Você se sente seguro?

Por causa da criminalidade no País, 50% dos brasileiros afirmam que se sentem inseguros ao sair de casa. Entenda as dificuldades para combater o crime e as necessidades da segurança pública

Imagem de capa - Você se sente seguro?

A criminalidade nas grandes cidades do Brasil tem ocupado lugar de destaque no noticiário e gerado preocupação entre os brasileiros. Em São Paulo, a capital mais rica e populosa do Brasil, dados da Secretaria de Segurança Pública, divulgados recentemente pelo governo do Estado, revelam parte do problema. No primeiro bimestre do ano, foram registrados 93.008 furtos, o que representa um aumento de 1,61% em relação ao mesmo período de 2024. Ocorrências envolvendo estupros tiveram aumento de 13,51%, com 2.487 casos, enquanto os casos de lesão corporal dolosa cresceram 13,07%, com 27.529 registros.

Já o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que 15 das 50 cidades com maiores taxas de roubo e furto de celulares estão no Estado de São Paulo. Outros dados do Anuário confirmam que a criminalidade e a insegurança não são uma questão pontual, mas um problema presente no contexto geral do País.

Medo: um sentimento em comum

A percepção de insegurança faz parte do dia a dia de brasileiros de todos os perfis: homens e mulheres, idosos e jovens, ricos e pobres – pelo menos é o que indica uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), em parceria com o Instituto para Reforma das Relações Estado e Empresa (Iree) e a BRZ Consultoria. Segundo o levantamento, 50% dos brasileiros dizem se sentir inseguros em sua comunidade, bairro ou localidade. Entre os entrevistados, 53% avaliam a segurança pública como ruim ou péssima.

Para muitas pessoas, situações corriqueiras, como a aproximação de uma moto enquanto estão andando na rua, já são motivos para ter medo. Algumas buscam se proteger trocando alianças de ouro por materiais menos nobres e evitando usar itens valiosos.

A proteção começa pelo Estado

As estratégias em prol da segurança pessoal não devem partir unicamente da população. Como estabelece o Artigo 144 da Constituição Federal, a segurança é também um dever do Estado.

Foi com o objetivo de ser responsável pela ordem pública em todo o território nacional que foi instituído o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Cumprir essa finalidade, porém, depende de uma cooperação estruturada e conjunta entre os órgãos de defesa, como afirma Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil e secretária de Segurança Pública Municipal de Santos: “A interoperabilidade dos sistemas é essencial para reduzir tanto os índices objetivos de criminalidade quanto a sensação subjetiva de insegurança dos brasileiros”.

No entanto, a política de segurança não é garantida apenas por ideais: ela precisa de investimento. “O crime só pode ser combatido de forma eficaz com ações integradas, articulação de pessoal altamente capacitado, garantia de proteção aos operadores, equipamentos adequados e, principalmente, vontade política”, declara Raquel.

A eficiência depende do reforço

Entre os itens incluídos na Constituição como solução para manter a ordem pública e proteger a população está o policiamento ostensivo e, apesar de muitos considerarem a sua execução ineficiente, isso não é verdade. Segundo o FBSP, o País ultrapassou a marca de 796.180 profissionais efetivos nas forças de segurança pública. No entanto, para que eles assegurem o bem-estar da população, é preciso uma assistência personalizada, conforme as necessidades da comunidade, e a ampliação no quadro de agentes, esclarece Raquel.

Neste ano, o repasse do governo federal ao Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) chegou a R$1,116 bilhão. A responsabilidade de novas contratações de agentes pertence aos Estados, que não podem usar o recurso para essa finalidade, apenas para a compra de equipamentos, veículos e a construção de delegacias e batalhões.

Outra questão que causa preocupação é a falta de investimento adequado em tecnologia de ponta, como em sistemas de videomonitoramento e inteligência artificial (IA). Para Raquel, as ferramentas digitais, hoje, são essenciais: “O uso estratégico da tecnologia inibe o crime, fortalece a investigação e amplia a sensação de segurança para a sociedade”.

Meios de combater o crime e extinguir o sentimento de insegurança existem, porém, enquanto não forem colocados em prática, a população continuará sendo alvo.

Você vai aceitar?

A segurança é um direito básico de todos os brasileiros e ceder ao medo não deve ser uma opção. A preocupação com a insegurança pode servir como um incentivo para que cada cidadão cobre dos nossos representantes ações e novas políticas. Só assim teremos um País mais seguro para todos.

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Colaborador

Yasmin Lindo / Foto: Albert Shakirov/getty images / Arte: Edi Edson