Olhe atentamente a foto na matéria. Você vê algo errado? Fica perturbado com alguma coisa? A fotografia mostra uma garotinha negra comendo sozinha e outras seis crianças brancas lanchando e se divertindo em outra mesa e foi tirada em uma pré-escola da província de Gauteng, na África do Sul.

A mãe da criança, Mosinyi Wanatsha, natural de Botswana, compartilhou a foto no Facebook com um desabafo sobre o racismo implícito na cena. “Embora cada país tenha seus desafios, nada prepara você suficientemente para uma experiência tão horrível como a que foi retratada nessa foto. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Para mim, essa falou as palavras mais horríveis e prejudiciais que já experimentei em meus 34 anos”, disse no texto.

Mosinyi revelou que já viveu em três continentes e que nunca viu nada parecido. Ela disse ainda que assim que recebeu a foto da própria escola deixou o trabalho e foi correndo buscar a filha, que já não estuda mais lá.

A repercussão da imagem fez com que o governo local investigasse o caso. O secretário Panyaza Lesufi foi pessoalmente ao estabelecimento de ensino ouvir a direção. De acordo com ele, o diretor explicou que havia oito crianças na turma no momento do incidente e que a coleguinha que estava lanchando com a filha de Mosinyi chorou e foi retirada da mesa no exato momento da foto. “Eu não acredito que haja uma desculpa e precisamos agir de forma decisiva”, afirmou.

Pelo que mostra a foto, o apartheid, regime de segregação racial que vigorou na África do Sul durante 46 anos e acabou em 1994, ainda está muito presente em pequenas ações que precisam ser revistas lá. Por outro lado, se no Brasil não tivemos a influência desse regime moldando a cabeça e a conduta das pessoas, muitas vezes, as atitudes delas, em determinados momentos, sugerem o contrário. O racismo aqui é tão presente quanto lá.

Muitos de nós podemos estar sendo preconceituosos sem ao menos perceber ou por acreditar que é algo normal. Por isso, é importante avaliar se você não tem tomado atitudes preconceituosas, desrespeitando seus colegas ou pessoas desconhecidas pelo simples fato de serem negros ou por terem uma condição financeira diferente da sua. Entender que essa mudança de pensamento e atitude é necessária é condição fundamental para acabarmos com essas situações vividas por Mosinyi e sua filha na África do Sul ou por qualquer outra pessoa no Brasil ou no restante do mundo.