“Se Deus existisse, eu não teria sofrido tanto”

Talita Teixeira pensou desse modo durante anos, mas quando O conheceu percebeu o quão errada estava

Imagem de capa - “Se Deus existisse, eu não teria sofrido tanto”

Durante anos, a auxiliar de e-commerce Talita Teixeira, de 23 anos, conviveu com a dor que um abuso lhe causou. “Fui molestada aos 12 anos por uma pessoa próxima. Na época, não tive reação e entrei em pânico. Passei a odiar quem fez isso comigo e cresci rebelde, comecei a culpar minha família por não ter me protegido e a descontar aquela dor em todos de casa. Não havia boa convivência entre nós, pois eu não confiava nem conseguia mais sentir amor por ninguém. Só sentia raiva. Como a raiva foi crescendo, eu queria o mal de quem queria o meu bem. Virei completamente a minha cabeça: eu, que não dava trabalho aos meus pais, comecei a dar. Meu apelido era ‘a encapetada da família’. Eu ouvi que, se eu não existisse, ninguém mais teria problema. Então, disse a mim mesma que acabaria com aquilo e os mataria. Tenho três irmãos e sou a filha caçula. Peguei uma faca e pensei em fazer isso enquanto dormiam. No entanto, ao cair em mim, corri para o banheiro e comecei a me machucar: cortei meus pulsos pensando que poderia aliviar aquela dor. Os pensamentos de suicídio passaram a existir e aumentaram. Eu achava que a culpa era minha e que, por passar por tudo aquilo, Deus não existia”, diz.

Com o passar do tempo, ela buscou em festas e nos vícios um pouco de alívio. “O que ninguém imaginava era quem era a Talita que estava por trás daquela procura. Eu era vazia, carente, precisava estar rodeada de pessoas e de aceitação. Além disso, eu sofria com insônia constantemente. Eu tinha complexos e imaginava que nunca seria feliz. Por isso, eu não nutria sonhos de casar nem de ter uma família. Essas expectativas nunca existiram e nem haveria motivo para isso, já que eu pensava que o final de todo mundo seria em um caixão.”

É RUIM, MAS É BOM
Somente quando Talita aceitou passar as férias na casa de uma prima ela entendeu que sua história poderia tomar um rumo diferente. “Há oito anos, essa prima, sabiamente, começou a me convidar para ir à Universal e eu aceitei. Fui pela primeira vez em um domingo, às 18h. Lembro que falei que sentaria nos últimos bancos e fui bem prepotente. Eu tinha preconceito contra a Igreja, por tudo que já tinha escutado. Durante a oração, resisti a fechar os olhos, até ouvir o próprio Deus falar comigo por meio do pastor, que disse: ‘até quando você vai ser orgulhosa e não vai reconhecer que precisa de ajuda?’ Eu pensei: ‘quem ele pensa que é? Ele nem sabe o que estou passando!’ Só que, automaticamente, ele respondia tudo que eu retrucava em pensamento, inclusive quando pensei que não poderia falar com Deus, pois Ele não ouviria nada bom sobre a minha vida. Mas, ao fechar os olhos e experimentar dizer tudo que estava acontecendo, senti paz”, relata.

Ela observa que foi a primeira vez que chorou por tudo que tinha acontecido. “Eu tentava ser uma pessoa forte. Para mim, até então, Deus tinha morrido. Ele estava no céu e eu na terra, sozinha. Eu disse para Ele que, para mim, Ele não existia e que, se Deus existisse, eu não teria sofrido tanto. Falei, em oração, que não sabia o que era amar minha família, que só sentia desprezo e ódio e, se Ele realmente existisse, eu queria uma oportunidade de mudar de vida”.

Ela conta que, naquela noite, conseguiu dormir. “Até pensei: ‘aquele lugar é ruim, mas me fez bem. Acho que existe Deus ali. Depois de um mês, decidi me batizar nas águas, mas era difícil, para mim, perdoar quem me feriu e me perdoar”, destaca.

ENTERRANDO OS CONFLITOS
Talita passou quatro anos frequentando a Universal, mas remoendo os sentimentos ruins. “Quando veio o Jejum de Daniel, minha ficha caiu”, conta. O Jejum de Daniel é um propósito que auxilia o participante a se abster de informações e entretenimentos seculares para focar no fortalecimento espiritual.

Talita relata o que aconteceu com ela: “minha sede por Deus começou a crescer e reconheci que precisava de ajuda. A verdade é que eu não me sentia merecedora do Espírito Santo e que, na minha cabeça, Deus não poderia habitar em mim”.

Esses pensamentos foram rechaçados à medida que ela insistia e se aproximava de Deus por meio da leitura da Bíblia, das reuniões e das orações feitas em particular. “Eu comia e dormia pensando no Espírito Santo. Comecei a expressar minha necessidade a Ele e, logo, o Espírito Santo passou a não ser uma Pessoa distante, mas Alguém que estava perto de mim, mas eu precisava dEle dentro de mim. Meus pensamentos mudaram e pedi perdão para todos pelos quais eu sentia ódio. A lista foi grande. Foi no último dia do Jejum de Daniel, em 1o. de maio de 2022, que O recebi. Senti uma paz e uma alegria muito grandes! Recebi a maior riqueza da minha vida”, afirma.

Hoje, Talita pode falar da transformação que só o Espírito Santo é capaz de fazer: “eu, que cheguei a bater na minha mãe, agora, sou um exemplo para a minha família. Uma filha que bate na mãe é um monstro e eu a machuquei muito. Ela mesmo fala que não entendia quem eu tinha me tornado e que, agora, vê em mim uma pessoa que nunca viu em sua vida. Saímos juntas e somos amigas de verdade. Sou outra pessoa”, finaliza.

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Colaborador

Flavia Francellino / Foto: Demetrio Koch