Casamentos no Antigo Israel
“Casamentos no Antigo Israel—Um Retrato do Messias” (artigo extraído da revista Return to God, Volume 1 Número 2, página 22).
O que as Escrituras querem dizer quando se referem à igreja como noiva e a Jesus como noivo? Será que é apenas uma linguagem rebuscada? Será que só serve para indicar o amor de Deus pelo Seu povo? Compreender as antigas práticas de casamento judaico ajuda a esclarecer as Escritura. O casamento é um retrato da aliança que Jesus fez e revela Seus planos de voltar para a Sua noiva, a Igreja. O povo do Antigo Israel entendia o que Jesus ia fazer porque eles entendiam o modelo do casamento. A analogia entre o casamento e Cristo e a Igreja é descrito em Efésios 5:31,32:
“Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.”
A seguir, temos um resumo das práticas de noivado e casamento judaicos em tempos remotos. Através de um paralelo, podemos ver como Jesus cumpriu a parte do noivado e como Ele vai cumprir o restante quando vier buscar a Sua noiva, a Igreja.
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: CONTRATO DE CASAMENTO E O PREÇO DA NOIVA
Quando um rapaz desejava se casar com uma moça no Antigo Israel, ele preparava um contrato ou acordo para apresentar à moça e a seu pai na casa dela. O contrato mostrava a sua disposição de prover para a moça e descrevia os termos sob os quais ele pretendia se casar. A parte mais importante do contrato era o preço da noiva—o valor que o rapaz estava disposto a pagar para se casar com ela. O pagamento deveria ser feito ao pai da moça em troca de sua permissão. O preço da noiva costumava ser bem alto. Os filhos eram considerados mais valiosos do que as filhas porque eram fisicamente mais capazes de ajudar no plantio e em outros trabalhos pesados. O preço da noiva compensava pelo gasto que a família da moça teve para criá-la e também mostrava o amor que o rapaz tinha por ela—a moça era muito valiosa para o rapaz! O rapaz ia à casa da moça com o contrato e fazia a sua oferta à moça e ao pai dela.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: CONTRATO DE CASAMENTO E O PREÇO DA NOIVA
Jesus veio à casa de sua noiva (terra) para apresentar o Seu contrato de casamento. O contrato de casamento apresentado por Jesus é a nova aliança, que concede o perdão dos pecados do povo de Deus. Jesus pagou o preço da noiva com a Sua vida. Ao partir o pão na última ceia, Ele falou do preço que estava pagando: “Isto é o meu corpo, que vós é dado…” (Lucas 22:19). Hebreus 9:15 deixa claro que Jesus morreu como o preço da nova aliança: “E, por isso, é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.” Outras referências bíblicas são: 1 Coríntios 6:19,20, 1 Pedro 1:18,19, Atos 20:28 e João 3:29.
O contrato de casamento, a nova aliança, é descrito em toda a Escritura: “[…] Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. […] Porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31:31-34).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: O CÁLICE
Se o pai da moça concordasse com o preço da noiva, o rapaz enchia um cálice com vinho e dava à moça. Se ela bebesse o vinho, era um sinal de que havia aceitado a proposta. A partir de então, o rapaz e a moça estariam noivos. O noivado era um compromisso de cunho legal, como um casamento. A única diferença era que o casamento ainda não havia sido consumado. Um noivado durava cerca de 1 a 2 anos. Durante esse tempo, a noiva e o noivo ficavam se preparando para o casamento e não se viam um ao outro.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: O CÁLICE
Assim como o noivo dava um cálice de vinho à noiva para que ela bebesse, e assim selasse o contrato de casamento, Jesus também serviu vinho aos Seus discípulos. Suas palavras descreveram a importância do cálice na representação do preço da noiva no contrato de casamento: “E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele Dia em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai” (Mateus 26:27-29). Os discípulos beberam do cálice, aceitando, assim, o contrato.
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: PRESENTES PARA A NOIVA
Em seguida, o noivo dava à noiva presentes especiais. O objetivo desses presentes era demonstrar o quanto o noivo apreciava a noiva. Eles também serviam para ajudá-la a se lembrar dele durante o longo período de noivado.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: PRESENTES PARA A NOIVA
Os presentes que Jesus nos deu são os dons do Espírito Santo: “Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito” (1 João 4:13).
Jesus descreveu esse presente em João 14:26,27: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: A MIKVÁ
Em seguida, a noiva participava da mikvá, ou banho purificador. Mikvá é a mesma palavra usada para o batismo. Até os dias de hoje no judaísmo conservador, a noiva não pode se casar sem a mikvá.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: A MIKVÁ
A mikvá, ou batismo, que Jesus providenciou para a Sua noiva foi o batismo com o Espírito Santo. Em uma ocasião, enquanto comia com eles, Ele lhes deu a seguinte ordem: “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:4,5).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: PREPARANDO UM LUGAR
Durante o período de noivado, o noivo preparava um quarto para a lua de mel. Esse quarto costumava ser construído no casa do pai do noivo. A câmara nupcial, como era chamada, tinha de ser um belo lugar para se levar a noiva. A noiva e o noivo passariam sete dias lá. O quarto tinha de ser construído de acordo com as especificações dadas pelo pai do noivo. O rapaz só poderia se encontrar com a noiva quando o seu pai lhe permitisse. Se alguém perguntasse ao noivo quando seria o casamento, ele dizia: “Não cabe a mim saber; só o meu pai sabe.”
