Será que o País está preparado para a Olimpíada?
Demora preocupa e reforça imagem histórica negativa do Brasil: a do atraso organizacional
Faltam poucos dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e ainda existem obras em atraso. Apesar da incontestada beleza da capital fluminense, isso não é suficiente para garantir o sucesso do mundial no País.
São mais de 10 mil atletas e meio milhão de turistas esperados para o evento e o Comitê Organizador segue lutando contra o relógio para produzir e arrumar a cidade. Na praia de Copacabana, por exemplo, até a conclusão dessa matéria, havia funcionários trabalhando dia e noite para finalizar a Arena de Vôlei de Praia.
Se, por um lado, os Jogos Olímpicos possuem a capacidade de revelar as mais diferentes práticas esportivas desenvolvidas no Brasil, por outro pode ser reforço de uma imagem histórica que nos acompanha: a do atraso.
Baixa participação popular
Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos, a organização está sendo realizada com baixa participação popular e transparência de dados.
De acordo com a Autoridade Pública Olímpica, o gasto total até agora é de R$ 39,1 bilhões, sendo 56,9% de verba privada e 43,1% de verba pública. O alto custo do evento, as carências na infraestrutura do Rio em áreas como transporte e habitação, a falta de políticas públicas para o esporte e o temor de que os investimentos não se revertam em benefícios mais duradouros para a população são alguns dos grandes problemas do evento.
Esse valor revela que a Olímpiada ficou ao menos R$ 400 milhões mais cara do que estava previsto. Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, também no Rio, por exemplo, o orçamento inicial explodiu quase dez vezes.
Sem falar da segurança, outro ponto que preocupa tanto a organização como os esportistas. Só a crise financeira que assola o País trouxe um déficit de R$ 19 bilhões para a cidade, o que faz com que faltem recursos para manter delegacias em pleno funcionamento.
Episódios de assassinatos, controle do tráfico, assaltos e ameaças terroristas causam medo em todo o mundo. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirma que participará de operações antiterrorismo e contra o tráfico de armas na fronteira.
Realidade maquiada
Uma propaganda que está sendo divulgada na Noruega mostra a história de um garoto de uma comunidade que encontra uma carteira perdida na rua e é julgado como ladrão pela polícia. Essa carteira é do atleta Ronaldinho Gaúcho, que resolve a situação e termina o vídeo jogando futebol com o garoto e com os policiais. As desigualdades sociais são exibidas como atração turística, enquanto o povo sofre com a falta de políticas públicas e de segurança efetiva.
A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 está sendo uma inversão de prioridades. A nova linha de metrô que conectará Ipanema à Barra da Tijuca, por exemplo, deve ser inaugurada apenas alguns dias antes da cerimônia de abertura.
E a pergunta que sempre fica é: que mania é essa de o Brasil sempre tratar os estrangeiros como prioridade e deixar as necessidades de sua população em último plano?
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