Rejeitado pela própria mãe, jurado de morte e quase derrotado por um "caramelo"
A vida do empresário Ronaldo Farnese foi marcada por desvantagens, desde o seu nascimento até o dia em que quase perdeu uma grande chance para um cachorro. Ele, porém, fez da humilhação a oportunidade que mudou o rumo de sua história
Você já assistiu a um jogo ou a uma luta em que um dos competidores já entra em clara desvantagem? Assim também ocorre na vida de muitas pessoas que acumulam mais perdas do que conquistas, nada do que fazem prospera, vivem sem o mínimo necessário e acabam se tornando o retrato do fracasso.
A preferência de Deus
A Bíblia mostra várias histórias de pessoas em desvantagem que, pelas mãos de Deus, alcançaram a maior vantagem que um ser humano pode ter. De Gênesis a Apocalipse, vemos homens e mulheres que tinham tudo para fracassar – e por muito tempo, de fato, viveram somente insucessos. No entanto, a partir do momento em que decidiram aceitar as regras do jogo de Deus, foram capacitadas a vencer a si mesmas e aos seus problemas. Isso revela uma verdade poderosa: Deus não resiste a alguém que, mesmo em desvantagem, O busque com sinceridade.
Quem olha hoje a vida que o empresário Ronaldo Farnese, de 72 anos, leva dificilmente imagina que mais da metade dela foi marcada por perdas. Ele nasceu sem a vantagem de ser amado pela própria mãe e, ao longo da vida, cada decisão que tomou, mesmo quando movido por boas intenções, quase sempre terminava em derrota.
Depois de uma série de nocautes e exausto de apanhar da vida, ele se agarrou ao Único capaz de lhe conceder as vantagens certas para mudar o rumo de sua história, ainda que para isso precisasse, por um tempo, viver em condições piores do que as de um cachorro. Foi justamente nesse contexto que ele foi honrado.

Desprezado pela própria mãe
“Eu nunca fui um filho desejado. Minha mãe me dizia que tomou todo tipo de chá e remédio para abortar, mas que eu era ruim até para morrer. Como o aborto não aconteceu, nasceu um ódio profundo nela. Ela parecia sentir prazer em me fazer sofrer, a ponto de eu evitar ficar perto dela para não apanhar.
Ela dizia que meus irmãos seriam doutores, mas eu não: eu seria um marginal. Lembro de uma vez em que uma vizinha iria à praia com os filhos, nossos amigos, e eu pedi à minha mãe para ir junto. Ela olhou nos meus olhos e disse: ‘Pode ir. Estou doida para que as ondas do mar te levem para as profundezas do inferno’. Tudo que eu queria era que ela me amasse. Eu observava como outras mães tratavam seus filhos e os invejava.
Empurrado para as ruas

Minha mãe me colocou em um colégio interno, mas eu apanhava muito lá. Por volta dos 13 anos, fugi e voltei para casa. Só que, como era maltratado por ela, que chegava a me acordar com vassouradas, eu passava mais tempo na rua do que em casa.
Aos 14 anos, comecei a consumir bebidas fortes e a misturá-las com drogas sintéticas, as famosas “bolinhas”, para ficar completamente fora de mim. Cheguei a revendê-las onde morava. Fumei maconha e experimentei tudo que havia na época, como “loló” (lança-perfume). Na fase adulta, veio a cocaína. Na rua, eu parecia alegre e sorria para todos, mas, por dentro, carregava uma tristeza profunda, um buraco na alma.
Drogado e pai de três filhos
Aos 27 anos, conheci uma pessoa, começamos a viver juntos e tivemos três filhos. No início, tudo parecia bem, um relacionamento tranquilo, mas, quando a cocaína me dominou, perdi meus valores. A droga rouba nossa identidade, destrói quem você é e eu me tornei um problema.
Fiquei paranoico, com medo de tudo, completamente escravo da cocaína. Minha única alegria era quando cheirava. Tentei de tudo para me livrar, fui internado em uma clínica de recuperação, mas nada funcionou. Até que minha companheira, mãe dos meus três filhos, não aguentou mais. Foi embora e me deixou com as crianças. O mais novo tinha apenas sete meses.
Melhor do que o amor de mãe
“O amor de Deus é mais forte que qualquer exemplo de laço afetivo que conhecemos. Por isso, Ele ressalta que uma mãe tem tanta compaixão e ternura que, diante do mínimo esboço de sofrimento do seu bebê, ela se mobiliza para ampará-lo. Mas a natureza humana é falha, e mesmo as mães, que são exemplos de amor, podem se descuidar ou serem cruéis com os seus filhos. O Altíssimo, porém, tem uma natureza perfeita, que O impede de falhar ou de ser injusto. Dessa forma, Ele garante que jamais Se esquece ou abandona os Seus filhos.”
Comentário do Bispo Edir Macedo, contido na Bíblia Sagrada com suas anotações de fé, referente ao versículo de Isaías 49:15.
Jurado de morte

Um dia, no condomínio onde eu morava, deixei meus três filhos brincando na praça e fui beber no bar em frente. Dois conhecidos começaram a discutir, a briga virou ameaça de morte e consegui separá-los. Um deles bateu com o cabo de uma escopeta no meu peito e perguntou se eu era amigo dele ou do outro. Respondi que só estava separando a briga, peguei meus filhos e fui para casa. Meia hora depois, um deles matou o outro. A família do que morreu achou que eu estava envolvido e enviou dois grupos de extermínio para me matar. Sempre havia um carro com homens em frente ao condomínio me esperando para me executar.
Fugitivo
Fiquei dez dias recluso em casa, mas minha irmã conseguiu me tirar de lá e entregar meus filhos para minha ex-sogra. Enquanto isso, eu vivia de casa em casa. Minha maior luta era provar que só tentei separar uma briga, mas não consegui. Tive que fugir para não morrer e a família do rapaz que foi morto vendeu tudo e se mudou. Eu queria provar minha inocência, mas não havia como. Depois de um ano assim, fui com meus filhos para Minas Gerais, mas lá as dificuldades continuaram. Para piorar, numa cidade pequena, surgiu um boato de que eu tinha matado alguém. Passei fome com meus filhos e, em um domingo em que não havia nada para comer, peguei a única coisa que eu tinha – uma TV –, fui à praça e a vendi. Com o dinheiro, comprei sanduíches e passagens de ônibus. Assim, voltamos para o Rio de Janeiro.
À beira da loucura

De volta ao Rio, pedi a um amigo que levasse meus filhos até minha ex-sogra. Fiquei na rodoviária, acreditando que, no meio de tanta gente, ninguém me mataria. Não podia ir para a casa do meu pai, da minha mãe ou dos meus irmãos. Eu estava à beira da loucura. Foi então que encontrei o contato de um amigo de infância. Liguei várias vezes até que, um dia, ele atendeu. Ele trabalhava na prefeitura, justamente no serviço que recolhia pessoas em situação de rua, veio ao meu encontro e me levou para a sua casa. Eu estava tão apavorado que fui deitado no assoalho da Kombi. Ao chegar lá, só pedia para a esposa dele fechar todas as janelas e portas. Vendo meu estado, ele disse: ‘Vá a uma igreja. Tem uma Universal aqui perto’. Eu já tinha uma irmã que orava por mim e, apesar de ter ido algumas vezes, nunca me firmava. Então, eu fui. O filho dele, um menino de 12 anos, me pegou pela mão e me levou – eu, homem feito, estava com medo de ficar sozinho.
Melhor do que um cachorro caramelo
Eu já tinha me batizado nas águas, quando não pude mais ficar na casa onde estava. Restavam apenas duas trocas de roupa (uma no corpo, outra numa bolsa de papel) e um tênis furado. Procurei um colega que tinha uma metalúrgica e pedi emprego a ele. Perto do galpão havia uma Universal. Então, pedi também para dormir ali e ele respondeu: ‘Você caiu do céu! Eu estava pensando em colocar um cachorro aqui para tomar conta do galpão’. Eu disse a ele: ‘Não! Eu já perdi tudo na vida: liberdade, saúde, família… tudo. Não vou perder para esse caramelo, não! Vou ficar aqui’. Aceitei dormir no chão pelo fato de a Universal ser ali perto. Eu já não tinha mais vontade de usar drogas, minha aparência estava melhor e eu queria continuar indo à Igreja. Eu pensava: ‘Deus já me tirou dos vícios, algo que nem a internação conseguiu. Ele vai me tirar daqui também e me dar uma nova vida’.
Oportunidade para todos
“Ninguém está negando que existe injustiça, desigualdade e circunstâncias que mudam a vida de uma pessoa. Mas, apesar disso, há algo que supera tudo: tempo e oportunidade. Todos têm 24 horas por dia. Ninguém pode reclamar que tem mais ou menos tempo. As oportunidades também ocorrem para todos. Elas passam por nós, mas, muitas vezes, vêm vestidas de trabalho duro. Quando você ouve a Palavra de Deus, essa é uma oportunidade. Aproxime-se d’Ele. Ele vai ensinar você a usar o seu tempo e a reconhecer as oportunidades quando elas chegarem.”
Bispo Renato Cardoso, no programa Inteligência e Fé.
A necessidade que valia a pena suprir
Eu via algo diferente no olhar dos obreiros. Um brilho nas pessoas que buscavam a Deus e desejava ser como elas. Então, veio a Fogueira Santa.
Naquela época, eu precisava comprar roupas para trabalhar, pois as que eu tinha estavam sujas e rasgadas. Além disso, minha ex-sogra me ligava pressionando para enviar dinheiro para a comida das crianças. Eu pensei: ‘Se eu comprar roupas, amanhã acabam. Se eu mandar dinheiro, meus filhos vão comer, mas daqui a pouco acaba também. Não é muita coisa. Vou fazer esse desafio. Quero conhecer esse Deus de que todos falam’.
O vazio dentro de mim era tão grande que eu não pedia uma casa nem pedia bens. Eu só pedia o Espírito Santo.

