Vamos falar de corrupção? (Sim, De novo!)

Em janeiro, a Transparência Internacional divulgou o ranking do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, que revelou que o Brasil e os brasileiros têm um longo caminho a percorrer

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A verdade precisa ser dita e, infelizmente, o Brasil é um país corrupto! Todo mundo sabe disso, afinal, a corrupção prevalece no ambiente político, mas também está presente no dia a dia daqueles que infligem leis, sonegam impostos e sempre dão um jeitinho de se safar da burocracia ou das penalidades. Mas os estragos da corrupção na esfera política tendem a ser mais prejudiciais não somente para os brasileiros como também na percepção que o Brasil tem no mundo.

Isso ficou evidente no ranking do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, que colocou o nosso país em uma posição pior do que a que figurava anteriormente. O IPC é o principal indicador de corrupção no mundo e Ricardo Holz, analista político e especialista em administração pública, explica como ele é feito: “esse índice é elaborado pela ONG Transparência Internacional, que tem sede em Berlim, na Alemanha, e a instituição se vale da avaliação de 13 relatórios elaborados por outras instituições, como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial, para levantar o grau de percepção de empresários e outros agentes quanto à corrupção”.

O IPC é produzido desde 1995. A nota máxima é de 100 pontos e, quanto maior a nota obtida pelo país, maior é a sua percepção de integridade. Os três países com as melhores notas em 2023 – e que constantemente estão nesse pódio – foram a Dinamarca, com 90 pontos; a Finlândia, com 87 pontos; e a Nova Zelândia, com 85 pontos.

E descendo…
O Brasil passou a integrar o IPC somente em 2012 e obteve 43 pontos naquele ano. No entanto, o País nunca superou esse número, mas caiu vertiginosamente a partir de 2015 e chegou a 35 pontos em 2019. De 2020 a 2022 se manteve em 38 pontos, mas, no último ano, o Brasil perdeu 2 pontos, despencou dez posições no ranking geral e ficou em 104º lugar entre os 180 países avaliados. “Os 36 pontos alcançados em 2023 representam um desempenho ruim que coloca o Brasil abaixo da média global (43 pontos), da média regional para as Américas (43 pontos), da média dos Brics (40 pontos) e ainda mais distante da média dos países do G20 (53 pontos) e da OCDE (66 pontos)”, aponta o portal da Transparência Internacional.

Na análise do Brasil, a entidade considerou as nuances da política brasileira ao longo de 2023 e destacou sete pontos positivos e 11 negativos (confira alguns deles nos quadros acima). “De acordo com a Transparência Internacional, a falta de comprometimento claro do atual presidente da República com a pauta de combate à corrupção, somada a ações como a indicação do seu advogado pessoal para o Supremo Tribunal Federal, concorreu para a queda do Brasil neste índice. Recentemente, depois de ser alvo de investigações determinadas pelo ministro Dias Toffoli, a Transparência Internacional classificou o Brasil como sendo o cemitério de provas do maior escândalo de corrupção do planeta”, avalia Holz.

Os responsáveis
O Brasil tem muito o que melhorar. Não apenas para aumentarmos nossa pontuação e ocuparmos uma posição melhor no IPC, mas, principalmente, para termos a chance de descobrir todo o potencial que nosso país tem. Como faremos isso?

“Em nível institucional, o comprometimento real com a pauta de combate à corrupção, trazendo políticas públicas efetivas, como o aumento de penas e a melhor eficiência investigativa para crimes de corrupção, pode contribuir na melhoria futura do IPC”, opina Holz, que acrescenta: “o cidadão tem responsabilidade direta neste resultado, uma vez que os agentes políticos que cometem atos de corrupção e desvio de conduta foram eleitos pelo cidadão. (…). A educação política de qualidade seria determinante para a mudança de pensamento coletivo. Assim, com a conjunção desses fatores, é provável que tenhamos uma melhora perceptiva e frutuosa no combate à corrupção”.

Então, seja quando eleito representante do povo, seja como cidadão que os escolhe, temos um longo e árduo caminho a percorrer no combate à corrupção. Somos todos responsáveis pela busca dessa melhora. Resta a cada um fazer a sua parte no dia a dia, nas urnas e na política.

 

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Andry Djumantara/getty images