Você sabe o que é endometriose?

Muitas mulheres ainda encaram os sintomas como algo comum à menstruação

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No Brasil, 53% das mulheres nunca ouviram falar de endometriose, segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), com apoio da rede farmacêutica Bayer. Os dados foram obtidos das entrevistas realizadas com 10 mil mulheres com idade acima de 18 anos, em 10 capitais brasileiras. Estima-se que a doença afete cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo 6 milhões delas só no Brasil.

O ginecologista Adolpho Kelm Junior, mestre na área de endometriose, explica que a doença é caracterizada pela presença do endométrio – mucosa que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina. “O endométrio é uma camada que cresce todos os meses, descama e é eliminada na menstruação”, diz.

Por questões fisiológicas, o endométrio fica mais espesso todos os meses. Trata-se de uma preparação do organismo para uma possível gravidez. Quando a gravidez não acontece, parte dele é eliminada durante a menstruação. Ou, pelo menos, deveria. Ocorre que, em algumas mulheres, o material migra no sentido oposto e se deposita na cavidade abdominal, ocasionando a endometriose.

Causas

Dados da SBE apontam que de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem ter endometriose. As causas ainda não estão bem esclarecidas. O ginecologista menciona ainda fatores relacionados à imunidade, ao histórico familiar e à alimentação rica em carne vermelha.

Sintomas

Entre os sintomas estão cólicas menstruais intensas e sangramento excessivo. “Há estudos que mostram que pode levar até sete anos dos primeiros sintomas até o momento que a mulher procura tratamento. Mesmo adolescentes que menstruam há pouco tempo e sentem dor devem relatá-la ao médico. Não é qualquer cólica menstrual que é endometriose, mas ela deve ser investigada”, orienta o médico. Irregularidade menstrual, dor durante a relação sexual e dificuldade para engravidar também devem ser observadas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é baseado em resultados de exames físicos, laboratorial e de imagem, como o ultrassom e a ressonância magnética. O tratamento vai depender do acometimento da doença e de dois objetivos, menciona o ginecologista: controlar a dor ou preservar ou restaurar a fertilidade. “Se a paciente não tem objetivo de engravidar e a principal queixa é a dor são prescritos analgésicos, anti-inflamatórios e anticoncepcionais para tentar bloquear a menstruação. Conforme o caso, se a dor é mais intensa e se a mulher tentou engravidar e não conseguiu, recorre-se à cirurgia. A laparoscopia é a melhor técnica nesse caso”, afirma o médico.

A precaução, como sempre, continua sendo o melhor remédio. “Há estudos que indicam que a atividade física melhora a endometriose, além de alimentação rica em verduras e vegetais”, finaliza Kelm Junior.

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Colaborador

Por Flavia Francelino / Foto: Fotolia