Um País viciado?
4,9 milhões de brasileiros já fizeram uso de drogas lícitas ou ilícitas, aponta pesquisa. Especialistas afirmam que não há cura para a dependência, mas o que a Fé diz a você?
Uma pesquisa coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, apontou que 4,9 milhões de brasileiros entre 12 e 65 anos de idade já consumiram algum tipo de droga lícita ou ilícita. Os dados, disponíveis no Repositório Institucional da Fiocruz (Arca), fazem parte do 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira. De acordo com o estudo, a substância ilícita mais consumida no Brasil é a maconha, seguida da cocaína em pó. O consumo de medicamentos sem prescrição usados como tranquilizantes, o tabaco e o álcool também foram citados. A relação foi divulgada em 2019.
Já em nível global, o Relatório Mundial sobre Drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2017, revelou que 271 milhões de pessoas admitiram envolvimento com algum tipo de droga em algum momento. O número correspondia a 5,5% da população mundial à época. A faixa etária analisada foi de 15 a 64 anos de idade.
Os dados são preocupantes e a relação entre o consumo dessas substâncias e os malefícios à saúde é inegável. Muitos especialistas no tema apontam que a dependência química é considerada uma doença crônica, progressiva e sem cura, porém, tratável, e que, por isso, o dependente precisa de um acompanhamento multidisciplinar contínuo. Mas o que a Fé diz?

SEM RECAÍDAS
O mineiro Adriano Moraes teve um histórico familiar de vícios: seu pai era alcoólatra. “Cheguei a jurar para a minha mãe que ela nunca me veria com um cigarro entre os dedos e um copo de bebida na mão. Só que eu não sabia que vício era algo espiritual”, relata. Ele conta que, na adolescência, passou a fazer coisas piores do que seu pai fazia. “Passei a fumar, beber, cheirar cocaína e injetar heroína. Foram quatro anos de destruição total, de perdas e tormento. Por várias vezes vieram pensamentos e tentativas de suicídio. As tentativas de mudança foram todas em vão, mas a mim foi apresentada uma oportunidade e eu a agarrei com todas as forças”, coloca.
Há mais de 25 anos, Adriano se encontra curado, “sem abstinência ou recaída”, com uma vida nova. “Tudo isso por meio da Fé”, pontua. Adriano chegou à Universal nesse período e, desde então, ajuda pessoas que, como ele um dia, se veem presas a um vício. Atualmente em Minas Gerais, ele coordena o Tratamento para a Cura dos Vícios, realizado aos domingos, às 15 horas, na Universal que, como parceira da iniciativa, cede o espaço de suas catedrais espalhadas por todo o Brasil e em mais de 50 países no mundo.
Desde a existência do tratamento, há seis anos, mais de 5 milhões de pessoas foram beneficiadas, sendo quase 1 milhão só em 2020. Para a assistência necessária, a iniciativa conta com mais de 3 mil voluntários. O encontro “tem como objetivo ajudar os dependentes químicos a sair dos vícios e, principalmente, (ajudar) os codependentes. Muitas vezes, a família não sabe lidar com seu ente querido que está preso ao vício”, diz o especialista, que acrescenta que a tese de que vício tem cura se baseia no fato de que os vícios não estão, necessariamente, ligados a uma substância. “Um viciado em jogos não injeta, não inala, não bebe, mas tem os mesmos sintomas de um viciado em uma substância: tem abstinência, compulsão, irritabilidade. Nesse tratamento, provamos que o vício não está ligado à substância, mas a um espírito. É ele que está por trás da dependência e traz os sintomas de abstinência, culpabilidade, sentimento de impotência.”

ELA VIVIA NA CRACOLÂNDIA
Juliana Ribeiro Vasconcelos, de 34 anos (foto abaixo), atua na área da beleza como cabeleireira e micropigmentadora de sobrancelhas. Aos 17 anos, ela se afastou da Universal. “Ainda na escola, iniciei o uso de bebidas e maconha”, conta Juliana, que entrou em um relacionamento com um traficante. Logo, conheceu a cocaína. “Quando esse namorado foi preso, dei continuidade ao tráfico de drogas no lugar dele. Em uma operação, fui presa. Lá dentro (da cadeia), o envolvimento (com as drogas) só aumentou e, quando saí, a cocaína já não fazia sentido. Experimentei o crack em busca de um efeito mais forte.”
A jovem se tornou dependente. “Comecei a vender tudo que tinha e passava dias na Cracolândia. Perdi a credibilidade e o respeito, comecei a me prostituir e a roubar. Lembro-me de que, quando eu aparecia no portão de casa, via todo mundo guardando bolsa, objeto de valor, celular. Adquiri muitos problemas de saúde, como tuberculose, e cheguei a pesar 34 quilos. Ameaçava minha família porque achava que eles não me entendiam.”
Juliana recorda que precisava ficar dopada, mas que logo vinha a abstinência. “Pedia à minha mãe para me amarrar e me trancar no quarto. Aquilo era mais forte do que eu. Cheguei a ter três princípios de overdose. (Quando estava) há quatro dias na rua, usando drogas constantemente, me veio à mente que era melhor, para todos, eu acabar com tudo. Subi correndo na passarela e pulei de costas para não ver nada. A única coisa que disse foi: ‘meu Deus’.” Um caminhoneiro a viu pendurada e decidiu dar ré em plena rodovia. Ela caiu sobre o caminhão e não
teve ferimentos.
TRANSFORMAÇÃO
Juliana já conhecia o Tratamento para Cura dos Vícios, porém não colocava em prática o que era ensinado. Partiu de si mesma a decisão de obedecer. Ela se libertou dos vícios e a mudança completa aconteceu ao receber o Espírito Santo. “Hoje desfruto de uma vida transformada. Faço parte do projeto Vício tem Cura e sirvo a Deus como obreira.”
Se você quer mais informações, acesse o site viciotemcura.com. O tratamento ocorre por meio de reuniões aos domingos, sem a necessidade de internação, e o diferencial é que a familia do dependente pode participar. Em Belo Horizonte (MG), o tratamento acontece na Avenida Olegário Maciel, 1.329. Já em São Paulo (SP), ele ocorre na Avenida João Dias, 1.800.
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