Um a cada três brasileiros tem obesidade

Se nada for feito, o Brasil terá 119 milhões de pessoas com sobrepeso até 2030

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Mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo e, entre elas, um a cada três brasileiros, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial da Obesidade. O levantamento aponta que, daqui a cinco anos, o Brasil terá 119 milhões de adultos com sobrepeso. Se o número de habitantes no Brasil não aumentasse neste período, mais da metade da população estaria acima do peso, de acordo com a previsão, visto que, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2024, o País tem 212,6 milhões de habitantes.

Diversas faixas etárias

A pesquisa projeta ainda que o número de homens com Índice de Massa Corporal (IMC) alto subirá para 55,8 milhões até 2030, em comparação aos 38,5 milhões em 2015. Entre as mulheres, o número passará de 41,4 milhões para 63,3 milhões no mesmo período. Dados do Ministério da Saúde mostram que as crianças também sofrem: hoje, 12,9% delas, com idades entre 5 e 9 anos, têm obesidade, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos. Em 2021, por exemplo, foram registradas mais de 60 mil mortes prematuras relacionadas ao IMC elevado. Será possível mudar esse panorama que abrange diversas faixas etárias?

Pandemia

Para Siomara Tauil, endocrinologista da clínica Eye Corp, em São Paulo, vivemos uma pandemia de obesidade há bastante tempo. “O problema está relacionado com a qualidade e a quantidade do que é consumido hoje. As pessoas não organizam seu tempo para cozinhar e acabam providenciando algo mais rápido para consumir. Elas fazem refeições rápidas que influenciam na alimentação dos
filhos”, opina.

Consequências das alterações de peso

Ela afirma que, para combater esse mal, o primeiro passo é entender as alterações de peso. “O sobrepeso é caracterizado por um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m², enquanto a obesidade é diagnosticada quando o IMC atinge 30 kg/m² ou mais. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado. Também precisamos entender que a obesidade é um fator de risco para outras enfermidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, alguns tipos câncer, apneia do sono e problemas motores”, diz.

Obesidade abdominal

Ela explica que a obesidade abdominal, por exemplo, além de risco cardíaco, é um obstáculo à saúde hormonal masculina. “A redução da testosterona em homens está fortemente ligada ao acúmulo de gordura abdominal. A solução não depende apenas de uma ampola de reposição hormonal. O excesso de gordura corporal interfere no eixo hormonal, comprometendo a produção de testosterona e causando sintomas como fadiga, diminuição da libido e perda de massa muscular”, esclarece.

Canetas emagrecedoras

Siomara adverte que o uso de canetas para emagrecimento com substâncias como a semaglutida (Ozempic) e a liraglutida, sem acompanhamento médico, pode trazer riscos à saúde e ela alerta para alguns deles: “Podem ocorrer efeitos colaterais gastrointestinais, hipoglicemia, problemas renais, pancreatite e até risco de eventos cardiovasculares e suicídio em alguns casos. Além disso, o uso indiscriminado para fins estéticos, sem necessidade clínica, pode mascarar condições de saúde subjacentes e dificultar o acesso ao tratamento para quem realmente precisa”.

Estilo de vida saudável

Ela ensina que para manter o peso equilibrado é necessário adotar um estilo de vida saudável, que inclua alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos. “É importante evitar dietas restritivas e focar em mudanças sustentáveis no longo prazo, como reduzir o consumo de alimentos processados, aumentar a ingestão de frutas, verduras e água e encontrar atividades físicas prazerosas que se encaixem na rotina”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: RealPeopleGroup/getty images