Sempre acompanhada, porém solitária

Até que Patrícia Santos entendeu qual era o relacionamento que precisava ter para dar fim à solidão

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Mesmo sendo uma das mais novas dos 13 filhos, a confeccionista Patrícia Kelly de Souza Santos, de 50 anos, sempre se sentiu muito sozinha. Seu pai formara outra família e se afastou quando Patrícia ainda era criança e sua mãe era ausente, pois trabalhava para prover o sustento de todos. Porém, apesar da ausência na maior parte do tempo, por ser cristã, a mãe dela, sempre que possível, os levava aos cultos na igreja evangélica em que congregava. Então, os ensinamentos recebidos por Patrícia faziam dela uma criança bem comportada, ainda que solitária.

Na adolescência, sua mãe passou a permitir que ela passeasse com as amigas da mesma idade e, em um dos passeios, ela conheceu o rapaz que se tornaria seu marido. Na época, ela tinha 15 anos. Eles namoraram, noivaram e, sete anos depois, se casaram, mas a expectativa dela de finalmente ter alguém que acabasse com a sua solidão foi frustrada. “Eu achava que casando teria a atenção que não tive da parte do meu pai, mas foi o contrário. Meu marido não me via como esposa. Éramos muito jovens e era cada um para um canto e pronto. Eu achava que casamento era isso. Tínhamos muitas divergências e brigas, ele chegava tarde em casa e, quando aparecia, era na companhia dos amigos e eles ficavam horas jogando videogame. A atenção nunca era para mim”, diz Patrícia.

Mesmo com a chegada da única filha do casal depois de 12 anos de casados, Patrícia continuava se sentindo ignorada no relacionamento e conta que começou a ter depressão: “eu ficava dentro de casa sozinha e sem ninguém para conversar. Eu me sentia uma incapaz em relação ao meu casamento e não sabia o que fazer para sair daquela situação nem o que fazer para chamar a atenção dele para mim”.

Finalmente, ela entendeu
Patrícia já conhecia o trabalho da Universal. Um de seus irmãos é pastor e ainda bem jovem foi para a África fazer o trabalho missionário. Ela participou de alguns cultos e, inclusive, quando sua filha ficou doente, ela recorreu à fé. Contudo ela nunca desenvolvia sua fé com um relacionamento com Deus.

Até que, em 2017, após 23 anos de casamento, o marido de Patrícia falou que queria a separação. “Eu não aceitei aquela situação e falei para ele que a relação tinha conserto”, afirma. Naquele instante, ela lembrou de um lugar a que poderia ir e em que teria ajuda para resolver esse problema. “Deixei o meu marido falando sozinho em casa, peguei minha filha e fui para a Universal”, conta.

Quem pode resolver
Ao fim da reunião, uma obreira conversou com Patrícia e a orientou a ir até o Altar falar para Deus tudo o que estava acontecendo porque apenas Ele poderia consertar o casamento dela. Foi o que Patrícia fez. “Falei para Deus que eu não aceitava aquela situação, que eu não queria mais viver daquele jeito, que eu não estava tendo uma vida digna e que não sabia o que era ter felicidade”, relata.

Depois da oração, um pastor atendeu Patrícia e uma pergunta simples dele a fez despertar para o engano espiritual em que ela estava há tanto tempo.

“Ele me perguntou se eu era batizada nas águas e eu falei: eu não tenho pecado. Então, não vou me batizar”. O fato de frequentar os cultos desde criança e, aparentemente, viver uma vida correta, a levava a este erro. O que ela não tinha entendido é o que o batismo nas águas representa o reconhecimento de que todos somos pecadores e necessitamos de arrependimento. O batismo representa a entrega da vida ao Senhor Jesus e o sepultamento da vida velha e distante de Deus. Mas, à medida que ouvia a explicação do pastor, ela foi se enxergando. “Na verdade, eu era muito orgulhosa e teimosa. Pensamos que não temos pecado, mas temos sim. Eu era muito egoísta, só eu estava certa, e a minha palavra era a final”, confessa.

O fim da solidão
Então, Patrícia decidiu se batizar. Ela observava “algo diferente” naqueles que serviam a Deus: “eu via uma luz tão grande naquelas pessoas e queria o mesmo para mim. Então, perguntei ao pastor o que eu teria que fazer para ter aquela luz que elas tinham. Ele me explicou que aquela luz era o Espírito Santo e me ensinou o que fazer para recebê-Lo”, declara.

Além das reuniões de libertação às sextas-feiras, Patrícia passou a participar das reuniões voltadas ao encontro com Deus, às quartas-feiras e aos domingos. “Esse processo foi lento. À medida que lia a Bíblia e participava das reuniões, eu aprendia o que tinha que deixar para me entregar de verdade para Deus. Cinco meses depois, diante do Altar, falei para Deus que eu não queria mais aquela vida de tristeza e depressão e percebi a Presença do Espírito Santo dentro de mim. Eu senti uma paz e uma certeza muito grande de que Deus nunca me abandonou! Eu entendi que eu é que tinha que procurar por Ele da maneira certa. Quando fui atrás dEle, Ele veio e me abraçou de uma forma maravilhosa e me acolheu de uma forma grandiosa! Não existe um abraço igual. Eu me senti muito protegida. Ele me disse: ‘você nunca esteve sozinha, Eu sempre estive com você’”.

Não demorou muito para que o casamento de Patrícia finalmente se tornasse uma relação de cônjuges, como a Bíblia ensina. “Fui buscar pelo meu casamento e, quando percebi, não era pelo casamento, era por mim. A partir do momento que busquei por mim, Deus restaurou a minha vida, o meu casamento e a minha família. Hoje realmente sei o que é um casamento. Meu marido e minha filha também entregaram a vida para o Senhor Jesus. Deus acrescentou tudo de que eu precisava e me deu uma felicidade que eu não imaginava que existisse. A solidão só acabou quando realmente entreguei minha vida no Altar de corpo, alma e espírito. O Espírito Santo acabou com a solidão que eu tinha em minha vida quando percebi que existia um Deus capaz de me amar e de cuidar de mim”.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: Demetrio Koch e fizkes/getty images