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: PREPARANDO UM LUGAR
Assim como o noivo dizia à sua noiva que iria preparar um lugar para ela, Jesus disse aos Seus discípulos: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (João 14:2,3).
No Antigo Israel, o noivo só poderia tomar a noiva com o consentimento de seu pai. Da mesma forma, Jesus disse: “Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo” (Marcos 13:32,33).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: A NOIVA QUE ESPERA O NOIVO É CONSAGRADA
Enquanto o noivo preparava o quarto para a lua de mel, a noiva era considerada consagrada, separada ou “comprada por um preço”. Se ela saísse, deveria usar um véu para que todos soubessem que era comprometida. Durante esse tempo, ela se preparava para o casamento. Era de se esperar que a noiva tivesse guardado dinheiro durante toda a vida para aquele momento. Ela comprava cosméticos caros e aprendia a usá-los para ficar mais bonita para o noivo. Ela não sabia quando o seu noivo viria buscá-la; então, tinha de estar sempre pronta. Como era de costume os noivos virem buscar suas noivas no meio da noite, para “roubá-las”, a noiva precisava ter sua lâmpada e seus pertences sempre prontos. Suas irmãs ou damas de honra também ficavam à espera, mantendo suas lâmpadas preparadas em antecipação às festas tarde da noite.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: A NOIVA QUE ESPERA O NOIVO É CONSAGRADA
Nós, o povo de Deus, somos consagrados ou separados, aguardando a vinda do nosso Noivo. Deveríamos estar gastando este tempo nos preparando para a vinda de Jesus. Jesus usou a parábola das dez virgens à espera do noivo para ilustrar a necessidade de estarmos atentos à Sua vinda. “Então, o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. […] As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir” (Mateus 25:1-13).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: O NOIVO VEM BUSCAR A NOIVA
Assim que o pai do noivo via que a câmara nupcial estava pronta, ele dizia ao noivo que podia buscar a sua noiva. O noivo raptava a sua noiva secretamente, como um ladrão na noite, e a levava para o quarto que havia preparado. Quando o noivo se aproximava da casa da noiva, ele gritava e tocava o shofar (um trompete feito com um chifre de carneiro), dando à noiva uma espécie de aviso para recolher os seus pertences. O noivo e o seu amigo entravam na casa da noiva e levavam a noiva e suas damas de honra.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: O NOIVO VEM BUSCAR A NOIVA
Assim como o noivo vinha buscar a noiva no meio da noite, com um grito e o som de um shofar, o Senhor virá para nos buscar. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (1 Tessalonicenses 4:16,17; 5:1,2).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: SETE DIAS NA CÂMARA NUPCIAL
O noivo levava a noiva para o quarto de núpcias, onde ficariam durante sete dias. O amigo do noivo ficava esperando do lado de fora, à porta do quarto. Quando o casamento era consumado, o noivo contava ao amigo que estava à porta, e o amigo saía anunciando aos convidados que estavam reunidos. Os convidados celebravam durante sete dias até que a noiva e o noivo saíssem do quarto de núpcias.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: SETE DIAS NA CÂMARA NUPCIAL
A antiga escatologia judaica ensinava que um período de sete anos de angústia viria sobre a terra antes da vinda do Messias. Durante esse período de angústia, os justos seriam ressuscitados e entrariam na câmara nupcial, onde estariam protegidos. Hoje, esse período de sete anos é conhecido como tribulação.
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: AS BODAS
Após sete dias na câmara nupcial, a noiva e o noivo saíam para participar de uma festa com amigos e familiares. Havia muita alegria e celebração durante essa festa. A festa concluía a celebração do casamento.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: AS BODAS
Assim como a noiva e o noivo comemoravam com um alegre jantar de casamento, Jesus e a Sua noiva, a Igreja, vão celebrar o casamento. “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo-Poderoso, reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Apocalipse 19:6-9).
CASAMENTO DE ANTIGAMENTE: INDO PARA CASA
Após a ceia de casamento, a noiva e o noivo deixavam a casa do pai do noivo, onde a câmara nupcial havia sido construída. Eles iam para a sua própria casa, a qual o noivo havia preparado.
A PARTE QUE JESUS CUMPRIU: INDO PARA CASA
Assim como a noiva e o noivo deixavam a ceia de casamento para irem para a casa que o noivo havia preparado, Jesus e a Sua noiva também irão para a sua nova casa. “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. […] Vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, […] E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Apocalipse 21:1-10).
Baseado no padrão dos casamentos antigos, vemos que, à semelhança do noivo de tempos antigos, Jesus veio à casa de Sua noiva para o noivado, fez uma aliança com a Sua noiva e selou-a com um cálice de vinho, pagou pela noiva com a Sua vida e deu à Sua noiva os dons do Espírito Santo. Nós, a noiva (a Igreja), atualmente aguardamos a vinda do nosso Noivo para nos levar à câmara nupcial (o arrebatamento) onde ficaremos durante sete anos (enquanto a tribulação acontece na Terra). Nós, então, celebraremos as Bodas do Cordeiro e, em seguida, iremos com o nosso Noivo para a nossa nova casa, a nova Jerusalém.