Justiça determina prisão preventiva do médium João de Deus

Líder religioso é acusado de abuso sexual por mais de 300 mulheres

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O Ministério Público – GO pediu, nesta quarta-feira (12), a prisão preventiva do médium João de Deus. O líder religioso é acusado de abusar sexualmente de mais de 300 mulheres e ainda não se pronunciou sobre o pedido de prisão.

Desde a última sexta-feira (7), 330 mulheres foram à Justiça denunciar abusos sofridos nos últimos anos. Até mesmo a filha do médium, Dalva Teixeira, está processando João por pedofilia. Ela afirma que o pai a estuprou enquanto ela tinha entre 10 e 14 anos de idade.

“Ele é manipulador. Ele é mau. Ele é estranho, é diferente”, afirmou Dalva em reportagem transmitida pela Record TV. Embora seja filha de João, Dalva só o conheceu aos dez anos de idade. Isso porque seus pais tiveram apenas um breve relacionamento antes do nascimento da garota.

Logo depois que a encontrou, já primeiro dia, “ele tirou minha roupa toda, tirou a dele e ficou a noite inteira me molestando. Isso foi até os 14 anos, quando então eu me casei para sair de casa.”

Além de Dalva, pelo menos outras três mulheres afirmam que foram abusadas por João quando ainda eram crianças.

A prisão preventiva do médium João de Deus também tem origem em outros crimes

Além de ser acusado de abuso sexual por todas essas mulheres, João de Deus também responde por outros crimes na Justiça. O promotor do caso, Luciano Meirelles, não divulgou ainda quais são as outras acusações. Mas Dalva Teixeira já revelou uma: agressão.

A moça conta que, quando o pai soube de seu casamento, espancou Dalva a ponto de ela precisar ir ao hospital.

Um neto de João afirma que ele também foi espancado a mando do avô:

“Bateram em mim e no meu irmão. Eram pistoleiros, e um deles disse: Não é para matar. É só para dar um susto para eles saberem que estão mexendo com peixe grande.”

Outra acusação que já se tornou pública é de ameaça de morte. Dalva afirma que foi ameaçada e coagida a gravar um vídeo desmentindo as acusações em 2017.

Ainda no dia 12, João voltou ao centro espírita em que trabalha, mas se retirou após seis minutos, alegando pressão alta. Repórteres do país inteiro foram agredidos e ameaçados por seguidores do médium.

Suicídio e repercussão internacional

Uma das mulheres que denunciaram o médium por abuso sexual cometeu suicídio nesta quarta-feira (12). Conforme a ativista por direitos humanos Sabrina Bittencourt contou à imprensa, a mulher se desesperou ao saber que o centro espírita de João voltou às atividades.

Tantos casos chamaram atenção da imprensa internacional e mulheres do mundo inteiro realizaram uma campanha exigindo Justiça. A campanha se chama Combate ao Abuso no Meio Espiritual (COAME) e visa recolher depoimentos e auxiliar as vítimas.

Até mesmo a apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, que entrevistou o médium em 2012 e deu a maior repercussão internacional, retirou a reportagem de sua conta no Youtube. Em mais de 40 anos de carreira, é a primeira vez que Oprah faz isso.

Denuncie!

O Ministério Público – GO, responsável pelo caso, pede que todas as vítimas denunciem João de Deus. A fim de facilitar esse processo, foi criado um canal exclusivo para o caso: o e-mail denuncias@mpgo.mp.br. As denúncias também podem ser realizadas em qualquer delegacia do país.

Todas as denúncias permanecerão anônimas e, caso necessário, a Justiça fornecerá segurança para as vítimas.

O promotor Meireles explica que as investigações buscam outras provas, mas apenas o depoimento de vítimas pode ser suficiente para fechar a casa em que o médium atua e levá-lo à prisão.

Nesta quinta-feira (13), a polícia civil de Goiás concluiu a primeira parte do inquérito que investiga o religioso.
Assista no vídeo abaixo a reportagem feita pelo Jornal da Record:

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Colaborador

Andre Batista / Imagem: Reprodução R7