Pai mata filho e se suicida

Assassinato ocorreu após discussão entre eles, em Goiás. Por que não somos capazes de evitar esse tipo de crime?

Imagem de capa - Pai mata filho e se suicida

Um pai matou o próprio filho e se suicidou em seguida no último dia 15, em Goiânia (GO). Guilherme Silva Neto, a vítima, tinha 20 anos e estudava matemática na Universidade Federal de Goiás (UFG). Como outros jovens, ele tinha interesse em assuntos como política e defesa dos direitos da mulher. Como outros jovens, ele participava de movimentos sociais e estudantis.

No Facebook, ele aparece em uma foto ainda menino, vestido com a fantasia de um herói de desenho japonês. A imagem mostra uma pose de samurai, mas seu ídolo não portava armas.

Guilherme foi morto a tiros pelo próprio pai, após uma discussão entre os dois. Segundo a Polícia Civil, o engenheiro Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, não aceitava o estilo de vida e as atividades em que o filho estava envolvido. O pai não admitia o fato de que o jovem estava engajado em movimentos estudantis.

A investigação da polícia indica que o conflito entre eles era constante. A mãe, uma delegada aposentada, tentava conter os ânimos em casa.

Morte

No dia 15 de novembro, pai e filho teriam tido uma discussão motivada pela reintegração de posse de uma unidade de ensino ocupada por estudantes. O jovem queria participar da ação, mas o pai não permitiu. O engenheiro, então, saiu de casa. O jovem teria saído em seguida. O pai surpreendeu o filho no meio da rua, próximo à Praça do Avião, e efetuou quatro disparos. Ferido, Guilherme chegou a correr. O pai o perseguiu de carro e atirou mais vezes. Depois, se debruçou sobre o corpo do filho e atirou em si mesmo.

Intolerância

Como outros jovens, Guilherme foi assassinado pela intolerância e pelo desrespeito ao que é diferente. Foi morto pela falta de amor ao próximo, uma carência grave que leva muitos seres considerados humanos a agir com estupidez. Guilherme foi executado pelo descontrole do porte de armas no País. Também foi vitimado pela falta de sensibilidade que impediu a busca de ajuda especializada para pai e filho. Guilherme foi morto pela banalização da violência, situação em que pessoas matam pelo simples fato de serem contrariadas. Até quando vamos aceitar tudo isso?

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Colaborador

Por Rê Campbell / Foto: Fotolia