A mágoa que adoece X o perdão que cura

Se inspire no maior exemplo de perdão e saiba como liberá-lo, mesmo que pareça impossível

Existem pessoas que frequentam a igreja e até estão envolvidas nos trabalhos evangelísticos, mas, quando observam suas vidas, percebem inúmeros problemas e até uma estagnação total. Por mais que se esforcem, elas não avançam e a vida delas parece travada. Elas não compreendem a razão de colher os frutos atuais, que são os problemas em diversas áreas da vida (conjugal, financeira, familiar, na saúde, etc.).

Muitas delas, se analisarem seu caso e forem humildes para reconhecer, notarão que a raiz de todos os males são as mágoas que insistem em carregar. É a falta de perdão que compromete a vida delas. Muitas pessoas fazem questão de recordar os fatos ruins que sofreram para “renovar” os sentimentos de rancor contra quem um dia lhes fez mal ou causou algum tipo de aborrecimento. Algumas vivem arrastando essa condição por anos, inclusive, há quem alimente mágoas até de quem já faleceu.

Quem alimenta tais sentimentos pensa que está fazendo mal aos seus desafetos quando, na verdade, só está prejudicando a si próprio ao se tornar prisioneiro de sentimentos malignos.

A Ciência já comprovou que a falta de perdão prejudica a saúde e que permanecer com rancor pode provocar consequências fisiológicas, como danos cardiovasculares e doenças autoimunes.

Estudos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) mostraram a relação entre a dificuldade de perdoar e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio. Além disso, guardar mágoa e rancor, assim como manter ódio e pensamentos negativos, inibe a produção de ocitocina, hormônio ligado à felicidade.

Em contrapartida, alguns estudos sugerem que perdoar diminui as chances de depressão e do uso de remédios, além de aumentar a satisfação com a vida. Fazer o bem, ser generoso e honesto sem esperar nada em troca produzem a ocitocina e outros hormônios do bem-estar, um dos motivos pelos quais o perdão faz tão bem.

Mas, para que traga esses benefícios, o perdão deve ser genuíno, do tipo que não espera algo em troca, como que o outro também peça perdão, que se arrependa pelo que fez ou que reconheça sua atitude. Perdoar é uma decisão pessoal que não leva em consideração a reação da pessoa perdoada.

É só depois de liberar o perdão que a vida da pessoa pode avançar, uma vez que a mágoa tira a concentração, a paz e até as forças do magoado. Como alguém conseguiria, por exemplo, se dedicar à sua rotina normalmente guardando rancor de uma pessoa que lhe fez mal ou como pode viver de forma saudável em família se nutre ressentimento por um membro dela? Manter a cabeça ocupada com esses sentimentos é o mesmo que escolher ficar cativo de uma situação desagradável e, preso a ela, é impossível viver o presente e construir o futuro.

Ainda que não pareça, todas as áreas da vida estão relacionadas e a falta de perdão é capaz de prejudicar cada uma e todas elas. Por isso, não adianta fazer o bem ao próximo, ser religioso ou se dedicar o quanto for se você mantiver a mágoa: sempre lhe faltará a paz e a força.

Perdoar é urgente e benéfico
Em seu blog, o Bispo Edir Macedo trata desse assunto. Ele afirma que o Espírito Santo é o Espírito do Perdão: “portanto, não há como recebê-Lo com o coração cheio de ódio, mágoas e ressentimentos. Perdoai e sereis perdoado (Lucas 6.37) foi a ordem de Jesus aos Seus seguidores. Desobedecer essa ordem é tão pecaminoso quanto o pecado imperdoável contra o Espírito Santo”.

De fato, o Senhor Jesus explica em Mateus 6.15: “…se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. Ou seja, para que sejamos perdoados por Deus, é preciso que perdoemos primeiro.

Você pode questionar como pode perdoar quem lhe fez tão mal. Mas saiba que, por mais difícil que pareça, Jesus jamais pediria algo impossível, pois Ele é Justo e soube o que é ser maltratado. Mesmo na cruz, Ele rogou ao Pai por seus malfeitores dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). Se o cristão é o imitador de Cristo, torna-se fundamental que peça ao Pai por quem lhe fez ou mesmo desejou mal. Cristo é o maior exemplo de perdão que a Humanidade já teve.

O perdão é um exercício que vai na contramão do coração (alma), que é onde são alimentados os ressentimentos. O coração quer guardar rancor, então como obrigá-lo a perdoar? Por meio da razão, da inteligência. Primeiro, decida perdoar, mentalize-se perdoando, apresente em oração o nome da pessoa e peça para que Deus a abençoe.

Não será fácil nem prazeroso no início, mas o Espírito Santo recompensará seu esforço de Fé e logo os sentimentos negativos não habitarão mais seu interior. Você então sentirá sua alma leve, em paz com Deus e com os homens e sua vida deixará de ser estagnada. Os benefícios do perdão ocorrem nos campos espiritual, pois seu relacionamento com Deus será muito melhor e nada o impedirá de receber O Espírito Santo; mental, ao evitar o sofrimento com a depressão ou infarto; e físico: já que a paz gera saúde, vigor e bom ânimo. Então, você vai seguir guardando mágoa ou se livrará desse peso prejudicial? A escolha é sua.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: Getty Images