“Você não pode mudar seu passado, mas pode tirar forças dele”

Com esse ideal, em 2011, iniciava-se o Projeto Raabe, para mulheres vítimas de violência

Imagem de capa - “Você não pode mudar seu passado, mas pode tirar forças dele”

Sensibilizada pelo aumento da violência contra a mulher, a escritora e apresentadora Cristiane Cardoso idealizou um grupo que pudesse proporcionar uma estrutura segura e acolhedora, além de apoio e aconselhamento direcionado a essas vítimas. Assim, em 2011, no dia 25 de novembro, nascia o Projeto Raabe, com o objetivo de ajudar mulheres marcadas pelos traumas resultantes de violência sexual, física, verbal ou psicológica.

O nome Raabe é inspirado em uma das figuras femininas citadas na Bíblia. Prostituta, desprezada pela sociedade e usada pelos homens, ela era uma mulher que conhecia muito bem o sofrimento. Ela soube que sua cidade, Jericó, seria invadida pelo povo de Deus e que não haveria escapatória. Quando se viu diante de espiões hebreus mostrou a sua coragem e, em vez de denunciá-los, os escondeu, mesmo colocando a vida em risco. Ela foi resgatada da invasão, se tornou parte da nação de Israel, casou-se e superou o passado. Por causa da atitude de fé, ela até fez parte da genealogia de Jesus Cristo. Sua história nos ensina que, independentemente das circunstâncias e do sofrimento que nos cercam, ainda é possível fazer escolhas inteligentes e mudar a própria história.

Apoio


No grupo, voluntárias da Universal oferecem apoio psicológico, jurídico, social e, principalmente, espiritual. Além de ajudar mulheres que carregam traumas provocados pelo abuso e violência, ele também está aberto para as que sofrem com problemas de outras origens que, de alguma forma, têm impedido que sejam livres, bem resolvidas e desfrutem de relacionamentos saudáveis e felizes.

“Vejo de perto a dor da mulher marcada, cheia de cicatrizes e sem esperança, mas que, com a força de Deus e conhecendo a raiz do problema, usa a fé sobrenatural, capaz de apagar seu passado e projetar o futuro com novos valores”, explica Carlinda Tinôco, há 6 anos coordenadora do projeto no Brasil.

História de vida

A professora e psicopedagoga Érica Aparecida da Silva, de 42 anos, foi uma das mulheres diretamente apoiada pelo grupo. Abandonada quando criança e vítima de três abusos sexuais durante a juventude, ela cresceu cheia de traumas. “Fui criada em orfanato, era uma criança muito deprimida, revoltada e com o abuso tudo piorou. Nutria ódio de mim mesma, não me amava e nem me respeitava. Para acabar com o sofrimento, tentei o suicídio aos 13 anos, logo após o primeiro abuso. Tentei me matar com uma faca, mas não consegui, então, atravessava a rua sem olhar, na esperança de que um carro me atropelasse”, diz.

Era impossível que Érica esquecesse o que aconteceu, já que nem as dores emocionais e físicas a deixavam em paz. “Eu sentia muitas dores nas partes íntimas e, na época, o agressor negou tudo e eu fiquei como a culpada. Ele disse que eu dei motivo para que ele me desejasse. Sentia dores na alma e na carne”, lembra

Quando Érica chegou à Universal, foi liberta da opressão, mas ainda enfrentava muitos conflitos internos. “Não me perdoava e tinha aversão à ideia de namorar, pois, no fundo, tinha medo dos homens e de ser abandonada. Eu administrava o trauma, mas precisava de uma cura definitiva e vi no projeto uma mão estendida para me socorrer”, conta.

A professora então iniciou sua busca pelo amor próprio e o autoconhecimento. Por meio dos cursos, atendimentos e sua própria entrega ela foi conquistando a transformação interna que tanto precisava.

“Passei mais de 27 anos da minha vida com essa dor e entendi que precisava de ajuda para vencer. No começo não foi fácil, pois dói mexer em uma ferida. Muitas vezes, eu pensei em desistir, mas fui muito bem acolhida e, com o apoio das voluntárias, identifiquei as raízes dos traumas, entendi que não era culpada pelo que aconteceu comigo e me autoconheci. Minha transformação aconteceu muito rápido, pois me entreguei por completo”, lembra.

Em alguns meses Érica descobriu seu valor, aprendeu a se amar e superou os traumas que a acompanharam por tantas décadas. O projeto a ajudou até a conquistar sua ascensão profissional. “Trabalhei por 18 anos em casa de família, mesmo após formada. Mas com a cura interior, passei a acreditar em mim e conquistei minha sala de aula. Hoje, dou aula em uma ótima escola, sou respeitada, amada, minha vida se transformou por completo, sou totalmente feliz”, afirma.

Onde encontrar

Em todos os estados brasileiros é possível participar dos encontros e ações promovidos pelo grupo. Todo segundo domingo do mês, às 16 horas, as reuniões acontecem num ambiente descontraído, acolhedor e de ajuda mútua. Atendimentos pessoais são oferecidos nessas ocasiões e também em outros dias, por meio de agendamento prévio. Além do Brasil, o grupo também atua em todos os países onde há uma Universal. Clique aqui para ver o endereço mais próximo.

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Colaborador

Por Rafaella Rizzo / Fotos: Cedidas