INFÂNCIA CONTURBADA

Minha infância foi marcada por medos e comportamentos agressivos. Desde muito pequena, eu tinha crises nervosas. Na escola, mordia as outras crianças. Sentia uma obsessão perturbadora por sangue. Eu via sangue e chegava até a salivar.

O PRIMEIRO DIAGNÓSTICO

Depois de ferir gravemente uma criança, com apenas três anos, meus pais foram orientados a buscar ajuda médica. Após alguns exames, veio o diagnóstico: eu tive um surto psicótico. Com o passar dos anos, os sintomas pioraram. Passei a agredir minha mãe, minha irmã e a mim mesma.

O QUE FALTOU?

Aos 18 anos, meus pais me deram um carro na esperança de que isso me acalmasse. O efeito foi o oposto: o carro virou uma arma nas mãos de alguém que não aceitava ser contrariada. Tive cartão de crédito com limite alto, uma coleção de 220 pares de sapatos, bolsas de grife, tudo o que, aos olhos dos outros, parecia sinônimo de felicidade. Mas nada preenchia o vazio. Eu não tinha paz e impedia que as pessoas a tivessem também.

COMPLEXOS

Minha angústia me levou a cortar meu próprio cabelo com uma faca e a quebrar espelhos por não suportar ver meu reflexo. Nossa casa virou um lugar de brigas: eu era uma ameaça sempre que pegava facas e tesouras. Vivíamos um verdadeiro inferno. Os complexos e as dores na alma me sufocavam. Vozes começaram a sugerir que eu acabasse com a própria vida.

UM REFÚGIO INESPERADO

Nesse período, minha mãe passou a frequentar a Igreja Universal. Ela levava Bíblias e propósitos para minha vida, mas eu não dava importância. Via vultos, ouvia vozes e tinha sede de morte. Cheguei a dizer que “iria para o inferno e tomaria o lugar do diabo”. Um dia, no centro de Belo Horizonte (MG), sentei no meio de uma avenida movimentada, sem perceber que estava em frente à Universal. Minha intenção era me jogar no primeiro carro que passasse. Curiosamente, os veículos vinham em baixa velocidade. Nada aconteceu.

UMA CONVERSA

Enquanto eu estava ali sentada, um pastor passou e perguntou se podia me ajudar. Foi aí que eu percebi onde estava e respondi que só entraria na Universal morta. Para minha surpresa, ele respondeu que eu iria morrer, se referindo àquela vida de tristeza. Afirmou que, se eu entrasse, obedecesse à Palavra de Deus e nada mudasse, ele mesmo me levaria ao topo daquela catedral e que não só eu pularia, como ele também pularia junto. Decidi entrar e foi ali que tudo começou a mudar.

A PAZ QUE VEIO DE DENTRO

Na Igreja, ouvi uma Palavra que foi como um socorro para mim. Lembrei-me de quantas vezes recusei Deus e disse “não” para Ele. Ao receber o Espírito Santo, minha vida mudou de dentro para fora. Os problemas externos continuaram, mas já não me afetavam como antes. Deus me alcançou: me tomou nos braços, me colocou em Seu colo e me deu a paz. Hoje, sou feliz de verdade.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Arte sobre foto Gettyimages;