Você quer se tornar intraempreendedor

Veja como desenvolver essa característica que pode gerar impactos positivos na sua carreira e no local em que você trabalha

Inovar dentro da empresa e trabalhar como quem é dono dela parece que se tornaram práticas exigidas cada vez mais pelo mercado. Essas são só duas características do intraempreendedorismo. O nome traduz a evolução dessas antigas ações e atualiza o conceito que permite ao trabalhador ser criativo e desenvolver competências essenciais para progredir profissionalmente. Além disso, aplicar essa cultura no dia a dia da empresa contribui para o crescimento dela como um todo, tanto no que se refere aos colaboradores quanto para o negócio em si.

Bernardo Cunha, de 29 anos, CEO e cofundador da Sinaxys, plataforma digital especializada na contratação de profissionais de saúde, diz que uma das características do intraemprendedor é ser o excelente colaborador que faz mais do que é pedido. “Ele tem uma capacidade pessoal de ser curioso e de inovar, principalmente de pensar fora da caixa. Impulsionado pela curiosidade, ele sempre vai procurar se aprofundar em determinadas questões para entendê-las. A sua curiosidade faz com que se debruce sobre as coisas que acontecem diante de si, aprenda e procure inovações a partir desse aprendizado”, diz.

Para Karol Fabreto, de 29 anos, psicóloga e recrutadora especialista em recolocação, o intraempreendedor é um profissional extremamente adaptável. “Ele tem muita facilidade de lidar com mudanças na gestão, de se adaptar para ajustar rotas, é autêntico, inovador e tem facilidade para se comunicar sem medo, se estiver em uma reunião. Ele veste a camisa da empresa, é comprometido com os resultados almejados, pois entende que faz parte do processo”, explica.

Ela acrescenta que também se trata de um profissional que pensa de forma estratégica. “Além de ter proatividade, ele vai estar sempre se antecipando para analisar cenários, prever mudanças e resolver problemas. Ele não fica só agindo de forma reativa, esperando uma autorização ou uma aprovação. Contudo, como ele tem o pensamento visual e crítico para questionar e encontrar soluções, precisa ter autonomia para agir dessa forma e que a empresa tenha uma cultura que aceite esse comportamento.”

Para Bernardo, a responsabilidade da empresa nesse sentido é gigantesca.

“Toda vez que uma empresa fomenta que o colaborador tente, inove e possa errar, com uma cultura de um ambiente seguro, o erro traz aprendizado e não é considerado fracasso. Isso independe do tamanho da empresa. A verdade é que para empresas menores é ainda mais fácil estabelecer o intraempreendedorismo: enquanto eu tenho cinco, dez, 15 colaboradores no meu ecossistema, o ambiente é mais controlado para instituir ali um mindset (uma mentalidade) de crescimento”, diz.

Segundo Karol, a empresa pode e deve auxiliar no desenvolvimento de intraempreendedores. “Isso pode ser feito com cursos, workshops e palestras que tragam inspiração e motivação para os colaboradores.

Chamamos isso de educação corporativa, que é um ótimo caminho para estimular esses profissionais que naturalmente não têm essa competência desenvolvida, e também pegar os colaboradores que a têm e apostar neles, porque senão eles saem ou abrem seu próprio negócio. A empresa também pode promover bônus por produtividade com o próprio PNR, que é a participação nos lucros”, sugere.

O primeiro passo para que o trabalhador se torne intraempreendedor é que entenda os objetivos da empresa. “Aonde a empresa quer chegar nos próximos cinco, dez anos? Como está a cultura da empresa hoje? Até onde ele pode ir? O que é aceitável? Ele pode chegar numa reunião e dar uma ideia? Como é a liderança? Ela aceita sugestões e opiniões? Fazendo essa leitura de cenário, entendendo a cultura da empresa, ele vai compreender como pode inserir seu perfil intraempreendedor na empresa em que está trabalhando”, ensina Karol.

Quem quer se tornar um intraempreendedor precisa ler e estudar muito, avalia Bernardo. “Há diversos conteúdos disponíveis tanto em livros como na internet. A postura deve ser sempre de aprendiz. É preciso ter essa humildade de buscar conhecimento, de querer estudar e aprender com os melhores. Para quem se propõe a caminhar dessa forma, podem ocorrer tropeços, que não podem ser chamados de fracassos. O erro é, de certa forma, um aprendizado”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Getty Images / Arte Edi Edson