Série Reis: como a história é construída

A nona temporada de Reis termina e prepara o público para o que está por vir. Embora novos capítulos só ganhem as telas em 2024, vale a pena conhecer os detalhes que darão fôlego à produção

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Desde de março de 2022, Reis, uma superprodução em formato de série, invadiu as telas da Record TV e do Univer Vídeo. A divisão por temporadas ajuda a viabilizar uma narrativa bem contada cronologicamente e assegura que o telespectador deguste os ensinamentos contidos em cada capítulo. A série garante certa afinidade com quem a assiste porque os impasses vividos pelos personagens, apesar de serem relatados na Bíblia, têm semelhanças com os problemas contemporâneos. Até agora a série já contou as histórias de Saul, Davi e Salomão (Guilherme Dellorto). Mas, afinal, como essa gigantesca trajetória é pensada para, então, ganhar as telas?

Em entrevista exclusiva à Folha Universal, a autora da série Reis, Cristiane Cardoso, dá detalhes de como essa construção é realizada. O primeiro passo, relata, é conhecer a história: “uma vez que ela é compreendida, temos que pensar como construir os personagens que fazem parte dela (ou seja, que estão citados na Bíblia) e também os que não fazem parte, mas que nos ajudarão a contá-la”.

Ela observa que vivencia constantemente as histórias dos personagens. “Todos os personagens que conhecemos na série Reis e na Bíblia têm muitos conflitos e tenho que passar por eles com eles e pensar como reagiriam. Então, acabo os sentindo também e tendo esse cuidado de não entrar na questão da emoção e perder o que preciso manter, que é a razão, a Fé. Essa é uma das experiências que destaco quanto ao que é escrever novelas bíblicas. Não se trata de contar uma história que veio da sua cabeça sobre uma pessoa que nunca existiu. É uma história real e com a qual você sofre porque sabe que aquilo realmente aconteceu.”

EXEMPLO
A nona temporada da série apresentou ao público as alianças estratégicas e matrimoniais de Salomão. “Nós precisávamos ter esposas para Salomão para explicarmos porque ele se corrompeu na velhice. Então, criamos suas esposas e, por meio delas, mostramos como um homem vai fazendo concessões pela paixão e ao se entregar a uma mulher que não tem a mesma Fé e os mesmos princípios que ele”, exemplifica. Outros personagens também foram retratados, como os filhos de Salomão, Zabude (Vicente Tuchinski), um amigo do rei, e Aisar (Luidi Porto), um administrador do palácio. Também estão na trama os vilões que a Bíblia faz questão de citar: Hadade (Renan Monteiro), Rezom (Nando Rodrigues) e Jeroboão (Vitor Novello).

Cristiane fala de Rezom e que a Bíblia cita que ele foi inimigo de Salomão todos os dias da vida dele (1 Reis 11). “Salomão não teve que batalhar em guerras porque fez aliança com todos os reinos ao seu redor, então, que tipo de inimigo Rezom era? Tenho que pensar e usar a licença poética para aquilo que a Bíblia descreve, mas não dá detalhes”, diz.

COM LICENÇA, POR FAVOR
Entender o que é uma licença poética, inclusive, evita questionamentos. “A licença poética é um recurso usado quando você não tem todos os detalhes e precisa fazer aquela história ter sentido. Salomão foi o homem mais sábio e mais rico do mundo, construiu o Templo e, na velhice, se corrompeu por causa de suas mulheres estrangeiras, como mostra a Bíblia. Aí é preciso usar a licença poética, pois não dá simplesmente para mostrar um homem sábio e, na cena seguinte, um homem que não teme mais a Deus. Tem que explicar o que o próximo capítulo exibirá”, afirma. Por isso, a licença deve “fazer sentido, seguir um norte”, além de se encaixar nos padrões bíblicos.

Mas por que levar às telas as histórias descritas na Palavra de Deus? “É muito mais fácil para quem não conhece a Bíblia ouvir ou assistir a uma novela. Até porque, quando você vê algo que leu, faz mais sentido e você consegue se colocar no lugar do personagem. Quando você lê que Salomão se corrompeu é uma coisa, mas, ao ver isso na TV aberta, você entende o quanto o pecado é sutil. “Ao ver uma cena, pessoas são transformadas, têm um olhar diferente da vida e conseguem superar seus próprios problemas. Isso não tem preço”, afirma.

AS LIÇÕES
Muitas histórias contadas até agora em Reis tocaram a autora. Uma delas foi a de Abigail (interpretada por Maiara Walsh). “Quando assisti às cenas, eu me emocionei, porque vi espiritualidade naquela história. Não sei se foi pelo fato de escrevermos sobre homens e, de repente, escrevermos sobre uma mulher que é um exemplo, que levantou um homem e salvou uma família. Fui muito abençoada pela forma dela lidar com toda a situação que estava acontecendo com Davi, que vinha para matar todos da casa dela”, diz.
Cristiane acrescenta que aprendeu muito com Davi, “com a forma como ele lidou com Saul e com o pecado” e com a sabedoria de Salomão.

Contudo ela diz que uma lição foi reveladora. “Sempre pensei que Cantares fosse um livro romântico que representava a Igreja e o Senhor Jesus, mas Deus me mostrou que a noiva era Ele e o noivo, o homem, Israel, nós. É como se Cantares fosse um conjunto de cartas entre Deus e Salomão e que Deus, muitas vezes, está à procura dele. É uma história triste que tem a aparência de um romance muito bonito, mas é um romance em que só um lado ama muito”, avalia.

EM BREVE
A série Reis volta às telas da Record TV e do Univer Vídeo em 2024. Até lá, Cristiane adianta o que o público pode esperar para as próximas temporadas: “mais conflitos, mais lições e mais entendimento sobre Deus, pois cada história revela um pouco mais sobre quem Deus é e como o ser humano é falho”. As temporadas anteriores estão disponíveis na plataforma Univer Vídeo.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: ULISSES NETTO / DIVULGAÇÃO/SERIELLA PRODUCTIONS