Vovôs e vovós mais conectados

Geração acima dos 60 anos tem aproveitado mais os recursos da internet no cotidiano

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A internet já não tem mais aquela cara de algo feito só para os jovens. Eles podem ser maioria, mas a geração acima dos 60 anos está chegando com tudo e, pelo jeito, para ficar. Com seus computadores, tablets e celulares à mão, essas pessoas já realizam atividades do dia a dia como compras, educação, atualização das notícias, procedimentos burocráticos, redes sociais e interação com parentes e amigos.

Em 2020, a pandemia incentivou e até forçou o ingresso de vovôs e vovós no mundo virtual.
Os mais velhos até poderiam ser mais avessos ao que é digital, com algumas exceções, entretanto cresce o número dos que utilizam a internet, o que traz benefícios e riscos, dependendo de como a ferramenta é usada. Uma pesquisa recente feita pela Kantar Ibope Media, líder mundial em inteligência de mídia, mostrou que no Brasil 66% dos idosos com acesso à internet interagiram nas redes sociais em 2020.

Destes, 85% entraram em sites para saber de produtos e serviços, sendo que 75% efetuaram compras – incluindo a de comida entregue em casa.

Os vovôs e vovós digitais não são ignorados pelo mercado. Pelo contrário: os compradores on-line de 61 anos ou mais representaram nada menos que 6% do faturamento do e-commerce em 2020 (R$ 7,7 bilhões, contra R$ 4,6 bilhões em 2019), segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm).

A interação com a família e os amigos distantes durante o isolamento imposto pela pandemia também cresceu muito, com a adesão de 95% dos idosos a aplicativos como o WhatsApp no ano passado, segundo a Kantar Ibope.

Calebe digital

Uma dessas pessoas conectadas à família é Vera Lúcia de Andrade, de 60 anos, de São Paulo. Ela até já acessava a internet em computadores desde 2015, mas a praticidade do smartphone a conquistou: “eu tinha muita dificuldade com o celular, mas o Grupo Calebe, com os cursos que oferece aos idosos sobre a internet, me ajudou muito. Até falava um pouco com a minha família por mensagens e áudio, mas não sabia tirar e mandar fotos, fazer chamadas em vídeo, entrar em alguns sites. O grupo me ajudou muito e hoje tiro tudo isso de letra”.

Os pais e nove irmãos de Vera moram no Espírito Santo, o que gerou uma grande ramificação de sobrinhos e demais parentes distantes dela, quase todos ligados hoje pela internet. Para ela, o Calebe resolveu um problema recorrente: “geralmente, quando um idoso quer algo na internet e não consegue, deixa de fazer ou pede ajuda a alguém mais jovem. Só que a pessoa costuma fazer e não nos ensina. Quando soube que o Calebe ensinava, me interessei. Com as aulas presenciais suspensas pela pandemia, os membros continuaram a nos ensinar on-line, com atividades e mais cursos que considero um marco na minha vida, e não preciso mais pedir tantos favores”.

Benefícios e riscos

Mas a internet tem seus perigos. “Tem muita gente querendo aplicar golpes em idosos, mas o Calebe ensina a não abrir links suspeitos, por exemplo, o que nos causava mais problemas”, diz Vera. “A Universal tem muito cuidado com quem participa de suas atividades. Hoje, sei que não devo entrar em qualquer site. Nos orientam também a não ficar tanto tempo conectados, pois é mesmo uma tentação.”

Vera se conecta aos parentes por meio da internet, lê a Bíblia, acompanha o noticiário e agora até ajuda outras pessoas com sua experiência digital. Recentemente, ensinou um casal de amigos a tirar fotos e fazer vídeos para mostrar os produtos que a filha deles vende na loja on-line de roupas que abriu. “Eu prefiro comprar presencialmente, mas quando precisar ser pela net, farei sem problemas”, diz.

Não só para jovens

O Bispo Antônio Santana, responsável pelo Calebe, destaca o alcance do projeto: “muitos idosos acham que aprender a mexer com as tecnologias não é para eles e que já estão ultrapassados. O Calebe tem mostrado que isso é possível e que eles são capazes de aprender, pois as ferramentas básicas fazem com que estejam mais perto da família, dos amigos e possam usar a internet para aprender coisas novas”.

A internet, inclusive, é uma via de mão dupla para o Calebe: “principalmente neste período de pandemia, acompanhamos muitos idosos virtualmente, desde os atendimentos até o apoio social. Os ensinamentos seguiram on-line durante o mês de janeiro e hoje vemos o resultado: muitos Calebes já conseguiram se inteirar. Usando a sabedoria, é possível fazer da internet uma aliada em qualquer idade”, finaliza.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty Image e Cedida