Não é de hoje que o mercado de trabalho exige que seus profissionais tenham capacidades comportamentais e interpessoais, como comunicação, empatia e resiliência, maiores até do que as habilidades técnicas. Dentre as primeiras, chamadas soft skills, consta a inteligência emocional. Ela é uma das mais requisitadas pelas empresas tanto em processos seletivos de emprego quanto para o dia a dia de trabalho entre colaboradores e líderes, e é bastante considerada na hora das promoções, para a ascensão na carreira e para que as negociações empresariais sejam bem-sucedidas. Ainda assim, há quem desconheça seu potencial.

Pilares

Lúcia Almendra, psicóloga, mestre em administração e professora de recursos humanos do Centro Universitário UniArnaldo, em Belo Horizonte, afirma que a inteligência emocional passou a despontar para o grande público no final do século passado. “O professor de Psicologia de Harvard Daniel Goleman isolou e aprofundou a pesquisa sobre a inteligência emocional, que ganhou destaque em contraste com a supervalorizada inteligência lógico-racional. Os principais pilares da inteligência emocional são autoconsciência, autorregulação, automotivação, empatia e habilidades sociais”, elenca.

Resultados objetivos

Não é por acaso que as empresas buscam cada vez mais profissionais com essas características, como define Lúcia: “A inteligência emocional é uma capacidade essencial e não se restringe ao ambiente de trabalho, pois aplica-se também às relações sociais e familiares. Ela consiste em reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, além de identificar e, em certa medida, lidar com as emoções dos outros, visando interações mais eficazes e resultados objetivos”.

Benefícios

Lúcia avalia que a inteligência emocional traz diversos benefícios para os indivíduos e as organizações: “Ela favorece o sucesso profissional individual e coletivo e melhora a tomada de decisão, permitindo resoluções mais assertivas; fortalece as relações interpessoais; promove interações de melhor qualidade e bem-estar; e cria um clima organizacional melhor, gerando um sentimento de pertencimento e um ambiente de trabalho mais saudável”.

Mais produtividade

Segundo Lúcia, a inteligência emocional cria um clima em que a ansiedade e o estresse são reduzidos: “Ela ajuda a gerenciar pressões e prazos, o que aumenta a produtividade. Pessoas com inteligência emocional desenvolvida lidam melhor com metas e resultados. Além disso, quem tem essa capacidade ampliada possui mais facilidade para perceber e lidar com situações de assédio moral, um dos maiores desencadeadores de sofrimento psíquico no trabalho”.

Diferencial competitivo

Ela ainda destaca que a inteligência emocional é um diferencial competitivo: “Isso vale tanto para admissão quanto para permanência ou desligamento da empresa”. Para desenvolver a inteligência emocional, ele sugere que o profissional busque ambientes de trabalho que valorizem e promovam programas de aprendizagem comportamental.

Papel do líder

Lúcia também salienta qual é o papel da liderança na ampliação dessa capacidade entre os membros da equipe. “Os líderes são os principais agentes de desenvolvimento da inteligência emocional na organização, pois constroem a cultura e influenciam as pessoas. Eles devem estar capacitados e participar ativamente dos programas”.

Emoções equilibradas

Lúcia enfatiza que a inteligência emocional não é algo inato. “As emoções não devem ser ‘controladas’ no sentido de serem reprimidas ou resfriadas. O objetivo é
manifestá-las de maneira equilibrada. Embora um histórico de vida favorável possa facilitar seu desenvolvimento, qualquer pessoa pode desenvolvê-la. Este é um aprendizado para a vida toda”, conclui.

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