Deus não teve outra opção
Dormi no chão daquele galpão por quase um ano. Foi ali que me esvaziei e percebi que eu não era nada. Ali saíram de mim o orgulho, a prepotência e entendi que dependia totalmente de Deus – o Único que podia fazer algo por mim. Comecei a buscar o Espírito Santo com toda a força. À noite, naquele galpão escuro, eu clamava para que Ele me enchesse e me completasse. Eu pensava: ‘Não vou dar oportunidade para que Deus não me responda’.
Então, ali, buscando sem parar, Deus me batizou com o Espírito d’Ele. Acabaram o complexo e a tristeza e recebi alegria e força. Aquele homem que se sentia um nada começou a se sentir gente. Ali tive a certeza: Deus estava comigo. E fui em frente.
O maior bem
“Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a” (Mateus 13:44-46).
“[…] Por meio dessas duas parábolas, o Senhor Jesus ressaltou o valor imensurável do Reino dos Céus […]. Isso significa que quando uma pessoa ouve falar da salvação, que é a maior riqueza que pode existir, ela abre mão de tudo em que tem colocado o seu coração para conquistar esse bem maior.”
Comentário do Bispo Edir Macedo, contido na Bíblia Sagrada com suas anotações de fé.
Nova mãe
Quando somos batizados com o Espírito Santo, nasce imediatamente o amor d’Ele. Então, voltei ao lugar onde morava, sem medo de que alguém me fizesse mal. Fui à casa da minha mãe, falei de Jesus para ela e ela se converteu.
A partir daquele dia, ela se tornou a melhor mãe do mundo para mim. Ela fazia todas as comidinhas de que eu gostava e me ligava dizendo: ‘Ronaldo, vou preparar isso no domingo’. Foram três anos com ela. Depois, ela faleceu, mas faleceu com Jesus.
Vida completa
Eu já era obreiro quando conheci uma obreira. Nos casamos e hoje posso dizer que sou completo. Podem vir lutas, terremotos e tempestades, mas continuo sorrindo. Durmo e acordo alegre e em casa há paz.
Outro dia, para a glória de Deus, eu estava em Paris, na França, com minha esposa, brincando na neve, diante da Torre Eiffel e, naquele momento, Deus me fez lembrar do galpão e do papelão onde eu dormia.
As pessoas não imaginam até onde Deus pode levar alguém – e eu também nunca poderia imaginar. Já fui a Israel, hoje moro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e tenho uma vida abençoada, graças a Deus. Estou com 72 anos e, daqui a pouco Jesus me leva, mas deixo tudo de lado, porque o Altar é a minha prioridade.”

O perdão cura
Quem reconhece a grandeza do perdão que recebeu do Senhor Jesus é capaz de perdoar até as maiores ofensas. O perdão abre portas para um recomeço e produz a verdadeira transformação. A alma ferida de uma mãe pode machucar seu filho, mas a alma restaurada desse filho pode se tornar instrumento de cura para ela, porque ele testemunhou, na própria vida, o que o Senhor Jesus é capaz de fazer.
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