Você não é responsável pela felicidade dos seus filhos
Saiba qual é a verdadeira responsabilidade dos pais
Você vai à casa de alguém com o seu filho pequeno e ele quebra algo ou destrata o anfitrião e a sua reação imediata é pedir desculpas pela atitude dele. Aí ele cresce, se torna um adolescente, e faz algo que afeta diretamente outras pessoas. Novamente é comum você querer se desculpar.
Mas você já imaginou o seu filho adulto, de repente até com família constituída, e você se desculpando pelos erros dele?
No Japão, onde são comuns as chamadas shazai kaiken — coletivas de imprensa em que é lido um pedido de perdão com a cabeça baixa e curvando-se diante dos jornalistas, feitas normalmente por executivos –, têm sido constantes também os pedidos públicos de pais por perdão pelos crimes cometidos pelos filhos já adultos.
Um caso que causou espanto foi o da atriz Atsuko Takahata. O filho dela, de 22 anos, foi acusado de abuso sexual e, antes mesmo que qualquer processo criminal tivesse início, ela pediu perdão publicamente, assumindo uma parcela da responsabilidade por qualquer ato que ele pudesse ter cometido.
Outro caso muito conhecido aconteceu em 2013, quando um apresentador de tevê não só pediu desculpas públicas como também pediu demissão depois que o filho, de 31 anos, foi preso por tentativa de roubo. O pai alegou ter uma responsabilidade moral como genitor.
É um traço bem peculiar da cultura nipônica, visando à convivência harmônica em sociedade, e isso inclui que os pais se responsabilizem por um filho criminoso ainda que eles mesmos não tenham feito nada. E há uma pressão grande — incluindo perseguição por parte da imprensa e protestos de outros cidadãos — para que essas desculpas sejam pedidas pelas famílias.
Mas isso está muito relacionado também com a forma como os japoneses se relacionam com os filhos, diferentemente da cultura ocidental. Eles pensam em seus filhos como posses, por isso respondem pela má conduta deles independentemente de suas idades. Ao contrário dos pais ocidentais, que veem os filhos como indivíduos.
Deixe-os colher as consequências
Seja como indivíduo, seja como posse, a verdade é que qualquer pai ou mãe tende a se martirizar quando parecem fracassar diante da árdua tarefa de educar os filhos. A frustração, a vergonha e o desespero de verem o sonho de filhos com bom caráter, bem-sucedidos e obedientes virar o oposto atormentam. E perguntas do tipo “onde foi que eu errei?” ou “por que o meu filho se tornou assim?” são constantes, em uma busca incansável por respostas.
Mas o que fazer quando o filho se tornou tudo o que você não queria, mesmo dando a melhor educação que pôde?
O bispo Renato Cardoso explica que estamos ligados aos nossos familiares por laços muito fortes e, por essa razão, acabamos tomando atitudes baseados nesses sentimentos, deixamos de fazer o que é certo, que às vezes vai até doer um pouquinho no nosso coração ou no coração da pessoa, mas é o certo. “Esse equilíbrio entre emoção e razão, quando não é atingido, torna a família desestabilizada, especialmente os filhos. Às vezes, você tem que deixar o seu filho descobrir que tudo aquilo que você ensinou para ele é verdade; o mundo vai mostrar para ele que é. Quando pais livram os seus filhos das consequências dos seus erros e acertos, eles nunca permitem que os seus filhos desenvolvam o senso de responsabilidade”, ressalta o bispo
Há uma passagem bíblica a esse respeito:
“Homem de grande ira tem de sofrer o dano; porque, se tu o livrares, virás ainda a fazê-lo novamente.” Provérbios 19.19
A pessoa que age de acordo com seu temperamento ruim precisa sofrer as consequências dessas atitudes. Se você o livrar, a pessoa não só repetirá o erro como você também terá que repetir o resgate.
O bispo destaca que na prática isso é difícil porque a reação normal de um pai e de uma mãe é resgatar o filho e poupá-lo de qualquer dor, mas às vezes é necessário um sofrimento para que haja maturidade e aprendizado e aquela pessoa não volte a repetir os erros — infelizmente o ser humano é assim.
Sua verdadeira responsabilidade
O bispo explica que a responsabilidade dos pais não é poupar o filho de sofrer e sim ensiná-lo a fazer as melhores escolhas. “Você não é responsável pela felicidade dos seus filhos. Você é responsável, como pai e como mãe, por ensiná-los a fazer essas escolhas. Se você ensiná-los a fazer as melhores escolhas, então colocará para eles a responsabilidade pela felicidade deles mesmos, e não sobre você”, destaca.
E ainda que pareça impossível, o bispo orienta os pais a treinarem as suas próprias mentes a pensar o seguinte: “Eu tenho que ensinar o meu filho a fazer as melhores escolhas, mas a decisão vai ser dele.” E se ele tomar a decisão errada, dentro da maturidade dele, deixá-lo com a consequência. Filhos precisam dessa consciência, e se os pais os poupam desse aparente dano, estarão fazendo um desfavor e serão escravos de sempre livrá-los das consequências, pois não aprenderão a agir por si mesmos.
Lembrando que agir assim não quer dizer ódio, indiferença. Deixá-los viver essa experiência não é rejeitá-los. Como pais, vocês estarão ali para quando eles quiserem a sua ajuda. “Quando você tem a confiança de ter feito um bom trabalho, não perfeito, mas o seu filho escolheu viver outra vida, outro caminho, deixe que aquele caminho mostre quem está certo no final”, conclui o bispo.
E lembre-se: fazer um bom trabalho na criação dos filhos é educá-los no caminho que devem andar, e mesmo depois de adultos eles não se desviarão (Provérbios 22.6).
Todos os domingos, às 18h, no Templo de Salomão e com transmissão ao vivo pelo Univer Vídeo, acontece a palestra Transformação Total de Pais e Filhos, com o objetivo de solucionar os problemas dessa relação. Não perca essa oportunidade de lutar por sua família.
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