Mexa-se, mas com inteligência
Tanto quem faz exercícios só por causa da aparência quanto os sedentários correm riscos diários e desnecessários que encurtam sua vida
Dois lados de uma moeda de valor discutível: hoje em dia há quem encare desenfreadamente uma academia à procura de beleza física – segundo padrões estabelecidos pela mídia –, enquanto outros cedem ao sedentarismo na base do “não estou nem aí”. Em ambos os casos a saúde é que sai perdendo. E feio, pois há diminuição da expectativa e da qualidade de vida.
Quem corre atrás da beleza preestabelecida pelos meios de comunicação – a minoria, na verdade – apela não só para academias e exercícios que são meros modismos como para as populares dietas da vez, quase sempre sem nenhum embasamento científico. E tome óleo disso, corte daquilo, água misturada a pós bizarros e outras medidas que “fulana fez e deu certo”, além de “fulano ficou ótimo evitando comer sei lá o quê”.
Médico na história, que é bom, nada. Sem falar nos “blogueiros fitness”, a maioria, curiosamente, leiga no quesito saúde ou educação física.
A outra parte da galera que corre risco à toa é o pessoal do “quanto menos esforço, melhor”. É o sujeito que tira o carro da garagem para ir à padaria que fica a duas quadras de casa, aquela que pega uma fila homérica para o elevador só para subir dois andares e, para quase todos esses, os ambientes mais frequentados da casa são o sofá e a geladeira. E tome obesidade e desnutrição (não de falta de alimentação, mas de comer desregradamente e não suprir o corpo do que ele realmente precisa ou nas doses certas).
Do lado do “pessoal que malha”, o erro é básico: a maioria não consulta um médico para saber o que pode e não pode fazer, não conta com o acompanhamento de um profissional de educação física reconhecido pelas entidades oficiais do ramo ou de um nutricionista. Fazer exercício de qualquer jeito pode causar sérios problemas à saúde ou lesões até permanentes, sem falar naqueles que tomam substâncias perigosas aconselhados por conhecidos.
Já o “povo do sofá” engorda, com trocadilho mesmo, as estatísticas de pessoas com sobrepeso perigoso à saúde em todo o mundo. Conforme publicado na revista Frontiers in Public Health, dados atuais coletados por instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outras tão renomadas quanto, denunciam que até 76% da população mundial está com excesso de gordura corporal (aparente ou não).
Não é pouco: são 5,5 bilhões de pessoas. Nessa categoria estão indivíduos com peso considerado “normal” com fatores de risco ampliados para doenças crônicas, como colesterol alto, gordura abdominal alta, e aqueles com evidente sobrepeso, como os obesos em geral. E 9% a 10% da população do mundo está perigosamente abaixo do peso, incluindo-se nessa lista os anoréxicos. Restam somente cerca de 14% dos seres humanos da Terra com peso considerado saudável.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), o choque também não é pequeno: 60% da população tem excesso de peso, dado comprovado em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os riscos à vida que a gordura em excesso traz estão doenças bastante temidas, mas contra as quais a maioria não se previne: as cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), as respiratórias e o câncer. Tudo, também, por causa da falta de exercício ou de sua prática errada.
Como não cair nessas armadilhas que, para um lado ou para outro, prejudicam tanta gente? Para quem pratica atividades físicas, a dica já foi dada acima: orientação médica, nutricional e de treinadores credenciados – e o devido respeito às indicações deles, claro, senão não adianta nada. Já para os sedentários, além de começarem a praticar exercícios, pequenas atitudes que os tirem da letargia podem favorecer sua saúde e seu bem-estar com reflexos visíveis, segundo a Abeso divulgou com base em estudos feitos no Brasil e no exterior (veja abaixo).
Levante-se da cadeira
Sem perceber, podemos ficar horas a fio sentados no trabalho ou no lazer (alguém aí pensou em TV e videogame?). Faça pausas para movimentar as pernas. Vale ir ao banheiro regularmente (e escolha um mais longe, se possível), beber água ou um cafezinho ou mesmo ficar de pé um pouco, se não puder se ausentar do posto de trabalho.
Evite as tentações “paradas”
Elevador, só quando for para andares muito distantes. Prefira as escadas sempre que possível – também evite as rolantes quando puder. Pequenos afazeres fora de casa nem sempre precisam ser feitos de carro ou de transporte coletivo, mas podem ser realizados a pé.
Relaxe em movimento
Em dias e horas de folga, tudo bem ver TV ou jogar seu videogame de vez em quando. Mas também esqueça o sofá para privilegiar caminhadas em lugares interessantes, andar de bicicleta e praticar esportes (mesmo que seja só por diversão), que, além de boas atividades físicas, promovem a socialização.
Boas companhias
Ao dar uma caminhada, jogar aquele futebol, dar umas pedaladas, que tal convidar outra pessoa que também tende a ficar parada? Ter um companheiro para tais atividades torna tudo mais prazeroso e beneficia a todos. E, no caso de quem optou por exercícios mais elaborados, é um incentivo a mais para não abandoná-los.
Coma direito
Você é daqueles que acham comidas saudáveis sem graça? Ledo engano. Pesquisar novas receitas ou lugares que as sirvam pode ser bem estimulante – e sim, muito saboroso.
Persista
Vai bater aquela vontade tentadora de ficar no sofá assistindo a maratonas de séries, encher a cara de guloseimas e ficar “de papo para o ar”, parado. Não deixe isso acontecer. Essas pequenas atitudes citadas fazem a diferença no todo. Tornando-as bons hábitos, você não vai mais aceitar aquela preguiça que tanto mal lhe fazia. Não deixe “a peteca cair” – até porque, nesse caso, é você quem cai junto.
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