Equador elege governo conservador

País se volta contra a esquerda que o dominou nos últimos 14 anos

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O Equador renunciou às garras da esquerda e elegeu o conservador Guillermo Lasso (65) como seu novo presidente. A eleição ocorreu no dia 11 de abril e já foi reconhecida por quase todos os países do mundo, incluindo o Brasil.

Lasso (na foto acima com esposa e filhos) assumirá o Governo em 24 de maio com a missão de combater o alto índice de corrupção percebido pela população equatoriana. Antes dele, foram eleitos dois presidentes esquerdistas em sequência, que governaram de 2007 a 2021.

“Este é um dia histórico, um dia em que todos os equatorianos decidiram seu futuro, expressaram com seu voto a necessidade de mudança e o desejo de dias melhores para todos”, declarou o novo presidente após o resultado.

Quem é Guillerme Lasso

Guillerme Lasso é conhecido internacionalmente como um dos principais banqueiros do Equador. Entretanto, ao contrário de outros empresários renomados, sua riqueza e seu sucesso financeiro não foram herdados de seus pais.

Lasso nasceu e foi criado em Guaiaquil, maior cidade equatoriana. Sua família possuía poucos recursos financeiros até mesmo para sustentar os filhos, o que levou Lasso a começar a trabalhar já aos 15 anos de idade.

Seu primeiro emprego foi na bolsa de valores local. Lasso ascendeu rapidamente em sua carreira, chegando à presidência do Banco de Guaiaquil, onde permaneceu por quase 20 anos. No início dos anos 1990, chegou a liderar a Associação de Bancos Privados do Equador.

O banqueiro envolveu-se com política já em 1999, quando assumiu o Ministério da Economia. Desavenças com o então presidente centrista Jamil Mahuad o fizeram deixar o cargo apenas um mês após assumi-lo.

Nas últimas três eleições presidenciais equatorianas o banqueiro foi candidato, chegando a contestar o resultado das últimas eleições (2017).

Em 2021, Lasso recebeu 52% dos votos válidos, contra 48% de seu adversário esquerdista, apoiado pelo atual presidente, o impopular Lenín Moreno.

Desafios do próximo presidente

O primeiro desafio a ser enfrentado por Lasso é da pandemia de COVID-19. Apenas 2% da população equatoriana foi vacinada até o momento e o país ocupa a 34ª maior taxa de mortes por milhão de habitantes no mundo.

Outro desafio de Lasso estará na economia. O País já sofria dificuldades financeiras em 2019 e, no ano da pandemia, a economia recuou 7,8%, o que levou à quebra de empresas pequenas e médias e a um alto índice de desemprego (5% da população). Ademais, hoje 32,4% da população vive abaixo da linha da pobreza (com o equivalente a menos de R$ 140 por mês). Pior: 18,7% dos equatorianos vivem na extrema pobreza (ganham o equivalente a menos de R$ 85).

Atualmente, apenas 34% dos trabalhadores equatorianos têm empregos formais, que cumprem a legislação em relação a quantidade de horas trabalhadas, ao salário ou ao pagamento de impostos.

Mesmo assim, o candidato esquerdista prometia generosas doações em dinheiro e uma retomada das políticas socialistas, que levaram o país à atual situação.

À BBC, Lasso explicou que recebe um país com apenas 400 milhões de dólares na reserva, o que cobre apenas 20% dos gastos mensais do Governo:

“É também um governo com uma dívida que chega a 63% do Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas produzidas num determinado período), ao qual devemos somar atrasos com municípios, prefeituras, sistemas de seguridade social e com o Banco Central. A dívida chega a US$ 80 bilhões.”

À dívida interna do Equador soma-se a dívida externa, que deverá ser paga ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para recuperar a economia, o novo presidente defende a criação de empregos, o aumento do salário mínimo para 500 dólares mensais (o equivalente a R$ 2.859,35), o combate à corrupção e o aumento de investimentos estrangeiros.

“Acredito nas boas ideias e não nas ideologias” afirmou Lasso. Ele também prometeu acabar com as políticas de esquerda promovidas durante o governo de seus antecessores.

Ademais, Lasso promete expandir o setor agrícola por meio de empréstimos a juros baixos e reduzir progressivamente os impostos.

Para realizar todos os seus projetos, Lasso terá de convencer deputados e senadores, que, em sua maioria, pertencem à esquerda equatoriana.

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Colaborador

Redação / Foto: Getty Images