Éramos uma família comum
Cristiane Cardoso revela a admiração pelos pais e como era a convivência com sua irmã, Viviane. Acompanhe
Éramos uma família comum, o pai que trabalhava muito, a mãe que cuidava da casa e educava as filhas, e as filhas que brigavam o tempo todo, mas que não conseguiam ficar longe uma da outra. Por um bom tempo, eu fui a intérprete da Vivi, porque ela não conseguia falar as consoantes das palavras. Vivi fez muito “fono” para resolver isso, mas enquanto não se resolvia, ninguém a entendia …
E já que éramos unha e carne, eu acabei sendo a única que a entendia em casa.
E isso nos grudou ainda mais. Não sentíamos falta de amizades, tínhamos muita cumplicidade, e isso deixava nossos pais mais aliviados, já que não tinham como nos levar para passear ou ter uma vida social como as demais crianças tinham.
Lembro-me de ver nos meus pais essa mesma cumplicidade. Às vezes, um olhar dela para ele ou vice-versa e eles já estavam conversando sem que pudéssemos entender nada.
Cheguei a pensar que eles conversavam com os pensamentos.
Eles eram muito carinhosos, tanto com a gente quanto com eles mesmos. Minha mãe vivia chamando o meu pai de “meu pãozinho” e assim como ela o admirava, ela nos ensinou a admirá-lo também. Éramos três admiradoras do papai até que, de repente, começou haver outras e isso me incomodava demais. Como eu falei no post anterior, eu era bem ciumenta.
Uma vez, eu vi com os meus próprios olhos, uma mulher sentar-se na primeira fileira da igreja, de minissaia, e dobrar as pernas, dava para ver tudo. Fiquei injuriada e fui chamar minha mãe pra ver, ela só sorriu. Eu perguntei, “mas você não vai fazer nada? Olha só aquela mulher querendo chamar atenção do papai!” e ela me respondeu: “Eu não preciso fazer nada e nem vou dar pra ela a atenção que ela quer”.
Minha mãe era autoconfiante, não só por ser sábia e espiritual, mas porque conhecia o marido que tinha. A cumplicidade e a intimidade no casamento dos meus pais me fizeram desejar ser igual a ela quando eu crescesse. Meu sonho era crescer e me casar com um homem como o meu pai e ser uma esposa como a minha mãe.
A história continua…
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