Você usa a IA ou é usado por ela?

Veja quais os limites para utilizar a ferramenta que 54% dos brasileiros estão acessando

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O Brasil foi o quarto país que mais acessou o ChatGPT em 2024 e ficou atrás somente dos Estados Unidos, da Índia e da Indonésia, segundo uma pesquisa da empresa de marketing digital Semrush. O ChatGPT é baseado em inteligência artificial (IA) generativa, mas há outros tipos de IA: eles são usados em aplicativos que recomendam rotas no GPS, na sugestão de conteúdos em redes sociais e plataformas de streaming de filmes e de música e, muitas vezes, seu uso nem é percebido.

Bengala

Outro levantamento, elaborado no início deste ano pela Ipsos e pelo Google, apontou que 54% dos brasileiros usam IA generativa para criar novos conteúdos, como textos, imagens, músicas, vídeos e até mesmo códigos, enquanto a média global ficou em 48%. Contudo quais os efeitos colaterais quando se decide deixar tudo na mão da IA? Perderemos a criatividade? Nos tornaremos menos inteligentes e ficaremos mais preguiçosos com a IA, que se tornará uma bengala para nos apoiarmos sempre?

Disponibilidade fácil

Para Luis Molla Veloso, especialista em gestão de tecnologia e head de produtos da Vindi, vertical de serviços financeiros da Locaweb, o aumento do uso da IA tem relação com a praticidade da ferramenta. “Não é preciso saber programar nem ser especialista em tecnologia e qualquer pessoa pode usá-la no computador ou no celular. Ela funciona como ‘ajudante virtual’ e está disponível na internet, muitas vezes com versões gratuitas. Assim, cada vez mais pessoas estão usando a IA no trabalho, nos estudos e até no dia a dia”, declara.

Criatividade humana

Segundo Veloso, a IA é excelente na solução de problemas, oferecendo sugestões, organizando informações e simulando cenários. “Se alguém quer economizar tempo ou dinheiro, a IA pode sugerir rotas mais rápidas, cardápios econômicos ou até dicas para estudar com mais eficiência. Assim, ela funciona como uma parceira no dia a dia. Porém é importante lembrar que a IA dá sugestões com base no que já existe. A criatividade humana continua sendo essencial para criar algo realmente novo e fazer escolhas com empatia e bom senso”, avalia.

Uso consciente

Elaine Coimbra, fundadora e CEO da Foster, agência digital e fábrica de software especializada em inteligência artificial e transformação digital, reconhece os benefícios da ferramenta, mas afirma que ela deve ser usada com cuidado. “Se você engole tudo o que ela diz sem checar, pode cair em fake news, porque às vezes ela ‘chuta’ respostas que parecem certas, mas não são. Usá-la para criar deepfakes ou manipular pessoas é outro problema com impactos éticos sérios. Temos ainda a questão da privacidade quando você inclui dados pessoais sem pensar. É preciso usá-la com consciência”, alerta.

Isolamento

Para Veloso, é errado pensar em entregar todas as tarefas para que a inteligência artificial realize. “O uso excessivo da IA pode contribuir para o isolamento social, dificultar a comunicação entre pessoas e gerar ansiedade. Confiar demais na inteligência artificial pode fazer com que as pessoas deixem de desenvolver suas próprias capacidades. A IA é uma ferramenta e não uma substituta do pensamento humano. Quando tudo é feito por meio da IA, existe o risco de se perder o senso crítico, a criatividade e até o domínio sobre as tarefas mais simples”, adverte.

IA e filhos

Para os pais que se preocupam com o uso da IA pelos filhos, ele recomenda explicar a eles que nem tudo que ela diz está certo. “Isso ajuda a criança a usar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem aceitar tudo automaticamente. É recomendável usar ferramentas seguras, com filtros apropriados para crianças e monitorar o tipo de conteúdo que foi gerado. Alguns sites e aplicativos possuem versões voltadas para o público infantil”, orienta.

Trabalho humano

Embora existam desafios, Elaine não considera que a IA substituirá o trabalho humano: “Ela substitui algumas tarefas, como digitar dados ou responder perguntas simples no atendimento, mas não todo o trabalho humano. Ela não dá conta de coisas que exigem criatividade, empatia ou decisões éticas, como ser psicólogo, artista ou líder. Além disso, ela precisa de humanos para corrigir erros e dar o norte”, opina.

Toque pessoal

Ela recomenda a quem queira usar a ferramenta que aja com calma. “Comece pelo básico. Escolha uma tarefa que queira otimizar, como escrever e-mails ou criar relatórios, e teste ferramentas grátis. Veja tutoriais no YouTube para entender como tirar o melhor proveito. Use a IA para ajudá-lo, mas sempre revise o resultado e bote seu toque pessoal”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Blue Planet Studio/getty images