Você dá voz ou ouvidos à fofoca em seu trabalho?

Veja como lutar contra esse mal que atrapalha a carreira e afasta os clientes

Imagem de capa - Você dá voz ou ouvidos à fofoca em seu trabalho?

Muitos fazem fofoca inocentemente no dia a dia de trabalho e ignoram que esse mau hábito pode ser muito nocivo à ascensão na carreira e ao desenvolvimento de boas relações com colegas, gestores e clientes. Embora seja uma prática comum, ela gera conflitos que podem resultar até em processos judiciais relacionados a calúnia (quando se atribui falsamente um crime a outra pessoa), a injúria (quando se ofende a dignidade ou o decoro de alguém) e a difamação (que envolve a divulgação de mentiras que prejudicam a reputação de outra pessoa).

Para Daniele Monteiro, fundadora da Bfly, consultoria especializada em treinamento, desenvolvimento e aplicação da neurociência em seus conteúdos, todo mundo gosta de ouvir as conversinhas de corredor. “É como se fosse um noticiário, mas é prejudicial na maior parte do tempo, principalmente para a empresa. Com as fofocas, também são divulgadas mentiras e/ou deduções sobre a vida pessoal ou profissional dos colegas de trabalho e até de clientes. Ninguém quer ter o nome na boca do povo, mas adora colocar o dos outros. Isso não é saudável”, diz.

Ela afirma que há um perfil dos fofoqueiros no trabalho: “são pessoas que focam em procurar defeitos nos outros, acreditam que são corretas e beiram a perfeição, mas, no fundo, são inseguras e precisam evidenciar situações aos outros para demonstrar que são influentes e antenadas nas informações”.

A fofoca causa conflitos e prejudica a produtividade. “Colocar a vida de outra pessoa na pauta é extremamente prejudicial para o clima da empresa, pois as pessoas que ouviram a fofoca não se sentem à vontade em expor a situação ou até de conviver nesse tipo de ambiente.

Também pode ocorrer o contrário: todos ficarem voltados para conversas fiadas e perderem totalmente o foco no resultado das suas atividades e prazos e diminuírem a qualidade das entregas. O maior dano é para a pessoa que faz fofoca, porque todos sabem o que ela falou e não existirá mais confiança”, diz Daniele.

A fofoca também gera estresse e tensões entre os profissionais. “Ninguém quer ter seu nome envolvido em fofoca. A velocidade e a proporção que ela toma são impressionantes. Certamente, ela chegará até a pessoa que foi o alvo em menos tempo do que o fofoqueiro imagina e daí começam as grandes manipulações sobre a verdade. É impossível que exista um clima saudável com pessoas que geram esse tipo de situação. A fofoca também pode destruir reputações, porque ela enseja o telefone sem fio, aquele tipo de comunicação que vai modificando, aumentando, distorcendo e constrangendo os envolvidos”, analisa.

Para Daniele, a fofoca pode afetar a saúde mental e física quando envolve carreira, promoção, salários e até planos de demissão: “ela gera um clima de medo, tensão e insatisfação absurdos. O exemplo mais comum é quando os colaboradores descobrem o salário um do outro e começam a se comparar. A desmotivação toma conta da equipe e a qualidade do trabalho desmorona. Até que o líder tome atitudes para descobrir o que está acontecendo, o episódio já deixou todos ansiosos e desmotivados”.

Por isso, os profissionais precisam estar conscientes da importância de ficar longe da fofoca. “O primeiro passo é não fazer parte dessas rodinhas. Se ela se formou, afaste-se, fale que tem uma reunião ou uma ligação. Caso alguém chegue para lhe contar algo, diga que você não quer participar desse tipo de conversa. Seja honesto consigo mesmo e fuja dessas pautas. A empresa também tem responsabilidade de barrar essa atitude: o feedback é fundamental. O líder precisa se posicionar e jamais fazer parte disso. Se saber de fofocas é um benefício na visão do líder, significa que sua comunicação não é aberta nem transparente”, dispara.

Segundo Daniele, o compliance também é muito importante para garantir que a comunicação, o treinamentos e as condutas sejam seguidas.

“Os líderes precisam se manter conectados com seus times, por meio de reuniões periódicas, almoços em equipe, conversas individuais com os colaboradores, e ficarem atentos às entregas e ao clima na empresa”, finaliza.

A Fé contra a maledicência
O Bispo Edir Macedo já falou em seu blog de como se defender da língua alheia: “só há um caminho: o da fé. Os da fé sem sentimentos não julgam segundo a aparência, não dão atenção às coisas visíveis, não são receptivos às coisas que vêm deste mundo tenebroso”. A Bíblia também orienta em Êxodo 23.1: “Ninguém faça declarações falsas nem seja cúmplice do ímpio, sendo-lhe testemunha mal-intencionada”.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: praetorianphoto\gettymages / Arte: Edi Edson