Sedentarismo e Covid-19: combinação fatal

Como a atividade física ajuda a combater a doença?

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Os números de mortes em função da Covid-19 têm aumentado, dia a dia, mesmo diante da corrida para vacinar as pessoas. Até o fechamento dessa edição, 3,07 milhões de pessoas tinham morrido no mundo em virtude da doença. No Brasil, o número de mortes já ultrapassou 384 mil e continua crescendo.

Para tentar conter esse avanço, estudos têm sido realizados para determinar quais vulnerabilidades do corpo humano são porta de acesso para a doença.

Uma pesquisa divulgada no mês passado no British Journal of Sports Medicine, do Reino Unido, mostrou que a falta de exercícios físicos está associada a um risco maior de desenvolver a forma grave da Covid-19. O levantamento realizado com cerca de 50 mil pacientes concluiu que, em comparação com pessoas que mantinham alguma atividade física, as que estavam sedentárias há pelo menos dois anos antes da pandemia tinham maior tendência de serem hospitalizadas, de necessitar de cuidados intensivos e de ter dificuldades para vencer a doença. Muitas morreram.

No final do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que até 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas por ano se a população global fosse mais ativa. A organização apontou que um em cada quatro adultos e que quatro em cada cinco adolescentes no mundo não praticam atividade física suficiente.

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), analisou os efeitos da ausência de exercícios durante a pandemia e apontou que a inatividade física tem gerado aumento de casos de hipertensão e diabetes. Além disso, a pesquisa também concluiu que o sedentarismo é fator de risco para o agravamento da Covid-19, pois ela agride os sistemas cardiovascular e respiratório, que são mais frágeis em pessoas sedentárias e obesas.

De acordo com Siomara Tauil, médica endocrinologista da clínica Eye Corp, em São Paulo, os pacientes portadores de obesidade geralmente usam medicamentos, como anti-hipertensivos, que pioram o prognóstico para a Covid-19. “Além disso, a obesidade é fator de risco para uma série de doenças, inclusive a Covid-19, que pode ser agravada pelo isolamento social, caso não se tenha cuidado com os exercícios e os hábitos alimentares”, explica.

Siomara adverte que a relação sedentarismo e descontrole do peso pode contribuir para o surgimento de diversas doenças. “Entre elas estão o diabetes, quando há uma sobrecarga no pâncreas e no fígado; a hipertensão arterial; o aumento do colesterol e do triglicérides; e problemas articulares decorrentes do excesso de peso e que dificultam a caminhada normal, só para citar alguns. Quando se chega a este nível está na hora de procurar ajuda”, alerta.

O grande problema é que muitas pessoas criam obstáculos para não fazer exercícios nem mudar sua alimentação. “Não coloque toda a culpa no seu DNA. Mesmo as pessoas geneticamente inclinadas a acumular quilos a mais podem modificar essa situação se comerem corretamente e praticarem exercícios”, conclui a médica.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson