A espera de Abrão (e de todos nós)

Em Gênesis, Abrão decidiu crer contra a esperança. Afinal, a Fé que dissipa dúvidas e a ansiedade precisa estar acima do que os olhos veem

Imagem de capa - A espera de Abrão (e de todos nós)

A Fé, que é “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11.1), tem a confiança como característica. Contudo muitos cristãos, ora ansiosos, ora mimados, pensam em desistir da Fé quando não veem acontecer o que tanto desejavam. Essa postura faz calar a Fé, aumentar as dúvidas e minguar a esperança.

Quando recebeu de Deus a promessa de que teria uma grande descendência, Abrão precisou crer contra a esperança e aguardar 25 anos até ver sua esposa que amava, Sarai, engravidar, apesar dela ser estéril e ter uma idade bastante avançada – cena retratada na superprodução Gênesis, da Record TV.

A fase atual da trama traz à tona a realidade de Abrão (Zécarlos Machado) e Sarai (Adriana Garambone), que vivenciam o ciclo natural da velhice: “E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.” (Gênesis 18.11). Alguns questionamentos foram retratados: afinal de contas, como surgiria uma grande nação de alguém (Gênesis 12.2) que não tinha ao menos um filho? Assim como naquela situação, as indagações de como Deus vai cumprir Sua promessa continuam a perturbar, sondar, testar e vitimar a Fé de muitos. O problema é que, onde não se vê a materialização do poder Divino pela Fé, acontece o improviso pelo “jeitinho” humano – e aí é que está o erro.

SUPERPRODUÇÃO
Quem acompanhou o capítulo 81 do folhetim pôde ver que Sarai propôs à serva Agar (Hylka Maria) que gerasse um primogênito com Abrão e cedesse a criança ao casal. Antes, Sarai avisa a Abrão que suas regras haviam cessado e que por isso o sonho de gerar um filho não existia mais. No entanto ela não imaginava que Agar já tinha dado a notícia a Abrão e que ele não tinha demonstrado uma fé abalada ou se aborrecido por conta disso. Em seguida, Deus faz uma Aliança com Abrão e pede para que ele conte as estrelas do céu, reafirmando que assim seria a descendência dele. (Gênesis 15.5).

IMPACIÊNCIA
Abrão ouviu a Voz de Deus quando tinha 75 anos (Gênesis 12.4). Ao menos dez anos tinham passado desde que a promessa havia sido feita e ainda não tinha se materializado. Então, aos 86 anos, por insistência de Sarai, Abrão teve um filho com Agar, Ismael, que representa o fruto da impaciência de Sarai e de todos os que se desesperam quando veem os anos passarem e a promessa de Deus não se cumprir. Ressentidos, ansiosos e preocupados, eles consideram o tempo de Deus uma eternidade e alguns, inclusive, chegam a abandonar a Fé.

AUTOCOBRANÇA
Sarai se culpava, se autocobrava e, certamente, se comparava por viver aquela situação – e há quem faça o mesmo hoje em dia. Muitos tentam comparar a sua vida com a dos outros, mas esse olhar crítico e, por vezes, espiritualmente mortífero, só aumenta a angústia. Como comparar o tempo da realização do sonho de cada um? Como não se entristecer pelo que ainda não foi realizado? Muitos cristãos, birrentos, esperneiam enquanto se ocupam com o que acontece na vida dos outros e não fazem a manutenção da sua Fé. Com isso, atrasam a realização dos próprios sonhos.

LIÇÕES
É preciso crer contra a esperança, mesmo quando “as circunstâncias são as mais desfavoráveis possíveis: os diagnósticos médicos, o desemprego, a falência, as dívidas, os credores, o tempo já esgotado, enfim, tudo o que os olhos naturais veem, o que os ouvidos naturais ouvem e o que o coração sente”, afirma o Bispo Edir Macedo em seu livro A Fé de Abraão. Ele completa dizendo que essas situações chegam como “uma avalanche diabólica para fortalecer as dúvidas contra a fé nas promessas de Deus”.

Já no livro O Pão Nosso Para 365 Dias, também de sua autoria, o Bispo Macedo explica que a atitude de Abrão traduz o que é a Fé sobrenatural: “Abraão, esperando contra a esperança, creu, segundo a Palavra que ouviu de Deus. Ele não tinha mais esperança aos olhos humanos, no entanto a certeza do cumprimento da Palavra de Deus o fazia esperar (…). Abraão (…) ignorou a sua condição (…). Ele sabia que nada poderia limitar o seu Deus. Esse foi o raciocínio de Abraão. Raciocínio daquele que vive pela fé inteligente”.

Para o Bispo, “não há nada mais sensato do que crer na Palavra que sai da boca de Deus, ainda que seja preciso deixar de acreditar no que seus olhos veem, no que suas mãos tocam, no que seus ouvidos ouvem ou nas sensações que você tem. (…) Não há sentido em duvidar.

(…) Se Ele prometeu, então pode colocar nisso a sua confiança. Espere contra a esperança, creia independentemente do sentimento”, finaliza.

imagem do author
Colaborador

Flavia Francellino / Foto: Reprodução