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Cabeça de Bode


Quem já escutou duas crianças brigando, tentando disputar quem ganha o bate boca, deve ter percebido que pela falta de um argumento convincente, surgirão nomes de animais de todo tipo, e geralmente (não me pergunte o por quê) os insultos acabam se dirigindo a parte superior do oponente – cabeça de bagre, orelha de burro, nariz ladrão de oxigênio, e o famoso cabeção (sempre tem um na turma).

Quem é diferente em algum aspecto, sempre será alvo de ataques ☹.

Mas e quando isso acontece dentro de CASA? Quando você acaba sendo eleito o bode expiatório, o que foi escolhido para levar sozinho a culpa de todo caos, tragédia, calamidade e desastres que acontecem, e dos quais normalmente nem é culpado…
São inúmeros os filhos que se vêm como o próprio cabeça de bode, todo o tempo recebendo insultos, gritos, ameaças, vítimas de ataques de raiva de pais frustrados, que não encontrando onde descarregar sua ira resolvem faze-lo em quem menos condição de defesa tem. E sofrem por isso, ficam se questionando e se policiando o tempo todo, porque se acham culpados por provocar essa reação nos pais.

Eles não conseguem diferenciar quando você teve um mal dia, não tem a perspicácia de saber quando não devem se aproximar buscando um carinho quando você está cuspindo fogo, e nem deveriam ter que adivinhar qual das personalidades você vai manifestar agora – afinal, seguiremos sendo mãe e pai para eles, independente do dia do mês, da situação da empresa, da sua briga com o novo namorado.

Não é nada justo JOGAR sobre os demais os fardos que nem nós mesmo queremos carregar – muito menos sobre os que não estão emocionalmente preparados para isso. Não caia nessa tentação.

O bode expiatório, na sua versão original, acabava sozinho, isolado, desterrado, perambulando pelo deserto… Qualquer semelhança com a versão comportamental da atual geração não é mera coincidência.

Patricia Barboza