“Eu já estava morta e não sabia”

Na Fogueira Santa, Gabriella viu a oportunidade de obter nova vida, após ter tentado tirar a sua própria duas vezes

Imagem de capa - “Eu já estava morta e não sabia”

Na infância, Gabriella Salviano, hoje com 27 anos, morava com seus avós, que eram “referência de amor, carinho e cuidado”. Isso era reconfortante, já que seus pais haviam se separado. Mas sua vida mudou completamente depois que sua avó faleceu. “Fui morar com minha mãe e brigávamos muito”, recorda ela. “Eu tinha raiva de todo mundo. Não entendia o porquê da minha avó ter ido embora, ela era minha referência e eu não conseguia ter um relacionamento de mãe e filha com a minha mãe”.

Gabriella passou a ter problemas na escola ao brigar com professores e alunos, e a frequentar bailes e festas, chegando a fugir de casa para sair às sexta-feiras e só voltar nas segundas. Nessas festas, ela foi apresentada ao álcool: “eu tinha 15 anos e fiz da bebida o meu refúgio. Cheguei a ir à escola bêbada. Eu também era viciada na internet”.

Hoje, trabalhando como técnica em enfermagem, Gabriella conta que, naquela época, ouvia vozes, tinha visões perturbadoras e, consequentemente, problemas para dormir. Aos 17 anos, ela já não tinha paz e tentou suicídio pela primeira vez, fazendo uso de medicamentos. “Quando acordei dopada, me senti frustrada por não ter conseguido. Pensei que nem para morrer eu servia, então fui ficando com mais raiva e ódio”, lembra.

Uma verdadeira virada
O desejo pelo fim de sua vida fez com que ela perdesse a vontade de ir a festas e ficasse reclusa em casa chorando. Nem seu namorado conseguia entender o porquê de ela agir assim. Gabriella passou a virada do ano de 2011 para 2012 sozinha. “Logo depois, tentei suicídio de novo. Então minha mãe ligou para meu pai e pediu para ele me buscar porque ela não sabia mais o que fazer comigo. Eu estava tentando me matar, mas eu já estava morta e não sabia”.

A mudança de casa mudou também a vida de Gabriella. Seu pai frequentava a Universal e lhe convidou para ir à Igreja. Naquela noite, pela primeira vez depois de muito tempo, ela conseguiu dormir. “Fiquei maravilhada e, ao mesmo tempo, sem entender como tinha conseguido dormir tão bem. Comecei a frequentar as reuniões e meu pai me ungia todos os dias. Percebi que havia algo diferente”, conta.

A fogueira santa e a entrega total
Meses depois “veio a proposta da Fogueira Santa especial pela vida amorosa, no poço de Jacó”. Ela ouviu atentamente as orientações, entendeu a proposta de utilizar a fé em prol de uma transformação de vida e resolveu participar. “Mas decidi fazer pela minha vida espiritual. Peguei o envelope e disse a Deus: meu pedido é que quero viver. Quero ter vida, porque até hoje eu só sobrevivi e não consigo mais segurar as pontas. Não dá mais. Preciso da Sua ajuda”.

Disposta a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance, ela decidiu parar de beber, se afastou das amizades que a influenciavam negativamente, pediu demissão do emprego porque a empresa em que estava a obrigava a mentir para os clientes e passou a vender bombons na feira. “Também conversei com meu namorado, na época, e terminei o relacionamento. Sem entender, ele me perguntou se eu tinha outra pessoa e eu respondi: ‘ainda não, mas vou ter Deus’. Estava decidida a ter o Espírito Santo”, revela.

Sua maior conquista
Gabriella entregou-se completamente no Altar durante aquela Fogueira Santa. Ela tinha a certeza de que havia feito tudo o que Deus lhe pediu e continuou buscando o Espírito Santo em todas as oportunidades que tinha, não apenas na Igreja.

Dias depois, numa quarta-feira, sua oração foi audaciosa e ousada. “Falei a Deus: ‘tudo o que eu tinha que fazer, eu fiz. Tudo o que cabia a mim, eu fiz. Se eu morrer hoje e perder a minha Salvação porque não Te conheço, a culpa não é mais minha. Eu estou aqui e quero o Senhor mais do que tudo, não tem nada nessa vida que eu queira mais do que o Senhor’. E o Espírito Santo desceu, enchendo minha alma de alegria e vida”.

Ela passou a evangelizar, participar de grupos da Universal e, alguns meses depois, foi consagrada a obreira para auxiliar no ganho de almas. Aquela Gabriella que havia iniciado o ano sozinha e tentado dar um fim à sua vida, 365 dias depois, realmente havia morrido para dar lugar a outra. “Um ano após aquela virada de ano horrível eu passei a virada no Altar, buscando o Espírito Santo e servindo a Deus”, recorda.

Dez anos se passaram e Gabriella continua na Presença de Deus, feliz e realizada: “Deus me deu sonhos e restaurou meu relacionamento com minha mãe, hoje somos grandes amigas. O Espírito Santo e a Fogueira Santa mudaram a minha vida”. Hoje ela é conselheira voluntária na Força Teen Universal (FTU), onde auxilia adolescentes a conhecerem a Deus sem desenvolverem os problemas com os quais outrora ela teve de lidar na adolescência.

imagem do author
Colaborador

Laís Klaiber / Foto: cedida