Qual veneno o seu prato esconde?

Pesquisa divulgada pelo Greenpeace mostra que 36% dos alimentos possuem agrotóxicos em nível acima do permitido

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Você sabe o que você come? Um levantamento inédito divulgado pela organização ambiental Greenpeace revelou que 36% dos alimentos comercializados nas cidades de São Paulo e Brasília possuem resíduos de agrotóxicos acima do limite permitido. O estudo mostrou ainda a presença de resíduos que são proibidos no Brasil.

A análise, feita pelo Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Biológico de São Paulo, considerou alimentos como arroz branco e arroz integral, feijão-preto e feijão-carioca, pimentão verde, mamão formosa, tomate, couve, laranja, café, banana-nanica e banana-prata.

Os itens foram divididos em 50 amostras e, desse total, 30 continham resíduos tóxicos e 13 apresentavam resquícios de agrotóxicos não permitidos no País. Em duas amostras de pimentão – uma de cada cidade –, por exemplo, foram encontrados sete tipos de resíduos e alguns até mesmo proibidos para uso nesse alimento.

Um dos grandes riscos observados por especialistas é a interação dessas substâncias. Um verdadeiro “efeito coquetel”, pois não se sabe o que a mistura dessas moléculas pode gerar ao corpo humano.

Outro exemplo que chamou a atenção foi a análise do mamão. Três das quatro amostras da fruta indicaram o “efeito coquetel”, com a presença de resíduos de diferentes pesticidas. Em duas delas foram encontradas a presença da substância “procloraz”, proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde fevereiro de 2016.

Perigos

Os alimentos analisados foram adquiridos em duas cidades brasileiras, mas o Greenpeace sinaliza que o cenário não é diferente em outras regiões do País. Os perigos são enormes e diversos estudos indicam que os agrotóxicos podem causar alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, cânceres, entre outros problemas. Sem contar os danos que o uso desordenado pode gerar aos ecossistemas, comprometendo a vida de diversas espécies de fauna e da flora. Vale destacar que o Brasil, desde 2008, é o País líder em uso de agrotóxicos.

A falta de fiscalização adequada por parte dos órgãos reguladores impede que o uso limitado e permitido dessas substâncias seja cumprido. Dessa forma, a utilização de agrotóxicos que sustentam um modelo industrial de produção é feita de forma desordenada e, por consequência, traz prejuízos à saúde pública. O consumidor não sabe, de fato, o que está levando para a mesa e oferecendo à família.

Limpeza

Para evitar a ingestão de agrotóxicos, é adequado consumir frutas e hortaliças orgânicas. Elas são livres de pesticidas, mas possuem um custo muito alto. Por isso, caso não seja possível adquiri-las, é importante manter alguns cuidados na hora do consumo. Lave bem o alimento, deixe-o de molho em solução de 1 litro de água e uma colher de sopa de bicarbonato de sódio por cerca de 30 minutos. Enxague bastante. Esse cuidado pode reduzir a presença dos aditivos e diminuir a incidência de contaminação. Cuide sempre da sua saúde e da qualidade dos produtos adquiridos.

Dez frutas e legumes com maior teor de agrotóxicos

Levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliou 2.488 amostras de 18 tipos de alimentos. Confira, ao lado, o percentual das amostras inadequadas para o consumo de acordo com o alto teor de pesticidas

1º Pimentão 90%
2º Morango 63,4%
3º Pepino 57,4%
4° Alface 54,2%
5º Cenoura 49,6%
6° Abacaxi 32,8%
7º Beterraba 32,6%
8° Couve 31,9%
9º Mamão 30,4%
10º Tomate 16,3%

Fonte: Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos (Para), da Anvisa

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Por Redação / Fotos: Fotolia