Você deve conhecer aquele cara espaçoso, um tipo que não tem nenhuma consideração pelo espaço alheio. Esse é o folgado. Ele é um parasita em forma de gente que pensa da seguinte forma: “se vão fazer para mim, por que vou me esforçar?”O pior é que ele encontra mesmo quem faça. Só existe palhaço quando há plateia para aplaudir.

O folgado é facilmente reconhecível. Em qualquer lugar de uso coletivo, ele é o sujeito que se senta de pernas abertas. No caso do transporte público, paga apenas uma passagem, mas pensa que pode ocupar um assento e meio ou até dois. Ele tem algum problema que o impeça de se sentar como uma pessoa civilizada?

O folgado pode ser também aquele que põe a quase indefectível mochila no assento ao lado ou entre as pernas, perturbando o ocupante que está próximo dele. Se está de pé, não a tira das costas e atrapalha todo mundo. Pode também ser o que ouve música ou assiste a vídeos no celular em alto e bom som, sem fones de ouvido – mesmo que o uso deles seja determinado por lei em diversos espaços públicos.

Ele solta palavrões e não importa quem esteja perto dele. Fala alto. Faz barulho a qualquer hora e não considera a vizinhança que precisa descansar para trabalhar. Tem a brasileiríssima mania de furar filas. Sim, o folgado acha que seu tempo vale mais do que o dos outros.

Regras parecem ter sido feitas para todos, mas não para ele.

Quando está ao volante, desrespeita as leis de trânsito, mesmo que possa estar colocando a si ou a alguém em perigo. No caso de uma autoridade pará-lo, ele tenta oferecer propina, em vez de pagar a multa por seu erro, ou seja, é um adepto do execrável “jeitinho brasileiro”.

É por causa dessas pessoas folgadas – um comportamento que não é exclusividade da ala masculina, diga-se de passagem – que o País também apresenta tantos problemas.

Há folgados bem famosos que nunca admitem seus erros e vão se declarar inocentes até a morte, apesar de terem contra eles dezenas de provas. Mas de novo vem aquela história do palhaço e da plateia.

O folgado fere o sentido da palavra hombridade, que significa retidão de caráter, dignidade, honra e vem da raiz hispânica “hombre”. Isso mesmo: “homem”. Com base nisso, alguém sem respeito pelo próximo pode ser considerado o que, além de moleque?

Há um alerta importante quando falamos nesta questão: não espere ser visto como um homem de verdade se tiver atitudes de um folgado, tampouco reclame, pois você não merece mesmo ser observado assim. Para ser visto como tal, tenha atitudes condizentes com um ser humano civilizado, filho de Deus e homem de fato.

Um homem de verdade reconhece seu lugar perante seus semelhantes, os respeita e assim atrai o respeito deles. Aliás, esse é um recado que está nas Sagradas Escrituras: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mateus 7.12). Se ele se considera melhor, não aprendeu ainda a ser homem ou não deseja ser um.